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Crítica | Star Wars: Ahsoka, de E. K. Johnston

por Pedro Cunha
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Espaço: Lua de Raada, Mandalore, Tatooine, Alderaan, Thabeska.
Tempo: Primeiro ano do Império Galáctico, dias após a ordem 66.

Star Wars: Uma Nova Esperança foi lançado no ano de 1977, e logo no começo de seus dias o longa já tinha abocanhado uma legião de fãs. A saga se encerrou no ano de 1983, com O Retorno de Jedi. Dezesseis anos depois, George Lucas e sua equipe estavam produzindo uma nova trilogia. Esses longas se passariam antes da já conhecida jornada de Luke Skywalker. A primeira parte dos prequels foi lançada em 1999.

Ao contrário de seus antecessores, esses filmes não foram um grande sucesso de crítica, é óbvio que os longas arrecadaram milhões em bilheteria e mantiveram o amor pela franquia acesa. Porém, muitos que eram apaixonados pelos clássicos, não gostaram dessa nova visão sobre a saga. Mas, um dos materiais que saiu ileso desse turbilhão de ódio foi animação The Clone Wars.

Muitos são os motivos para a série ser amada pela maioria dos fãs; o período que ela se passa, as Guerras Clônicas, é uma época de muito interesse para o fandom, desde que Ben Kenobi disse para Luke que tinha lutado nas famosas guerras. Outro acerto da animação é a expansão que ela traz à todo o universo, vemos mais jedi, planetas e criaturas do que nunca. Todavia, um dos maiores méritos do desenho é: Ahsoka Tano.

A togruta conquistou um espaço no coração de todo o fã da Saga, digo conquistou pois a personagem teve que lutar, literalmente, para ter o amor e respeito do fandom. Como a reação da maioria do público é primeiro odiar e depois amar, Ahsoka sofreu um grande preconceito nos seus primeiros passos como padawan. Seis temporadas se passaram, e a aprendiz de Anakin Skywalker galgou o merecido espaço na galeria de bons personagens de Star Wars.

Muito provavelmente, foi por causa de seu sucesso que a personagem não morreu durante o período das Guerras Clônicas, nem a temida Ordem 66 foi capaz de matar a aprendiz. Ela sobreviveu à tudo isso, e foi acabar aparecendo na recente Star Wars Rebels. No papel de Fulcrum, uma espécie de informante, a togruta deixou, desde sua primeira aparição, uma grande pergunta na cabeça de seus fãs: o que aconteceu com a personagem durante esse período de doze anos? Para responder essa pergunta a Disney lançou o livro Star Wars: Ahsoka, e essa missão ficou nas mãos da escritora E.K Johnston.

Eu cresci vendo The Clone Wars, acompanhei Ahsoka dede de sua primeira missão, até o duro processo de abandono da Ordem Jedi. Acredito que, assim como eu, muitos fãs cresceram junto com Tano. A padawan de Anakin estava em uma posição que toda a criança de 10 anos na época dos prequels gostaria de estar. Todos nós gostaríamos de ser aprendizes de um Skywalker, então a identificação com a personagem era quase que imediata.

Sinto como uma “missão” a tarefa de escrever sobre o primeiro livro de Ahsoka, devido à todo esse enorme público que a tem como personagem favorito. Johnston não devia apenas emular aquilo que já havíamos visto na animação, ela tinha de captar toda a psique da personagem e elevá-los a outro patamar. Deveríamos acompanhar uma Tano madura, que se sente sozinha, mas que nunca abandona sua fé na Força.

E é exatamente isso que a autora faz, logo nas primeiras páginas, o leitor já tem a oportunidade de experimentar a solidão da jedi, vemos que a mulher pensa ser a última de sua ordem, ela não consegue sentir Kenobi, Yoda e principalmente Anakin. Além de vermos sua angústia, percebe-se o amadurecimento da personagem, viver sozinha era algo que Ahsoka não estava acostumada, ela cresceu em um templo lotado de cultistas da Força, então estar sem ninguém adicionou a ela um aprendizado que lhe é muito útil.

A trama do livro se passa em três arcos, no primeiro acompanhamos Tano em uma nova fase de sua vida. Recém chegada na lua agrícola Raada, a ex-Padawan quer viver uma vida simples e pacata, porém parece que os Jedis são imãs de ação. Um tempo depois de sua chegada, vemos que o Império está interessado nas plantações da lua. Todo esse primeiro arco é o mais cansativo do livro, não chegamos a acompanhar uma narrativa massante, muito pelo contrário, tudo passa muito rápido. Porém, o leitor não quer ver a protagonista vivendo na fazenda, e sim quer saber informações relevantes para o universo da franquia e a demora delas causa enfadamento.

A segunda parte mostra Ahsoka deixando Raada depois de alguns problemas, vemos nessa parte um melhor desenvolvimento da personagem. Tano começa a agir como uma espécie de anjo da guarda, levando apoio para aqueles que estão sendo destruídos pelo Império. Com isso, não demorou muito para a padawan ser notada pelos caçadores de jedi, o sétimo irmão dos inquisidores começa uma busca pela menina. Não só os Sith percebem as boas ações da Troguta, Bail Organa, pai de Leia e um dos fundadores da Rebelião, inicia uma busca pela misteriosa Jedi.

O terceiro ato é tão bom que merecia mais algumas páginas, descobrimos de onde vem o sabre de luz branco de Ahsoka, um dos mais bonitos na minha opinião. Johnston também aproveita para explicar como os Sith conquistam seus sabres, alo que ainda não tinha sido estabelecido pelo novo cânone da Disney.

Não é só isso que o livro nos revela, durante toda a narrativa somos munidos de vários flashbacks vividos não só por Tano, vemos Obi-Wan narrando sua aflição, Anakin contando sobre seu primeiro contato com sua futura padawan e muitos outros pequenos trechos que fazem qualquer fã da saga sentir arrepios durante sua leitura.

E. K. Johnston faz boas escolhas para romance, sua escrita é muito dinâmica, o receptor realmente não sente vontade de parar de ler o livro. Mas, o principal mérito da autora é conseguir transmitir o caráter de sua protagonista, para fazer isso, ela constrói muito bem diálogos e situações narrativas. Vemos até um momento que Ahsoka é questionada de onde veio, a escritora faz a escolha perfeita para a resposta, que não falarei aqui, quero que o leitor tenha o mesmo sorriso que tive quando li.

Seu único demérito é ter uma narrativa apressada, Ahsoka é uma personagem que consegue segurar o peso de uma trilogia de livros, não só pelo vasto conteúdo que ainda não tivemos contato, mas também por sua imensa popularidade (seu livro esta em primeiro lugar na lista de mais vendidos do New York Times). Realmente espero que a Disney continue vivendo, revivendo e investindo nessa tão querida personagem.

Star Wars: Ahsoka — EUA 2016
Autor: E.K. Johnston
Publicação original: 2016
Editora original: Disney Lucasfilm Press
Editoras no Brasil:Não lançado no Brasil até a data da publicação do texto
Páginas: 400

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