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Crítica | Star Wars – Cavaleiros da Antiga República: Encruzilhadas / Graduação (#0 a 6)

por Guilherme Coral
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estrelas 4

Espaço: Taris
Tempo: 
3964 anos antes da Batalha de Yavin (a.BY)

Apoiando-se diretamente no estrondoso sucesso do game Knights of the Old Republic, os quadrinhos, que levam o mesmo título, nos oferece um olhar mais aprofundado sobre os eventos que levariam ao jogo. Passado quatro mil anos antes do nascimento de Luke Skywalker e a fundação do Império Galático, Cavaleiros da Antiga República nos coloca em um tempo quando os Jedi ainda eram numerosos, mas enfrentavam diversas ameaças, primeiro os Sith e depois os mandalorianos em uma guerra que dividiu a Ordem pela metade. Se você não experimentou o game original, contudo, não se preocupe, ele não é necessário para o entendimento dessa saga passada há muito, muito, tempo atrás.

kotorq3pcA jornada tem início com o foco em Zayne Carrick, um jovem padawan de habilidades duvidosas que não consegue sequer capturar um bandido comum nas ruas de Taris. Zayne é espirituoso e muito se assemelha ao que vemos no jovem Anakin Skywalker, que age mais por impulso que pela racionalização. O padawan, junto de seus amigos, estava à beira da importante cerimônia de graduação, na qual poderia se tornar um cavaleiro jedi, seu aprendizado da Força, porém, é interrompido quando o jovem se depara com seus colegas mortos pelas mãos de seus Mestres que, então, passam a persegui-lo. A culpa pelo crime é jogada em Carrick não só os jedi, como a República inteira passa a correr atrás dele.

Com esse pretexto somos levados de volta para os longínquos anos que precederam ambas as trilogias passadas nos cinemas. O universo, apesar de elementos em comum com o que conhecemos, é um local completamente diferente, repleto de seres e locais inéditos. O roteiro de John Jackson Miller é eficaz na reutilização de diversas características do jogo desenvolvido pela Bioware, colocando no cenário não só personagens marcantes como o mestre jedi Vandar, como a interessante raça dos Miraluka, seres que enxergam única e exclusivamente através da Força. Outros conceitos, como a divisão dos jedi em guardiões, consulares e sentinelas também estão presentes na narrativa, o que dá um toque maior de coesão nessa parcela do Universo Expandido.

Com explicações aqui e lá através dos muitos diálogos, Miller consegue amarrar esses fatores sem fazer o leitor se perder. As informações apresentadas são assim feitas de forma orgânica e não prejudicam a fluidez da história. Vez ou outra o excesso de balões de fala acaba poluindo os quadros, mas nada gritante, especialmente ao considerarmos que se trata de um arco inicial para uma história muito mais ampla. A introdução do cenário político da galáxia, em segundo plano, é feito de maneira concisa – as citações das guerras mandalorianas são uma constante, mas não pecam pelo exagero e funcionam para deixar uma parcela dos leitores – aqueles que jogaram os games – ansiosos pela aparição ou até mesmo um mencionar de Revan ou Malak, personagens centrais dentro de Knights of the Old Republic. Pensando sobre esse aspecto é interessante como a narrativa parece se distanciar quase que completamente dos filmes originais, algo raro de se ver dentro do Universo Expandido. Aqui tudo referencia a produção da Bioware.

O crime dos Jedi

O crime dos Jedi

Mas os quadrinhos não se limitam a referências e aqui vemos a apresentação dos personagens que iremos acompanhar ao longo dos outros volumes. Similarmente a qualquer outra história de aventura, somos introduzidos um a um aos companheiros de Zarrick, de forma que eles não soam simplesmente jogados dentro do enredo – cada um deles desempenha um papel específico, o que garante a imersão do leitor na história.

O traçado pouco inovador de Brian Ching e Travel Foreman consegue diferenciar bastante cada um dos jogadores principais, mas não chegam a chamar a atenção – cumprem seu papel à risca, tanto nos momentos mais estáticos quanto nos repletos de ação. Temos aqui uma arte mais pasteurizada, que não requer muita contemplação e que faz um uso intenso de cores mais vivas, reduzindo o caráter sombrio da trama. Esse fator pode decepcionar alguns que esperam um trabalho mais ousado da equipe de arte.

Felizmente a falta de criatividade no traçado é driblada pela já citada ampla diversidade do universo em questão – raças e planetas desconhecidos nos trazem um sentimento único de descoberta e, aliados de um roteiro engajante, são exatamente tudo o que precisamos para ficarmos presos às páginas de Cavaleiros da Antiga RepúblicaGraduação é um arco simples, com nítidos traços similares a Knights of the Old Republic e que merece ser lido, funcionando como uma perfeita introdução de uma importante publicação dentro do Universo Expandido.

Star Wars – Cavaleiros da Antiga Republica: Encruzilhadas / Graduação (#0 a 6)
Roteiro: John Jackson Miller
Arte: Brian Ching e Travel Foreman
Cores: Michael Atiyeh
Editora: Dark Horse Comics
Editora no Brasil: Planeta Deagostini
Páginas: 154

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