Home TVEpisódio Crítica | Taboo – 1X03: Episode #1.3

Crítica | Taboo – 1X03: Episode #1.3

por Luiz Santiago
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estrelas 4,5

Contém spoilers! Confira outras críticas para os outros episódios aqui.

Conforme falamos em Shovels and Keys, os roteiros de Taboo deverão segurar ao máximo o lado exótico ou místico da minissérie (volto a ter dúvidas se realmente existe um lado místico na história ou se as “visões” de James são apenas uma impressão exagerada de coisas mundanas vistas durante sua estadia na África, cujos horrores ganharam uma aura horrorífica e mágica pelo protagonista — mas ressalto que aceitarei de bom grado se realmente houver misticismo envolvido, desde que seja bem explicado) e, ao longo dos episódios, construir o plano de vingança e monopólio comercial pretendido por James Keziah Delaney.

Os eventos aqui são mais intensos do que no episódio dois e a trama avança mais, deixando claros alguns papeis que ainda estavam turvos (como o de Atticus, por exemplo) e dando para o espectador uma parte do jogo de Delaney, que mostra ser não apenas um homem perturbado por memórias, visões e com um senso incomum de justiça e planos de vingança, mas também um grande estrategista. O fato de esperar um ataque e então estabelecer um testamento e validar a ameaça em todos os aspectos possíveis, fazendo com que Reino Unido e Estados Unidos protejam sua vida devido a interesses comerciais e territoriais é algo que não esperávamos vir de um homem do qual a frase mais comum até o momento havia sido a onomatopeia “hummm“.

Neste terceiro episódio, porém, a coisa muda. E muda no cenário que dá base ao drama e na vida dos protagonistas. Pela primeira vez vemos Tom Hardy ter mais do que meia dúzia de falas e comprovamos em maiores sentenças o que já tínhamos certeza ouvindo apenas o resmungo “hummm“: o ator está se superando com tremenda qualidade nesse papel. Há em seu personagem um misto de arrogância, desafio, desejos ocultos e muito conhecimento transmitidos através de um olhar, da formulação de uma frase, no modo de se referir ao seu servo Brace ou na forma como ele negocia termos com diferentes pessoas.

Reparem que nos são entregues informações de forma assustadoramente orgânica, o que faz do roteirista Steven Knight um espetáculo à parte aqui. Quando James entra na casa de travestis da corte para subornar um ex-amigo que hoje trabalha na Companhia das Índias, ouvimos um pouco sobre o passado de ambos os personagens. A ausência de Zilpha Geary (Oona Chaplin aos poucos revelando a deliciosa malícia e ira de sua personagem) é suprida em uma conversa de James com o cunhado Thorne Geary (Jefferson Hall também colocando as garras para fora, entregando uma ótima interpretação), com linhas marcadas por uma provocação envolvendo sexo dominador e um tipo de assunto que Thorne sabe que atinge em cheio a James, que é sua meia-irmã Zilpha.

A viúva Delaney (Jessie Buckley desabrocha no papel neste episódio) é um mistério dentre os muitos outros mistérios que a série ainda nos oculta e garante boas dúvidas daqui para frente. O único elemento que não gostei aqui foi a inclusão rápida e solta do Regente, interpretado por Mycroft Holmes Mark Gatiss. Diferente do episódio passado, ele não serve de conexão para nada, pois a “resolução” que apresenta para seu secretário é a mesma que vemos ser tomada em outros gabinetes, então esta parte do texto já havia sido resolvida de outra forma.

Taboo mantém acesa a chama da curiosidade e parece ter deslanchado na criação de pequenos focos de ira. A casa dos Delaney é alvo da coroa — ou dos “interesses de Sua Majestade”, denominação vaga que pode se aplicar a qualquer roubo ou crime cometido por um oficial do governo — e com isso chegaremos ao meio da temporada. Preparem-se para ver mais sangue em um drama de grandes atuações e excelência técnica. A este ponto da história, nós também desejamos vingança. E olhem que nem sabemos por quê.

Taboo – 1X03: Episode #1.3 (EUA, Reino Unido, 21 de janeiro de 2017)
Direção: Kristoffer Nyholm
Roteiro: Steven Knight
Elenco: Tom Hardy, Michael Kelly, Jason Watkins, Mark Gatiss, David Hayman, Stephen Graham, Danny Ligairi, Fiona Skinner, Scroobius Pip, Ben Moor, Nicholas Woodeson, Jonathan Pryce, Richard Dixon, Leo Bill, Edward Hogg, Oona Chaplin
Duração: 55 min.

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