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Crítica | Sociedade dos Poetas Mortos

por Melissa Andrade
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When you read,
Don’t just consider
What the author thinks,
Consider what you think…

Já pararam para pensar quem é de fato que nos molda para a vida? Nossos pais são a resposta mais óbvia, parentes no geral, que são aqueles com os quais convivemos por grande parte de nossas vidas e estão sempre a postos para nos ensinar alguma coisa, seja ela útil como algum valor e/ou princípio, ou algo bobo, tipo arrotar o alfabeto.

Costumamos aprender mesmo com exemplos, é mais fácil compreender o certo ou errado dessa forma. E um lugar de muitos exemplos é a escola. Um lugar só nosso, longe do crivo de nossos pais, onde temos a liberdade de descobrir quem somos realmente, de abrir as asas, conhecer outras pessoas, dividir experiências, aprontar, levar bronca e começar a entender qual o nosso lugar no mundo. Ter a primeira noção de responsabilidade e prazos, que muitos não cumpriam (oi!) para entregar os deveres de casa, trabalhos e afins. Por algum tempo, a escola é nossa segunda casa. São os professores os grandes responsáveis por nos ensinar além das matérias básicas, lições que certamente carregaremos para o resto da vida.

Em Sociedade dos Poetas Mortos, John Keating, lindamente interpretado por Robin Williams que estava no auge de sua carreira na década de 80, não somente ensina a esse grupo de garotos a ler e amar poesia, como também os ensina a terem confiança em si mesmo e a encontrar sua própria voz, em uma escola onde médicos, banqueiros e advogados são produzidos em massa. Por conta disso, eles se acostumaram aos quatro pilares da Academia Welton, honra, tradição, excelência e disciplina, e procuram apenas se adequar aos demais e não se destacar da multidão, afinal, o corpo docente não tem interesse em formar alunos com opinião, já que os pais pagam pelo contrário.

You must trust that your beliefs are unique, your own, even though others may think them odd or unpopular.

E é justamente com a chegada do novo professor que um horizonte de possibilidades se abre diante dessas mentes barulhentas, que há muito estavam em completo silêncio. Os personagens são bem definidos e caracterizados, para que de alguma forma nos identifiquemos com algum de seus anseios. Temos o transgressor, Dalton (Hansen) que é o piadista do grupo, aquele sempre apto a tirar risadas de alguém, zoar um amigo, mas que é igualmente companheiro e solícito. O gênio, Meeks (Ruggiero) é o calado, com as notas mais altas, que está sempre disposto a ajudar o colega a melhorar seu desempenho. O enamorado, Overstreet (Charles) que está sempre na cola do transgressor, mas aos poucos, aprende a agir e pensar por si mesmo. O novato, Anderson (Hawke) um garoto tímido que teme viver para sempre a sombra de seu famoso irmão que estudou na mesma escola. O medroso, Cameron (Kussman) o famoso puxa-saco dos professores e que nunca quer ficar mal diante deles. E finalmente, o líder Neil (Leonard) a quem Keating teve a maior influência, fazendo-o largar a máscara de bom moço diante de todos e assumir quem realmente é, e o que ele quer fazer, ao invés de apenas aceitar um destino imposto por seu pai.

Ao desafiarem seus pais e professores para enfim descobrirem quem são de verdade, eles estão fazendo muito mais do que apenas se rebelar contra um sistema autoritário e rígido, estão encontrando suas vozes e desejos. Afinal, todos precisam ter uma voz própria e nadar contra a maré ao invés de só boiar e se deixar levar pelas ondas. E nisso, esse filme é atemporal, pois ensina através de poemas de autores famosos a encontrarmos quem somos dentro de nós, antes mesmo que tenhamos coragem de nos mostrar ao mundo. E quem melhor para nos ensinar isso do que um professor?

You must strive to find your own voice. Because the longer you wait to begin, the less likely you are to find it at all.

Sociedade dos Poetas Mortos (EUA – 1990)
Direção: Peter Weir
Roteiro: Tom Schulman
Elenco: Robin Williams, Robert Sean Leonard, Ethan Hawke, Josh Charles, Gale Hansen, Dylan Kussman, Allelon Ruggiero, James Waterston, Norman Lloyd e Kurtwood Smith
Duração: 128 min.

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