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Crítica | Science of Star Wars

por Pedro Cunha
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Star Wars e ciência sempre foram duas coisas que não tiveram a fama de caminhar juntas. Isso devido à falta de preocupação da saga em ser fiel ao conceitos aplicados no nosso universo. Na franquia, as naves fazem barulho no vácuo do espaço, a viagem em velocidade da luz deles é muito mais rápida do que a nossa e muitos outros fatores contribuíram para vermos a inimizade do conto de George Lucas com o estudo dos fenômenos da natureza.

Isso até que o documentário Science of Star Wars resolveu provar que ciência e a galáxia muito distante têm sim suas semelhanças. Dirigido por Pierre de Lespinois e com roteiro de Peter Zinn, a série se divide em três partes, cada uma com contados 50 minutos de duração. Todos os três episódios têm a participação de Anthony Daniels, a voz e corpo de C3P0, como anfitrião. É claro que ele não narra todo o filme – isso seria um tanto quanto insuportável –  e para conduzir a trama o diretor usa a voz de Peter Crabee.

O primeiro episódio foca sua narrativa em robôs inventados por homens. Nele vemos pessoas como Nic Hoza, um menino que, assim como Anakin, começou muito cedo sua jornada como construtor de máquinas. No tempo que aparece na trama, vemos que ele está se preparando para um concurso que proporcionará uma projeção maior para suas invenções.

Também vemos a história de Cameron, um menino que sofreu um acidente e perdeu parte do seu corpo. O documentário faz a ligação do menino com o icônico personagem Darth Vader. Embora esse paralelo seja um pouco assustador, a forma pela qual o narrador conta os fatos que estão em tela é tão leve que faz uma comparação de um homem com um mestre do mal parecer algo trivial.

Star Wars tornou-se inspiração para o Dr. Koichi Osuka, que, após testemunhar um grave acidente, decidiu criar um robô resgatador de pessoas em locais de difícil acesso. O documentário nos mostra também uma máquina que tem sua principal função cuidar de pessoas idosas. O diferente é que ela vem equipada com uma série de piadas, fazendo que o espectador faça uma rápida comparação com o “humor” de C3P0.

A parte dois, intitulada Cowboys do Espaço, narra a aventura de algumas pessoas que, assim como a Rebelião, usam de coisas velhas, e muitas vezes até lixo, para criar suas armas. E já que estamos falando de cowboys, o roteiro aproveita para mostrar um pouco dos nossos veículos inspirados na saga. Na parte da sucata conhecemos Will MacPherson, um homem que é um verdadeiro mecânico de ferro velho. Ele criou um veículo que é a junção do speeder da Rey, com o pod que Anakin usa para ganhar a corrida em Tatooine. Will ainda fala que um dia irá construir uma Millenium Falcon em tamanho real. Que coragem!

O documentário também mostra um veículo da Toyota que tem um design muito parecido com tudo aquilo que já vimos na Saga, e ainda tem uma locomoção em 360 graus muito parecida com a de R2d2. No segundo episódio, temos a participação de Elon Musk, um empreendedor de muito sucesso que investe em missões espaciais privadas. A nave que vemos em desenvolvimento na trama é chamada de Falcon, alguma coincidência? A trama mostra a invenção de Harry Falk, o homem está desenvolvendo uma espécie de jetpack gigante. Infelizmente, o avanço da pesquisa de Falk ainda é muito pequeno, porém o sonho de voar em um jetpack igual os Corelianos ainda é algo viável.

A terceira parte mostra um pouco dos avanços que Star Wars inspirou em armas e guerras. Mostrando alguns robôs que são utilizados no campo de batalha, salvando vidas e explorando terrenos. Também vemos drones que conseguem alcançar locais onde ninguém pode ir, sendo utilizados para espionagem e para a captura de alvos. Em geral, essa parte da trama é algo que causa muito desconforto. Ver armas de destruição sendo exaltadas e colocadas do lado de máquinas criadas para a ficção é amedrontador. É claro que isso é inevitável, da mesma forma que a franquia inspira para o bem, também é visado para o “mal”. O que causa essa sensação de incômodo é ver o narrador comentando coisas como “dois laser da destruição” com tanto entusiasmo.

A parte três destaca os aspectos místicos da saga. A Força é colocada em nosso mundo, sendo demostrada pelos monges guerreiros Shaolin. Os editores fazem uma montagem muito interessante de cenas, misturando as lutas com sabres de luz, com os movimentos dos monges. Fora isso, toda essa parte mística do documentário não é algo que mereça muito destaque. O único fato digno de nota é ver o próprio criador George Lucas comentando sobre um dos aspectos mais profundos de sua obra, a Força.

No final, Science of Star Wars é um documentário sobre a saga diferente do convencional, que não se prende à obra cinematográfica nem às suas dificuldades de produção. Aqui, vemos uma narrativa que se esforça em mostrar as influências da série no nosso mundo. Peter Zinn escreve um roteiro que se divide em relatos dos entrevistados e de falas dos personagens do filme, alternando tanto que, o que era para ser algo interessante, no final a comparação acaba se desgastando.

O documentário é muito ciclotímico. Vemos momentos que o roteiro preza em dar detalhes do que está sendo mostrado, transformando o longa em algo educativo. Todavia o documentário parece não ter coragem de se assumir nesse gênero e, depois de presenciarmos isso, acompanhamos uma narrativa pífia e sem detalhes sobre outra máquina. Tudo deveria ter o mesmo alinhamento de roteiro, e Peter falha muito nesse aspecto.

Se você quer ver um documentário sobre Star Wars visando entender melhor a Saga e seus mistérios, não veja esta obra, pois o foco do longa não é tratar desses aspectos. O filme de Pierre de Lespinois usa a galáxia muito distante como um tapa buraco, pois sua narrativa podia muito bem se desenvolver sem o nome Star Wars no título.

Science of Star Wars, EUA 2005
Direção: Pierre de Lespinois
Roteiro: Peter Zinn
Narração: Peter Crabee
Duração: 3 episódios de 50 minutos.

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