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Crítica | Star Wars: Doutora Aphra – Vol. 1: Aphra

por Ritter Fan
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estrelas 4

Obs: Leiam, aqui, as críticas de todas as HQs publicadas pela Marvel sobre o Universo Star Wars a partir de 2015.

Espaço: Estepes Cosmatânicas (Fulan Ro, Archael-Prime), Bar’leth (flashback), Fortaleza de Carn (passado remoto), Yavin 4, Cidadela de Rur, planeta inominado na Orla Exterior, Mundo Quarentena III (Espaço Kallidahin),
Tempo: A Rebelião – Poucos meses após a Batalha de Yavin (d.BY)

Criada por Kieron Gillen para ser uma espécie de sidekick para Darth Vader em sua publicação própria (primeira menção em Darth Vader #2 e primeira aparição na edição seguinte), a jovem Doutora Aphra logo demonstrou potencial, especialmente considerando que ela tem como ajudantes as versões malignas e assassinas de C3-P0 e R2-D2, os droides Triplo Zero e BT-1. Uma arqueóloga originalmente, ela passou a ser uma espécie de faz tudo para Vader, já que o Lorde Sith não poderia envolver-se, de forma crível, com tudo que era necessário fazer para ele livrar-se da oposição e novamente cair nas graças do Imperador.

A apreciação quase imediata da nova personagem pelos leitores levou à decisão editorial de se fazer o primeiro spin-off de uma das principais publicações da Marvel Comics no universo Star Wars e a primeira publicação dedicada a personagem criado 100% pela editora. E Gillen, depois de encerrar seus trabalhos em Darth Vader, embarcou também nessa jornada, voltando às origens de Aphra como uma arqueóloga aventureira em primeiro lugar, a versão feminina e espacial de Indiana Jones.

E é de Os Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada que vem as inspirações macro para a história. De Caçadores, sequências inteiras são retiradas, como a que a abre a primeira edição e que espelha o prólogo do filme, com um arqueólogo localizando uma relíquia e quase morrendo para sobreviver aos eventos seguintes somente para ter seu tesouro roubado por um arqueólogo concorrente. Mas Gillen, claro, inverte a lógica e o ladrão, aqui, é a própria Aphra. De A Última Cruzada, Gillen usou a dinâmica tensa e ao mesmo tempo cômica entre pai e filho, com o pai de Aphra sendo o responsável pelo cancelamento de seu doutorado e, com isso, chantageando-a de forma que ela o ajude a localizar uma obsessão antiga sua: o Ordu Aspectu, uma mítica e antiquíssima ordem Jedi que buscava a vida eterna.

Mas o Ordu Aspectu é um detalhe menor neste primeiro arco, que estabelece o tom da publicação. Há violência e pancadaria, mas sempre com uma pegada leve e divertida, com piadas bem inseridas e um bom uso da equipe de Aphra que é composta não só pelos dois droides mencionados como, também, por Black Krrsantan, o wookie de pelo negro e cicatriz no rosto que também foi um personagem criado para a publicação Darth Vader de Gillen e já na primeira edição. O wookie, por sinal, tem todas as suas cores reveladas, demonstrando-se muito mais do que um mero caçador de recompensas. Ele, sozinho, tem o poder destrutivo de um exército e é particularmente sensacional vê-lo enfrentar batalhões de Stormtroopers em Yavin 4 – em uma batalha que ecoa o conflito entre os Stormtroopers e os Ewoks em O Retorno de Jedi – somente para desviar a atenção para que o plano de Aphra alcance resultados.

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Aliás, falando em Yavin 4, o roteiro ganha muitos pontos por justamente mergulhar e ampliar a mitologia da franquia. Afinal, quando vemos o local pela primeira vez em Uma Nova Esperança, notamos que a base rebelde é localizada dentro do que parece ser um enorme templo. Em Doutora Aphra, então, há a oportunidade para se explorar um pouco mais esse mistério, encaixando-o como uma luva com sua profissão. E, sendo a primeira publicação nova da linha Star Wars pós-Rogue One, Gillen costura menções importantes aos eventos do filme na história de Aphra, criando uma bem-vinda unicidade.

O problema neste primeiro arco está restrito à metade final do penúltimo e ao último números, com a solução para o mistério dos antigos Jedi. Há um crescendo na ação que incomoda pelo exagero e a criação de uma complexidade desnecessária a esse passado remoto, com uma solução Transformers demais para realmente funcionar e combinar com o que é trabalhado até esse ponto. Além disso, Gillen, do nada, resolve livrar-se de Krrsantan e dos droides de Aphra, estabelecendo um vazio estranho que não é explicado ou justificado. É o clássico momento em que menos teria definitivamente sido mais.

Salvador Larroca, o artista que acompanhara Gillen durante todo o run de Darth Vader, desenha apenas a história secundária sobre o passado de Aphra durante seu doutorado que figura na primeira edição da revista. Toda a arte resta foi passada para Kev Walker que faz um excelente trabalho com traços próprios, mas sem gerar uma ruptura muito grande com o que Larroca havia apresentado. Talvez a principal característica de Walker seja dar traços levemente (mesmo) estilizados aos personagens humanos, com Aphra ganhando muito em personalidade com isso, mas sem exageros. O artista também é rico no trabalho dos detalhes de fundo de seus quadros, com muita tecnologia convincente e muita natureza onde necessário, o que só amplifica a experiência e mostra o capricho que a personagem merece.

Doutora Aphra é uma ótima adição às séries do universo Star Wars pela Marvel Comics. Leve, cômica, mas ao mesmo tempo violenta e movimentada, a publicação mostra grande potencial para que um pedaço menos conhecido desse vasto universo expandido seja explorado.

Star Wars: Doutora Aphra – Vol. 1: Aphra (Star Wars: Doctor Aphra – Vol. 1: Aphra, EUA – 2017)
Contendo:
Star Wars: Doutora Aphra #1 a #6
Roteiro: Kieron Gillen
Arte: Kev Walker, Salvador Larroca (#1 – história secundária)
Arte-final: Marc Deering (#4 a #6)
Cores: Antonio Fabela, Edgar Delgado (#1 – história secundária)
Letras: Joe Caramagna
Datas originais de publicação: fevereiro a junho de 2017
Editora (nos EUA): Marvel Comics
Editora (no Brasil): Panini Comics (publicação ainda não iniciada quando do lançamento da presente crítica)
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