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Crítica | Rush – No Limite da Emoção

por Ritter Fan
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estrelas 4

Ron Howard tem vários defeitos como diretor, mas um deles, definitivamente, não é uma inabilidade ao lidar com biografias. Afinal de contas, eles já nos brindou com Apollo 13, Uma Mente Brilhante, A Luta Pela Esperança, Frost/Nixon, todos ótimos exemplos de como trabalhar fatos no meio cinematográfico. Rush é mais um de seu esforço nessa linha, tratando, dessa vez, da histórica rivalidade entre o metódico piloto austríaco de F1 Niki Lauda e o impulsivo piloto britânico James Hunt.

Lauda é vivido magnificamente pelo catalão Daniel Brühl, que, tendo Lauda como modelo vivo para se espelhar e usado de toda sua habilidade, conseguiu literalmente encarnar o piloto em todas as suas características marcantes: seriedade, profissionalismo e retidão. A narrativa parte de Lauda, mas Howard, baseando-se em roteiro de Peter Morgan (Frost/Nixon) consegue encontrar o balanço exato entre a vida deles, mostrando suas origens conflitantes e opostas, a origem de sua rivalidade e, claro, seu auge. O filme é tanto a história de um quanto de outro, ainda que, naturalmente, as agruras vividas por Lauda acabem nos fazendo olhar de forma mais atenta para ele.

Chris Hemsworth, apesar de fazer um papel que parece ter sido literalmente criado para ele (não só James Hunt se parece com ele como a imagem de bonachão irresponsável combina bem com o jeito do ator) e ele também se sai muito bem. Hunt é o oposto de Lauda. Além de ser um homem adorado pelas mulheres, coisa que Lauda passa longe de ser, Hunt é instinto onde Lauda é técnica, é paixão onde Lauda é frieza. Esses opostos acabam se atraindo magnificamente na tela, criando tensão palpável tanto nas corridas quanto fora delas.

É o efêmero (para quem conhece a história) embate de gigantes vistos sob a lente inteligente de Howard, que consegue trabalhar situações constrangedoramente sem ação de maneira tensa, como, por exemplo, a última corrida do campeonato. Da mesma maneira, a inserção de “liberdades poéticas” com a biografia de cada um pelo roteirista — mas sem nunca exagerar ou criar fatos completamente novos, divorciados da realidade — funciona bem para impulsionar a história.

No entanto, é engraçado notar que as características pessoais de cada um dos pilotos é que, de certa forma, acabam por causar certa estranheza na narrativa. Eles poderiam ser facilmente vistos, se estivéssemos falando de uma obra original, não baseada em biografias, que eles são rasos e unilaterais, sem quaisquer nuances de personalidade. Além disso, a oposição das personalidades é tão absoluta que, por vezes, parece que estamos assistindo a um filme daqueles de “dupla de policiais” que um odeia o outro no começo, mas que acabam formando laços de amizade. Tudo soa muito artificial, se não fosse uma biografia que, reza a lenda, reflete bem a vida de cada um desses pilotos. Talvez tenham faltado subtextos políticos e comentários ácidos do outro embate histórico escrito por Morgan, entre o presidente americano Richard Nixon e o repórter David Frost.

Mas a atuação de Brühl (e até a de Hemsworth) e a qualidade da direção de Howard acabam, de certa forma, compensando esse “problema” e o resultado final é um filme emocionante que conta, de forma muito eficiente, essa fantástica rivalidade e a incrível luta de Lauda por sua vida.

Rush – No Limite da Emoção (Rush) – EUA, Alemanha, UK, 2013
Direção: Ron Howard
Roteiro: Peter Morgan
Elenco: Daniel Brühl, Chris Hemsworth, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara, Pierfrancesco Favino, David Calder, Natalie Dormer, Stephen Mangan, Christian McKay
Duração: 123 min.

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