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Crítica | Supergirl – 1X10: Childish Things

por Ritter Fan
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estrelas 3

Obs: Há spoilers. Leiam nossas críticas dos episódios da 1ª temporada de Supergirl, aqui.

Por tudo que foi mostrado desde o começo de Supergirl, algum tipo de romance teria que acabar acontecendo. Aliás, esse tipo de pegada Barrados no Baile tem sido padrão em todas as séries baseadas em super-heróis da DC Comics, como uma espécie de norma inafastável que, se não for cumprida, reduzirá a audiência do programa. A boa notícia, porém, é que os showrunners de Supergirl, até o momento, vêm sabendo lidar com esse mandamento de forma mais madura e inteligente do que em Arrow ou The Flash.

Com isso, o triângulo amoroso entre Jimmy, Kara e Winn ganha um desenvolvimento bem construído que funciona dentro da trama e mostra que Melissa Benoist e Jeremy Jordan mergulharam no momento, trazendo performances críveis e interessantes para uma situação “de beijo” para lá de clichê. A trama do episódio que é quase toda voltada para Winn e seu pai vilanesco – Toyman, vivido por Henry Czerny – que foge da prisão graças ao seu ioiô mortal, em uma representação bastante fiel, ao mesmo tempo bem atualizada do personagem clássico (e um tanto quanto bobalhão) dos quadrinhos, com direito até ao uniforme de sua segunda versão no brinquedo deixado na mesa de Winn.

Ao mexer com o passado do melhor-amigo-que-quer-ser-mais-do-que-isso de Kara, o episódio é eficiente em catalisar o momento embaraçoso do beijo e também resolver sem firulas (até o momento) o grande impasse amoroso que a ação emotiva de Winn acaba causando. E Kara também reage bem, especialmente quando o roteiro evita a exposição exagerada e repetida, no momento em que ela, arrasada, volta para casa e indiretamente confidencia o problema à Alex que, também, por sua vez, não entra em lamentações.

Outro ponto positivo cuja dose nesse capítulo foi infelizmente pequena, é Calista Flockhart como Cat Grant, chefe de Kara. A atriz está se divertindo e nos divertindo no papel, recebendo as melhores tiradas de todos os roteiros. Acho que assistiria com mais prazer ainda uma série toda focada só nela espezinhando a vida de todo super-herói que passar na frente dela.

Mas o episódio tem problemas, sendo que o primeiro deles é algo comum em toda mitologia do Superman e dos personagens “super” ao redor do herói, incluindo, claro, sua prima: que tipo de ameaça REALMENTE é uma ameaça para um kriptoniano exilado na Terra? Afinal, como a série não pode usar demais os vilões de Fort Rozz (uma conveniência narrativa ridícula, mas que tenho que relevar), então cabem aos roteiristas imaginar situações em que Supergirl se vê com problemas. Já tiraram os poderes dela. Já usaram kriptonita. Já mandaram um androide que vira tornado atrás dela. Mas não muito mais do que isso é crível e, em Childish Things, Toyman consegue prendê-la com areia movediça. Areia movediça! É sério isso?

Além do mais, todo o plano mirabolante do vilão da vez é debelado com a água de sprinklers sendo congelada por Kara, escudando os transeuntes de uma explosão. Se não é possível pensar em ameaças decentes para a jovem, que pelo menos os roteiristas trabalhem em soluções mais criativas do que uma redoma de gelo que magicamente impede qualquer ferimento às dezenas ou talvez centenas de pessoas na feira de brinquedos.

No entanto, como salientei na crítica anterior, a presença do Caçador de Marte na série pode ser um problema e eis que ele apareceu bem mais cedo que imaginava. Nem bem os showrunners pararam de citar o Superman a cada 15 minutos que um substituto tão poderoso quanto entrou em seu lugar. Quer dizer, então, que o objetivo é criar uma relação mestre-pupila entre J’onn J’onzz e Supergirl? E, ao mesmo tempo, querem nos fazer acreditar que o marciano é cheio de dedos para realmente abraçar seus poderes em razão de um passado problemático? Bom, já vou logo dizendo que, enquanto por um lado eu gostaria de ver flashbacks desse passado de 50 anos citado no episódio, por outro acho que a estrutura narrativa dessa relação tem tudo para dar errado, especialmente se as ações de J’onn J’onzz forem tão estabanadas e mal-planejadas quanto sua incursão na Lord Technologies (como se não tivesse sido suficiente a tentativa de Olsen).

Aliás, Maxwell Lord, por mais “vilão maquiavélico padrão” que seja, consegue ser mais interessante e mais inteligente do que todos os heróis da série ao mesmo tempo. Em uma simples jogada já descobriu quem é Supergirl e já sabe que há outro ser super-poderoso flanando pela cidade. Mais um pouco e começarei a torcer pelo vilão…

Childish Things consegue surpreender onde poderia errar feio e erra feio onde deveria surpreender. Acerta em cheio na estrutura do romance proibido ou não correspondido graças a uma ótima dupla de atores que finalmente ganha um momento para mostrar a que veio e erra ao lidar com o lado super-heroístico. O resultado ainda é levemente acima do meramente mediano. E isso é mais – bem mais – do que estava esperando dessa série.

Supergirl 1X10: Childish Things (EUA, 2016)
Showrunner: 
Andrew Kreisberg, Greg Berlanti, Ali Adler
Direção: Jamie Babbit
Roteiro: Anna Musky-Goldwyn, James DeWille (baseado em história de Yahlin Chang)
Elenco: Melissa Benoist, Mehcad Brooks, Chyler Leigh, Jeremy Jordan, David Harewood, Calista Flockhart, Peter Facinelli, Laura Benanti, Jena Dewan Tatum, Chris Vance, Peter Mackenzie, Malina Weissman, Eric Steinberg, Aaron Lustig, René Ashton, Henry Czerny
Duração: 43 min.

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