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Crítica | Stereo (2014)

por Guilherme Coral
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estrelas 4,5

Trabalhando com um clima muito similar àquele do ótimo Marcas da Violência, de David Cronenberg, o diretor Maximiliam Erlenwein, em seu segundo longa-metragem, nos traz a história de um homem que busca fugir de seu passado. Ao contrário do que vimos na obra de Cronenberg, contudo, Stereo introduz um personagem incapaz de se lembrar dos eventos anteriores de sua vida.

Erik éum mecânico de motos e vive tranquilamente, no interior da Alemanha, com sua namorada e a filha dela. Um dia, porém, o homem passa a ser perseguido por uma figura misteriosa, encapuzada a quem jamais consegue capturar. Logo ele começa a suspeitar que somente ele enxerga esse indivíduo e o diretor deixa essa dúvida, incialmente, no ar, construindo situações inteligentes que não nos oferecem uma resposta clara. Aos poucos, junto desse elemento, os detalhes do passado violento de Erik começam a ressurgir. Cria-se um engajante thriller psicológico Que nos prende do princípio ao fim.

Cedo se vêque não sóo clima, como o roteiro poderia ser considerado uma livre adaptação de Marcas da Violência. Temos uma trama muito similar éum personagem tão contido quanto aquele interpretado por Viggo Mortensen. A diferença básica estáno trabalho em cima da figura misteriosa que o persegue. Temos cenas de construção criativa, que revelam o cuidado da direção de Erlenwein, seu domínio sobre o elenco que, jamais, deixa transparecer a resposta da dúvida – estáErik mesmo louco ou não?

A narrativa, àprincípio mais lenta, adota um ritmo cada vez mais acelerado ao passo que as coisas fogem do controle. A montagem, bem intercalando a progressão da história com o foco na psique do protagonista garante nossa imersão, oferecendo o necessário enfoque nos personagens para nos aproximarmos deles. Realmente acreditamos na relação entre Erik e sua namorada – fruto dos trabalhos efetivos e contidos de Jürgen Vogel e Petra Schmidt-Schaller, que nos trazem um retrato realista e adulto de um relacionamento.

Nos minutos finais o filme corre o risco de se tornar um filme de ação como qualquer outro, mas a marca do diretor se mantém e resolve a problemática de forma dramática e sem floreios, firmando a crueza da obra. Temos somente um leve deslize àbeira do encerramento que acba sendo demasiadamente e didaticamente revelador, um detalhe menor que poderia ser cortado. Isso, contudo, não consegue tirar a força do impactante e íntimo desfecho do filme.

Stereo é um filme curto, que não só cumpre seu papel, como vai além dele. É praticamente uma nova versão de Marcas da Violência, mas com detalhes criativos que o fazem se sustentar em suas próprias pernas. É um filme que merece ser visto e revisto para que possamos contemplar sua estranha simplicidade.

Stereo (idem – Alemanha, 2014)
Direção: 
Maximiliam Erlenwein
Roteiro: Maximiliam Erlenwein
Elenco:  Jürgen Vogel, Moritz Bleibtreu, Petra Schmidt-Schaller, Georg Friedrich, Rainer Bock, Adrian Can
Duração: 95 min.

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