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Crítica | Star Wars: Sombras do Império, de Steve Perry

por Pedro Cunha
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Espaço: Coruscant, Tatooine, Hoth, Ord Mantell, Zhar, Fallen, Rodia, Bothawie.
Tempo: 3-4 anos após a Batalha de Yavin, entre os acontecimentos dos Episódios V e VI.

O que aconteceu depois do trágico término de O Império Contra-Ataca? O filme acaba com Luke amputado e sabendo que Darth Vader é seu pai. Não só o último dos Jedi é afetado no episódio, Han Solo, o contrabandista mais querido da galáxia acaba o longa congelado em carbonite. Com a chegada do Episódio VI uma parte dessa pergunta foi sanada, logo no início do filme, com o resgate de Solo. Porém, o questionamento feito no começo do texto nunca deixou de morrer no fandom de Star Wars. Muito pelo contrário, com o lançamento de O Retorno de Jedi, mais indagações foram feitas remetendo a esse misterioso período entre os dois filmes.

Para sanar esses mistérios lançou-se o livro Sombras do Império, obra escrita por Steve Perry que narra justamente os fatos passados entre os episódios V e VI. Esse romance transcendeu a sua mídia original, sendo adaptado para quadrinhos e até mesmo vídeo-games. Antes da Disney comprar a Lucasfilm, ele era tido como um dos mais importantes de toda a saga, sendo a primeira empreitada transmídia da franquia. E me arrisco a dizer que, até mesmo hoje, com o selo Legends estampado em sua capa, Shadows of the Empire, ainda é um nome de peso em todo o universo da saga.

Mas por que esse livro ganhou tanta notoriedade, dentre os milhões lançados com o titulo de Star Wars? Com certeza um dos principais ingredientes para o sucesso da obra é sua narrativa plural. Digo isso, pois os subplots do livro são tão bem trabalhados pelo autor que poderiam muito bem ser nomeados como a trama principal.

Han está congelado, enquanto o caçador de recompensas Boba Fett não entrega Solo para Jabba, o Hutt. Leia e seus companheiros, Chewbacca, Luke e Lando tentam com todas as forças recuperar o seu amigo perdido. Além disso, o último Jedi perdeu sua mais valiosa arma. O Skywalker tenta ganhar conhecimentos na força para construir um novo sabre de luz. Porém, ele não tem a facilidade dos tempos antigos, transformando aquilo que já não era muito fácil, em uma árdua missão.

No lado imperial temos Vader, o fiel aprendiz de Sidious acabara de revelar para Luke que ele é seu filho, sabendo da força do seu descendente, o Darth tentara de tudo para capturar o Skywalker e transformá-lo em um usuário da Força sombria. Além do vilão, Steve insere na sua história o próprio Imperador. O lorde supremo anda a passos muito mais largos que seu, ainda inexperiente, pupilo. Ele já sabe da aflição de Vader, e já tem conhecimento que o pai quer se unir com o filho para derrotá-lo.

Além dessa intriga no Lado Negro, acompanhamos um novo personagem. Líder de uma organização criminosa chamada Sol Negro, o Príncipe Xizor é com certeza um dos personagens mais intrigantes de toda a obra. Ele pertence a espécie Fallen, reptilianos que são conhecidos por seus feromônios, substancia química que quando liberada, pode causar reações como atração sexual de outro indivíduo. É claro que Steve Perry usa isso deliberadamente, mostrando como o personagem manipula as pessoas que eram vulneráveis a esses atrativos.

Nem só de feromônios vive Xizor, além dessa interessante característica, o antagonista se mostra um grande fio condutor de toda a trama. O Príncipe passeia por todos os núcleos da obra, vemos ele com os rebeldes, sendo o grande imã para trazê-los até Coruscant. E também, possuindo grande importância na narrativa imperial, fazendo um papel de mediador e são nessas partes que o livro de Steve Perry brilha.

A personalidade de Xizor é muito bem desenvolvida durante toda a obra. Calculista e sempre vendo acima de todos os outros, o Fallen recebe, em Sombras do Império, uma passagem garantida para a galeria de excelentes personagens da saga. Talvez do lado de Thrawn, que possui algumas características muito parecidas com o Príncipe. Espero que, assim como o Grão-Almirante, o líder do Sol Negro também venha a ter uma oportunidade no novo cânone de Star Wars.

Além de ser uma grande aventura com explosões e lutas, Sombras do Império entrega uma grande intriga política em sua trama. Xizor vê uma fraqueza em Darth Vader, ele acha o aprendiz de Sidious imaturo, emotivo e instável. Mas o Fallen, está longe de ser ignorante, ele também tem conhecimento do tamanho poder que o Imperador e seu braço direito possuem por meio da Força.

Tramando e sendo sorrateiro como uma cobra o líder do Sol negro irá tentar durante todo o romance, ferir a relação de Vader com seu mestre. Steve é muito sábio em reger toda essa trama, ao mesmo tempo que vemos Xizor sendo o mais delicado possível para não revelar seus planos. Também acompanhamos o Imperador, que é soberano a todo esse conflito. Ele, desde o começo, já sabia tanto dos planos de Vader como do Príncipe. E como plantar conflitos para o seu próprio bem é a especialidade de Sidious (vide toda a trilogia prequel) o Lorde Sombrio dos Sith negocia muito bem toda a intriga.

Com uma trama que consegue misturar muito bem a ação com o desenvolvimento, Sombras do Império faz jus a toda a sua fama. Steve Perry consegue escrever um novel que tem muitas cenas de aventura, sendo poucas irrelevantes, e algumas um pouco difíceis de acompanhar, devido a um pequena falha em sua continuidade. Mas acima de tudo, o autor consegue desenvolver muito bem seus personagens, com diálogos e ações condicentes à tudo aquilo que já vimos nessa querida saga.

Star Wars:Sombras do Império (Star Wars: Shadows of the Empire) — EUA 1996
Autor: Steve Perry
Publicação original: 1996
Editora original: Bantam Spectra
Editoras no Brasil: Editora Aleph
Tradução para português: Alexandre Mandarino
Páginas: 448

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