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Crítica | Revenge of the Apes

por Guilherme Coral
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estrelas 2

O crash dos videogames de 1983, grande recessão da indústria, que, por pouco, não acabou completamente com os jogos eletrônicos, acabou rendendo alguns interessantes fatos, como o lendário caso dos cartuchos de Atari 2600 enterrados no Novo México. No meio desses acontecimentos, tivemos o desaparecimento do game baseado em O Planeta dos Macacos, desenvolvido por John Marvin, que trabalhava, na época, para a 20th Century Fox. Pouco antes do crash, Marvin acabou saindo da empresa e o desenvolvimento do game foi interrompido e abandonado por completo quando a Fox fechou as portas de sua divisão de games.

Anos se passaram e o jogo esquecido fora perdido, até que, nos anos 1990, colecionadores encontraram um cartucho do game dentro da capa de outro jogo abandonado da Fox, Alligator People. Infelizmente, eles não perceberam que o game em si não correspondia à capa e somente em 2002 conseguiram determinar que a obra era, de fato, Planeta dos Macacos. Dito isso, os desenvolvedores independentes da Retrodesign decidiram terminar o trabalho de John Marvin, acrescentando uma fase final e, enfim, lançando a obra completa em 2003, com o título Revenge of the Apes (Vingança dos Macacos, em tradução livre).

Como é o caso de muitos games por aí – vide a lendária odisseia de Duke Nukem Forever –, a qualidade do jogo em si muitas vezes não corresponde à sua interessante história e isso pode ser dito de Revenge of the Apes, que, mesmo se levarmos em conta as limitações do Atari 2600, não justificam a pobreza da obra. Mas, antes de entrarmos nas qualidades e defeitos, falemos primeiro do objetivo do jogo. Nele, controlamos George Taylor (por mera suposição, claro, já que não há qualquer texto de introdução ou cutscene) e devemos percorrer todas as fases evitando contato com os símios que percorrem a tela da direita para a esquerda. Divididos por cores, cada um desses inimigos trazem consigo efeitos diferenciados: os chimpanzés são inofensivos, os orangotangos causam dano e aprisionam Taylor, enquanto os gorilas causam ainda mais dano, além de, também, levarem o protagonista para a prisão.

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Dito isso, todos os cenários, sem exceção, devem ser vencidos simplesmente cruzando a tela de cima para baixo, sem cair em poços de areia movediça (ao menos é o que acredito que sejam) e, claro, não morrendo pela ação dos símios. O grande problema é que Revenge of the Apes não traz o menor grau de dificuldade. Algumas das fases simplesmente não contam com nenhum inimigo, enquanto outras podemos simplesmente segurar o direcional para baixo e pronto. Os engajantes e muitas vezes irritantes desafios dos games de outrora são inexistentes aqui, fazendo dessa uma experiência para lá de casual, que não oferece absolutamente nada que já não tenhamos visto anteriormente.

Evidente que julgar os gráficos do game dentro dos padrões atuais seria, no mínimo, uma injustiça, sem falar em anacronismo. Assim, no departamento visual, a obra cumpre seu papel, diferenciando cada um dos inimigos pela cor e deixando bem claro, desde cedo, no que podemos ou não encostar. Claro que tudo deve ser aprendido na base da tentativa e erro, mas alguns segundos já são suficientes para entendermos por completo o game. Curiosamente, alguns aspectos do gameplay são completamente dispensáveis, mas tornam o jogo ainda mais fácil, como a possibilidade de Taylor atirar, algo que claramente poderia ter ficado de fora.

Tais aspectos fazem de Revenge of the Apes um game dispensável pela experiência em si, mas imprescindível em razão de sua fascinante história, uma das muitas relacionadas ao crash dos videogames de 1983, que certamente afetou, também, a qualidade da obra em questão. Trata-se praticamente de um documento histórico, um dos poucos exemplares da época que a Fox fazia jogos e, curiosamente, um dos únicos (são apenas dois) jogos dessa longeva e imperdível franquia cinematográfica.

Revenge of the Apes
Desenvolvedor: 20th Century FoxRetrodesign
Lançamento: 2003
Gênero: Ação, aventura
Disponível para: Atari 2600

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