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Crítica | Thanos: Em Busca de Poder

por Ritter Fan
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Jim Starlin já não escrevia costumeiramente para o lado mainstream da Marvel Comics há algum tempo quando ele foi convidado a voltar para reviver Thanos nas páginas do volume 3 da que seria a publicação solo mais longeva do Surfista Prateado, algo que ele fez em um pouco inspirado arco de cinco edições conhecido como A Ressurreição de Thanos. Mas o vilão criado por Starling em O Invencível Homem de Ferro #55, de 1973, entrou no radar de Tom DeFalco, editor-chefe, que percebeu a oportunidade de fazer algo mais ambicioso com ele, já que a editora, que fora vendida para a New World Entertainment em 1986, estava sofrendo outra mudança de propriedade, com a New World a vendendo para a MacAndrews and Forbes, do então executivo da Revlon Ronald Perelman (não confundir com Issac Perlmutter, que só entraria no cenário em 1997). Era necessário, portanto, movimentar as vendas e Thanos poderia ser de grande valia.

Com isso, de uma história que ficaria circunscrita à mitologia do Surfista Prateado, em sua publicação solo, o projeto tomou proporções gigantescas, com Starlin realmente embarcando de cabeça nele, a tal ponto de, até hoje, continuar escrevendo para a Marvel sobre Thanos, Adam Warlock e, claro, as Joias do Infinito, essas últimas tornando-se os grande MacGuffins de praticamente todo o trabalho do autor desse ponto em diante para a editora. Portanto, depois de A Ressurreição de Thanos, que trouxe Thanos de volta e estabeleceu que sua amada Morte exigiu que ele exterminasse metade da vida no Universo, Starlin fez um desvio narrativo para uma breve minissérie de dois números, cada um de 50 páginas, com Thanos como protagonista e, de certa forma, anti-herói. Nascia, então, Thanos: Em Busca do Poder, que é um prelúdio direto para Desafio Infinito.

Na história, vemos Thanos observando o Poço do Infinito e tendo uma epifania: para conseguir fazer o que a Morte lhe pediu de maneira mais rápida e eficiente, ele precisaria reunir todas as seis gemas da alma (soul gems) ou joias espirituais, como determinado pela tradução brasileira original, que ele logo rebatizaria para joias do infinito (é a primeira vez que elas são chamadas por esse nome), de forma que não houvesse confusão com a joia da alma de Adam Warlock, a primeira a aparecer no Universo Marvel, como um presente ao herói por seu “pai adotivo”, o Alto Evolucionário, na segunda saga Vingadores vs. Thanos. Com base nessa premissa, Starlin, então, passa a contar uma história simples que coloca o vilão em uma caçada às joias por todo o universo, o que deixa evidente a visão estratégia do Titã Louco e sua devoção à morte.

As seis joias, suas cores originais (entre parênteses as cores atuais) e seus usuários ao começo da minissérie e a ordem com que elas são recolhidas ao longo da história são:

  • Joia da Alma – verde (laranja) – Intermediário
  • Joia do Poder – vermelha (roxa) – Campeão do Universo
  • Joia do Tempo – laranja (verde) – Jardineiro
  • Joia do Espaço – roxa (azul) – Corredor
  • Joia da Realidade – amarela (vermelha) – Colecionador
  • Joia da Mente – azul (amarela) – Grão-Mestre

A narrativa anda como uma corrida de obstáculos, com narração do próprio Thanos que Starlin usa como uma forma de, aos poucos, explicar exaustivamente aos leitores os poderes de cada joia e sua origem. Além disso, os planos do vilão são descortinados vagarosamente, mas sempre com ele já pensando diversas jogadas a frente, como um grande enxadrista cósmico, mas que acaba revelando, em seu desdém, que ele não está realmente se esforçando demais para lidar contra os super-poderosos seres que encontra (e que, justiça seja feita, ainda não têm o domínio sobre as joias que usam). No final das contas, Thanos derrota todos de manerias peculiares e até divertidas em seu exagero, seja com pura força bruta, como no caso de sua pancadaria com o Campeão do Universo, seja com traição, como nos casos do Intermediário, Corredor e Jardineiro, seja com negociação, como no caso do Colecionador ou puro jogo de estratégia, como no caso do Grão-Mestre.

Há uma boa quantidade de repetições que acabam cansando e um certo exagero no texto expositivo, já que Starlin não economiza palavras, tornando a história redundante e enfadonha em muitos pontos. No entanto, o que realmente compensa o texto enganosamente complexo é a arte de Ron Lim, que realmente estava inspirado aqui. Não só ele faz um Thanos poderoso, com presença marcante e dominadora, como ele mostra completa segurança desenhando cada um dos proprietários das joias. Além disso, encarnado Steve Ditko, ele cria diversas sequências lisérgicas como quando Thanos viaja para o Nexo da Realidade ou quando ele enfrenta o Grão-Mestre em um jogo de laser tag virtual. A fluidez é de se tirar o chapéu, assim como as seis páginas sequências que representam cada uma das joias a partir do rosto de Thanos. As cores fortes de Tom Vincent amplificam a sensação de poder absoluto na medida em que a história evolui e o resultado final é um excelente tira-gosto para a atração principal, que viria logo em 1991.

Thanos: Em Busca do Poder não é nem de longe o melhor trabalho de roteiro de Jim Starlin, mas consegue ser infinitamente (com trocadilho) superior ao arco A Ressurreição de Thanos, funcionando muito bem como um prelúdio de valor para Desafio Infinito. No entanto, é a arte de Ron Lim que torna realmente prazerosa a leitura. Nada como um artista inspirado para compensar outro que já mostra sinais de cansaço, não?

Thanos: Em Busca de Poder (The Thanos Quest, EUA – 1990)
Contendo: The Thanos Quest #1 e 2
Roteiro: Jim Starlin
Arte: Ron Lim
Arte-final: John Beatty
Cores: Tom Vincent
Letras: Ken Bruzenak
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: julho e agosto de 1990
Editora no Brasil: Editora Abril
Data de publicação no Brasil: agosto e setembro de 1993
Páginas: 100 (total)

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