Home TVEpisódio Crítica | Taboo – 1X05: Episode #1.5

Crítica | Taboo – 1X05: Episode #1.5

por Luiz Santiago
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estrelas 4,5

Contém spoilers! Confira outras críticas para os outros episódios aqui.

Para entender o excelente trabalho de roteiro que tivemos neste quinto episóio de Taboo, onde se exploram diversos focos de luta pelo poder, o espectador precisa ter uma breve noção de como o Reino Unido estava política e socialmente no início o século XIX. Primeiro, vamos esclarecer o papel do Príncipe Regente, interpretado por Mark Gatiss.

Em 1811, o rei George III foi afastado do trono devido ao agravamento de sua saúde mental. A coroa foi então assumida pelo primogênito, que permaneceria como Príncipe Regente até a morte do pai, em 1820, quando então receberia a coroa como Rei George IV. Enquanto Regente, George viu o avanço de Napoleão Bonaparte sobre a Europa (lembrando que as Guerras Napoleônicas duraram de 1803 a 1815), a fuga da família real portuguesa para a Colônia do Brasil — com quem o Reino Unido mantinha amplos contatos econômicos — e disputas territoriais entre EUA e Canadá, como já explicado em Shovels and Keys.

Sem nenhum talento político, tendo um modo de vida dispendioso, irresponsável e publicamente indecoroso (colocando parte da população contra a monarquia, o que não espanta certos caminhos de repressão e ameaças de traição que rondam a série), o Príncipe Regente aparece nesse episódio como um dos motores loucos que tornam a honorável Companhia das Índias ameaçada. Vem à tona a investigação do grupo Sons of Africa (que de fato existiu) sobre o naufrágio do navio The Influence, o que talvez tenha algo a ver com alguns flashbacks de James. A acusação de George Chichester (Lucian Msamati em breve, mas excelente aparição) é formalizada por Coop e dá início a uma onda de problemas que certamente contribuirão para o enfraquecimento e futura extinção da Companhia.

Com esse mundo político em polvorosa, é lícito que tenhamos os mesmos grandes movimentos nas vidas de poderosos ou pessoas de certa influência da Corte, como James Delaney, por exemplo, que ainda busca meios para conseguir a produção de pólvora o mais rápido possível e, em paralelo, obter o monopólio do comércio de chá com a China e resolver de uma vez por todas a questão das terras de Nootka Sound. Assassinos e espiões continuam atrás de James (os americanos parecem que estão à frente de tudo — certamente vocês perceberam a sutil indicação de um espião feita pela câmera, quando ele sai de sua primeira visita a Cholmondeley), mas as ações pessoais do protagonista diante desses perseguidores continua muito bem calculada.

Percebam que o roteiro não traz uma avalanche de vitórias e facilidades para o protagonista, abrigando uma série de incertezas, obstáculos e questões pontuais, como o fato de o garoto do campo ser ou não filho de James (as pistas dadas no Piloto me fizeram assumir que era irmão) ou os verdadeiros pontos do relacionamento entre James, os americanos, Lorna Bow e Zilpha (Oona Chaplin está excelente aqui!).

A direção de fotografia de Mark Patten (responsável pela temporada inteira) tem o seu ponto mais alto até agora, com uma delicadeza no uso de filtros que me deixaram extasiado, dada a forma à la pinturas românticas e óbvia inspiração de naturalidade emprestada de Barry Lyndon. Deixarei abaixo o take mais bonito do episódio e peço que vocês olhem com cuidado o uso de luzes e a delicadeza do plano.

Com direito a uma excelente (no drama) e abominável (na interpretação) cena de exorcismo, um duelo plenamente intimidador e um final reticente e sugestivo, este quinto episódio de Taboo parece brincar com a nossa percepção de magia, política, ação, intrigas, vingança e fidelidade. É assim que se faz um drama de época!

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Não é uma pintura romântica, é só uma cena de Taboo.

Taboo – 1X05: Episode #1.5 (EUA, Reino Unido, 4 de fevereiro de 2017)
Direção: Anders Engström
Roteiro: Steven Knight, Ben Hervey
Elenco: Tom Hardy, Jessie Buckley, Jefferson Hall, Nicholas Woodeson, Oona Chaplin, David Hayman, Ruby-May Martinwood, Tom Hollander, Stephen Graham, Franka Potente, Edward Hogg, Jonathan Pryce, Richard Dixon, Mark Gatiss, Jason Watkins, Marina Hands, Matthew Marsh, Lucian Msamati
Duração: 60 min.

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