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Crítica | Terra Formars – Vol. 2

por Guilherme Coral
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estrelas 2,5

O primeiro volume de Terra Formars nos trouxe uma criativa história de ficção científica, abordando a necessidade da raça humana em estender seus territórios, ainda que tenha sido profundamente falha em diversos pontos, nos trazendo elementos que não fazem sentido algum, apesar de tentar estabelecer uma base científica que justificasse suas escolhas narrativas. O principal objetivo dessa edição, fora apresentar o cenário no qual a história se desenvolveria e não os personagens, visto que a maior parte desses acabaram morrendo nas mãos das baratas humanoides. Dito isso, era evidente que encontraríamos novos indivíduos aqui no volume 2 e, possivelmente, um desenrolar mais aprofundado da história como um todo.

capa_terra_formars_02A necessidade de criar uma equipe fixa nesse momento, portanto, era uma necessidade – a menos que o mangá seguisse uma estrutura movida única e exclusivamente pela trama e não necessariamente seus personagens. E, de fato, o que recebemos é um foco maior em cada um daqueles que farão parte da nova missão para Marte. Focos distintos são inseridos, focando em cada uma das principais peças do roteiro e o autor Yū Sasuga consegue trabalha-los com uma considerável calma, estabelecendo não somente o motivo pelo qual entram no projeto, como seus laços de amor e amizade.

Esse fator, contudo, cria uma evidente ruptura no ritmo da obra. Ao introduzir uma narrativa episódica, com diferentes enfoques, o roteiro gera uma notável lentidão, que nos afasta cada vez mais do que verdadeiramente queremos ler: a presença da equipe da U-Nasa no planeta vermelho (agora escurecido pelo musgo lá inserido). O que ganhamos é um volume que se passa quase que na totalidade na Terra, ao passo que a aproximação a Marte somente ocorre no capítulo final da edição. Isso, porém, não seria um grande problema não fosse a pura e simples enrolação que o autor insere em seu mangá, buscando criar momentos descontraídos de humor que simplesmente não se encaixam com o que vimos até então – especialmente considerando todo o gore presente nas páginas pretas e brancas.

Naturalmente que a primeira consequência dessa escolha do mangaka é justamente uma ausência notória de sequências de ação. Estamos falando de uma história que aqui permanece essencialmente parada. A tentativa de inserir uma certa dose de conspiração retorna, mas ela soa como um mero filler dentro dos capítulos e me preocupa até onde isso vai levar, visto que a trama poderia muito bem ser desenvolvida apenas com a ameaça das baratas sem ser vinculada diretamente com o que se passa na Terra na ocasião. Não posso deixar de esperar, todavia, que veremos nas próximas edições um contato entre um novos-marcianos (não que houvesse um antigo) e algum cientista maluco.

O segundo volume de Terra Formars consegue trazer uma dose de construção de personagens, algo que era ausente na primeira edição (e até desnecessária, tendo em vista o destino deles). Esse foco, porém, criou uma dilatação que transformou a narrativa em algo lenta e enfadonha, distanciando-nos do que verdadeiramente gostaríamos de ler no mangá. O potencial certamente existe, mas ainda está sendo muito subaproveitado, qualificando-se apenas como uma leve diversão para um público menos exigente.

Terra Formars – Vol. 2 – Japão, 2011
Roteiro: Yū Sasuga
Arte: Kenichi Tachibana
Editora (no Japão): Weekly Young Jump
Editora (no Brasil): Editora JBC
Páginas: 224

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