Home TVEpisódio Crítica | Star Trek: Discovery – 1X07: Magic to Make the Sanest Man Go Mad

Crítica | Star Trek: Discovery – 1X07: Magic to Make the Sanest Man Go Mad

por Guilherme Coral
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– Contém spoilers do episódio. Leiam nossas críticas dos filmes e séries de Star Trekaqui.

Ao introduzir Harry Mudd, dessa vez interpretado pelo eterno Dwight, de The Office, Rainn WilsonDiscovery demonstrou de uma vez por todas que não está tão distante assim dos eventos da série original. O fato de Gabriel Lorca ter deixado o vigarista na nave klingon ainda nos deixou curiosos acerca de como Mudd escaparia de seu confinamento, já que ele precisaria sair dali para, futuramente, atazanar a tripulação da Enterprise. Magic to Make the Sanest Man Go Mad vem para sanar essa dúvida, configurando-se como o capítulo mais próximo da estrutura narrativa clássica de Star Trek até então.

Iniciado com narração em off de Michael, a obra evidentemente traça o paralelo entre seu diário pessoal e o diário do capitão, que escutávamos sempre ao início (e muitas vezes após os intervalos comerciais) da série original. Além disso, claro, o recurso nos aproxima de Burnham para o necessário desenvolvimento da protagonista existente aqui, intercalado com as sucessivas tentativas de impedir Mudd de roubar a Discovery e entregá-la para os klingons. Brincando com a estrutura procedural de outrora, enquanto perfeitamente se encaixa com o que vem sido exibido nessa temporada, o episódio impressiona pela forma como dosa o foco na problemática central e na interação entre os personagens.

Digo isso, pois nenhum diálogo ou encontro entre dois indivíduos aqui soa desconexo da trama principal. Tudo funciona como passo adiante na busca pela solução do problema, enquanto que relacionamentos são aprofundados – tanto o de Michael com Ash, quanto o da protagonista com Paul Stamets, consideravelmente mais animado após sua fusão com DNA do tardígrado. Mesmo com os constantes loop temporais, sentimos como se a evolução dessas relações não fosse dispensável, já que Stamets atua ele próprio como um diário, lembrando/ revelando o que acontecei em loops anteriores.

Discovery, portanto, poderia muito bem ter gastado um episódio unicamente para fazer Michael se apaixonar por Ash e vice-versa, mas prefere relegar esse ponto a segundo plano, permitindo apenas que ele seja desenvolvido de mãos dadas com a trama principal, não caindo nas velhas subtramas novelescas tão comuns em séries por aí. Em toda essa construção é preciso reconhecer o trabalho de Anthony Rapp, que consegue nos convencer de que viveu tudo aquilo repetidas vezes, não somente pelos diálogos, mas pela própria linguagem corporal e olhar, que transmitem seu cansaço.

Claro que não posso deixar de, ao menos, citar o aspecto da ficção científica em si, as viagens no tempo causadas pelo cristal na nave e pulso de Mudd. Ainda que a Enterprise já tenha viajado no tempo algumas vezes (vide o icônico capítulo de encerramento da segunda temporada, Assignment: Earth), pessoalmente não tenho recordações da aparição prévia de um cristal desses, o que, de fato, não atrapalha a linha temporal, já que o de Mudd é destruído ao término do episódio. O que merece nossa atenção é como, desde cedo, temos a impressão de que nem tudo está seguindo da maneira como deveria, com mudanças a cada loop, antes mesmo de aprendermos sobre a situação de Stamets.

Fora isso, o roteiro de Aron Eli Coleite e Jesse Alexander, aliado da competente montagem de Andrew Coutts, impede que tenhamos noção de quantos loops se passaram e quantos pulamos entre um e outro, dando a ideia de que a nave está presa nesse estado há muito tempo, ponto que aumenta nossa tensão consideravelmente. Temos também, claro, as mortes provocadas pelo antagonista, algumas importantes demais para serem deixadas de lado, o que faz nos perguntar se alguma delas será definitiva ou não ao longo da exibição.

Dessa forma, Star Trek: Discovery faz seu próprio Feitiço do Tempo, em um episódio que mistura desenvolvimento pessoal e das relações entre personagens, enquanto que dá um destino a Harry Mudd, fazendo bom uso da ficção científica para unir todos esses pontos. Com claras referências à estrutura da série original e funcionando perfeitamente por si só, Magic to Make the Sanest Man Go Mad representa o ponto máximo do seriado até então, provando de uma vez por todas a variedade de situações que podem ser enfrentadas pela tripulação da nave.

Star Trek: Discovery – 1X07: Magic to Make the Sanest Man Go Mad — EUA, 29 de outubro de 2017
Showrunners:
 Gretchen J. Berg, Aaron Harberts
Direção: David Barrett
Roteiro: Aron Eli Coleite, Jesse Alexander
Elenco: Sonequa Martin-Green,  Doug Jones, Shazad Latif, Anthony Rapp, Mary Wiseman, Jason Isaacs, Wilson Cruz, Rainn Wilson
Duração: 48 min.

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