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Crítica | Resident Evil 6: O Capítulo Final

por Guilherme Coral
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estrelas 1,5

  • Leiam aqui nossas críticas dos filmes anteriores

A jornada de Alice (Milla Jovovich) certamente foi longa – desde 2002, com O Hóspede Maldito, a quase super-heroína combate os zumbis criados pelo T-Vírus da corporação Umbrella, passando por diferentes cenários, que vão desde um complexo subterrâneo, passando por um deserto, até cidades devastadas. Eis que, enfim, chegamos a Resident Evil 6: O Capítulo Final, que promete finalizar essa saga idealizada por Paul W.S. Anderson, que de adaptação da série de videogames só tem praticamente o título. Como todo bom desfecho de história, vemos alguns elementos de sua introdução retornando, o problema é que os inúmeros deslizes da franquia também retornam, fazendo deste um final que passa longe da chave de ouro.

Como sempre, a trama gira em torno de Alice, pouco depois dos eventos de Retribuição. Após um breve resumo sobre a história até aqui, que dispensa totalmente a necessidade de se ter assistido outro longa-metragem da série, a encontramos nas ruínas de Washington, lutando para sobreviver após ter perdido todos os seus amigos para a Umbrella. É lá que a protagonista é contactada pela Rainha Vermelha, a inteligência artificial que administra parte da companhia do mal – segundo ela, existe uma cura escondida na Colmeia, abaixo de Raccoon City e cabe a Alice viajar até o epicentro dessa crise para acabar com essa praga que assola a humanidade.

Para aqueles que apreciam os filmes da franquia, esse certamente trará uma alta dose de nostalgia, visto que inúmeros elementos dos dois primeiros filmes são trazidos de volta, confesso que mesmo não gostando das obras, eu mesmo me vi esboçando um sorriso com alguns desses – Paul W.S. Anderson, que também assina o roteiro, definitivamente acertou ao criar esse elo entre o passado e o presente. É criada assim uma inegável coesão que torna desse um espelho do longa-metragem de abertura, com um reflexo distorcido, é claro, visto que tudo decaiu no mundo inteiro desde então.

O grande problema é que a dita cura surge de uma hora para a outra e soa apenas como um artifício do roteiro para finalizar a saga. A impressão que temos é que ela foi criada de última hora justamente agora. O pior é que o macguffin da obra é tão mal introduzido que nos faz perguntar por que raios ele não fora trazido à tona antes? Dessa forma, passamos a questionar a necessidade dos quatro filmes do meio para chegarmos até a esse ponto, já que tudo poderia ter sido resolvido facilmente em O Hóspede Maldito se simplesmente houvessem inserido tal informação naquele filme.

O roteiro, porém, é o menor dos deslizes de O Capítulo Final, já que, mesmo sendo bastante raso e repleto de cenas de ação que, de fato, em nada acrescentam, poderíamos aproveitar essa aventura como uma forma de entretenimento descerebrado. O que nos afasta dessa possibilidade é o excesso de cortes, que nos leva a um filme com planos que duram no máximo até dois segundos em sua maioria. Chega ao absurdo que mesmo em sequências mais paradas temos essa característica – a cada vez que piscamos estamos diante de um novo quadro. Isso, além de ser cansativo aos olhos, nos impede que entendamos as cenas mais agitadas, ao ponto que não sabemos ao certo quem está morrendo, quem levou tal golpe ou tiro, nos fazendo torcer para que tudo se acalme novamente. O 3D, completamente desnecessário, consegue piorar tudo isso, tornando a projeção muito escura, dificultando ainda mais nossa experiência.

Mesmo aquele que conseguir driblar tais questões com muita força de vontade, muito provavelmente sairá decepcionado pelas fáceis soluções apresentadas pelo teto. Como sempre, Alice consegue se livrar de toda e qualquer situação através de suas habilidades infinitas e Jovovich continua com o carisma de uma porta, nos dando a impressão de que a atriz realmente está mais do que cansada desse papel e o mesmo vale para todos aqueles que dividem a tela com ela. O único que consegue se destacar um pouco é Iain Glen, como o Dr. Isaacs, apesar de sua atuação exageradamente dramática, que só é prejudicada pelos inúmeros e desnecessários plot-twists, alguns dos quais duram menos que um minuto e não afetam a trama de maneira alguma e nem comentarei sobre o destino de Albert Wesker nesse filme, porque é desgosto demais para uma pessoa só definir em palavras.

Felizmente, nem tudo é completamente descartável nesse filme, temos aqui um ótimo design de produção, ainda que muito tenha sido feito em computação gráfica. Alguns desses elementos, inclusive, nos remetem a Aliens: O Resgate e toda a atmosfera de Raccoon City consegue se manter ameaçadora mesmo todos esses anos depois dos dois primeiros filmes. Bem ou mal, acabamos sentindo um vínculo com essa cidade devastada, seja pelas nossas memórias dos ótimos games, ou pela nostalgia provocada por esse retorno às origens. Por outro lado, muitas das criaturas parecem apenas massas disformes, à exceção de um ser particular, voador, que aparece nos minutos iniciais da projeção. Existia a oportunidade de terem trazido muitas criaturas dos jogos (Del Lago, estou olhando para você), mas foi tudo desperdiçado.

Dito isso, Resident Evil 6: O Capítulo Final, consegue, sim, encerrar essa longa saga de Alice, apostando fortemente na nostalgia. O grande problema é tudo que rodeia essa noção, desde o próprio roteiro, até seus frenéticos cortes, que tornam essa uma experiência cansativa, que nos faz questionar a necessidade dessa franquia ter sido tão longa. Temos aqui uma obra que não foge  do padrão de qualidade (ou falta dela) estabelecida pelos seus antecessores e, se você não espera mais que isso, pode ir sem medo – mas, se deseja pela salvação dessa livre adaptação dos games, é melhor se ater ao material base.

Resident Evil 6: O Capítulo Final (Resident Evil: The Final Chapter) — França/ Alemanha/ Canadá/ Austrália, 2016
Direção:
 Paul W.S. Anderson
Roteiro: Paul W.S. Anderson
Elenco: Milla Jovovich, Iain Glen, Ali Larter, Shawn Roberts,  Eoin Macken, Fraser James,  Ruby Rose, William Levy, Rola
Duração: 106 min.

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