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Crítica | The Gifted – 1X08: threat of eXtinction

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Assim como eXtreme measures, threat of eXtinction é um episódio que tem no passado sua força motriz. Mas, diferente do capítulo anterior, aqui o foco é único no passado da família Strucker em um roteiro que consegue ao mesmo tempo fincar a série profundamente na mitologia dos quadrinhos e avançar a trama geral a passos largos.

Partindo da descoberta de que a Trask Industries está por trás da conversão de mutantes em armas anti-mutantes e da revelação de Reed de que seu pai trabalhara lá por 35 anos, o episódio não perde muito tempo em concretizar essa esperada reunião familiar. No entanto, antes de ela acontecer, ganhamos dois momentos importantes para contextualizá-la.

O primeiro é curto, mas importante para a expansão do escopo da série como um todo. Trata-se de um flashback para 1952 em que vemos os irmãos Andreas e Andrea Strucker (vividos por Paul Cooper e Caitlin Mehner e mencionados rapidamente pelo Dr. Roderick Campbell em rX) usando seus poderes extremamente destrutivos, com foco nas mãos entrelaçadas dos dois, simbologia que volta na cena final do episódio, com os irmãos Andy e Lauren, seus netos, fazendo exatamente o mesmo, só que em situação bem diferente. O espelhamento do roteiro é muito bem trabalhado e é a primeira vez que vemos os personagens clássicos que, nos quadrinhos, são filhos do Barão von Strucker que, aqui, parece ser inexistente (pelo menos até agora), realmente em ação, o que empresta uma amplitude de “gerações” à The Gifted, além de abrir as portas para outros mutantes vindo desse passado mais longínquo.

O segundo momento contextualizador é mais “mão pesada”, com Reed didaticamente contando a seus filhos sobre sua relação – ou falta dela – com seu pai, com quem não fala há 20 anos e que, conforme ele deixa muito claro, nem mesmo o visitou quando ele, jovem, foi hospitalizado depois de quase morrer. São informações demais derramadas rapidamente demais e que não se justificam completamente ou, pelo menos, não parece naturais. Afinal, Andy e Lauren têm, respectivamente, 15 e 17 anos, e eles agem como se esta fosse a primeira vez que ouviam falar de seu avô. Ainda que mágoas familiares desse tipo sejam possíveis e mais comuns do que gostamos de imaginar, fato é que em momento algum esse passado foi mencionado, nem mesmo quando Reed e Caitlin tinham uma vida normal, por mais breve que isso tenha sido na série. Teria sido mais orgânico se tivessem aproveitado conversas pessoais aqui e ali entre o casal e do casal com seus filhos para introduzir, ainda que de longe, esse passado enevoado.

No entanto, a grande verdade é que o incômodo causado pelo diálogo expositivo acaba se esvaindo quase que completamente com a concretização do encontro de Reed com seu pai Otto Strucker, vivido pelo sempre ótimo Raymond J. Barry. Claro que estamos na apertada estrutura de um episódio de 45 minutos, pelo que não há tempo para enrolação. A conversa, que poderia ter durado mais tempo, precisa ser encurtada com a revelação de que Otto, na verdade, é um poderosíssimo mutante, assim como seu pai e sua tia (ainda que haja um subtexto de incesto nessa história, claro) antes dele, conhecidos juntos como Fenris e caçados como terroristas. No entanto, Otto, para evitar que Reed tivesse a chance de manifestar poderes mutantes e fosse na direção do lado negro do gene X, consegue descobrir a cura mutante para seu filho durante seu trabalho na Trask Industries que, conforme aprendemos, teve suas atividades encerradas e recentemente reiniciadas, possivelmente por influência do Dr. Campbell que usou a invenção de Otto justamente para amplificar os poderes dos portadores de gene X e colocá-los sob seu controle.

Essa reviravolta tem como objetivo maior justificar a escolha da família Strucker como a protagonista da série, algo que, inicialmente, pareceu algo estranho para os leitores dos quadrinhos. Agora, com toda essa fascinante história pregressa com encaixe preciso no presente e que ainda pode dar muito pano para manga (fico imaginando até um spin-off passado integralmente no passado), as atenções se voltam com extrema força para Lauren e Andy, provavelmente mutantes de nível extremo de poder que precisam urgentemente aprender a controlar seus poderes. Quero só saber quem será o Professor X deles, pois não sei se Polaris terá esse nível de disciplina.

Infelizmente, a reunião entre pai e filho que, para Reed, significa “só” uma reconceitualização de toda sua vida, é encerrada pela chegada do próprio Dr. Campbell que quase que adivinha que, naquele exato momento, Otto está recebendo a visita de seu filho foragido. Temos que aceitar essa conveniência de roteiro, porém, pois ela vêm com o bônus de entrevermos o poder dos Strucker, com Otto usando suas habilidades apesar do mutante inibidor Pulse ali do lado dele. É sem dúvida uma pena que os dois tenham que morrer no embate, mas a sequência toda foi muito bem executada, estabelecendo um lado emocional duplo que efetivamente funciona.

Mas o episódio tem também um outro lado, com o resgate de mais mutantes foragidos depois de um ataque do Sentinel Services a outro esconderijo. Nessa linha narrativa, vemos o primeiro exemplo de uma mutante infiltrada pelo Dr. Campbell, que é detectada pela telepata Esme (Skyler Samuels como uma das Irmãs Stepford, criada por Grant Morrison – será que veremos as outras?) introduzida neste episódio e pela completamente idiota presença da tatuagem que representa os mutantes pós-condicionamento. A ação é breve, mas muito eficiente, claramente mostrando inspiração nos quadrinhos e filmes dos X-Men, com uma bela coordenação entre Blink, Pássaro Trovejante e Eclipse.

Depois do obrigatório comentário politicamente engajado (“não se dá as costas para pessoas desesperadas porque uma delas pode ser perigosa”), os irmãos Strucker, coordenados, entram em ação para segurar a mutante com super-velocidade e Caitlin consegue sedá-la para lidar com seu aparente vício condicionante na droga Kick (outra criação de Morrison, aliás). Assim como aconteceu com Wes, Esme é a ferramente da vez para que seja possível alcançar os resultados almejados. Espero, sinceramente, que este artifício seja usado de forma mais parcimoniosa e não na base da conveniência por episódio. Com isso, quero dizer que ficarei feliz se Esme efetivamente juntar-se ao grupo principal, sem ser defenestrada ou esquecida como o namoradinho de Lauren.

Mesmo com seus probleminhas aqui e ali, arriscaria dizer que threat of eXtinction foi o melhor episódio até agora, dosando momentos construtores de mitologia com ação e desenvolvimento de personagens. Com o universo da série expandido, as ramificações futuras (e passadas) podem ser infinitas. E, pelo visto e para nossa felicidade, o showrunner Matt Nix pretende aproveitá-las.

Aviso: Não haverá exibição de The Gifted na semana que vem. A série retorna dia 04 de dezembro.

The Gifted – 1X08: threat of eXtinction (EUA, 20 de novembro de 2017)
Criação e showrunner: Matt Nix
Direção: Steven DePaul
Roteiro: Carly Soteras
Elenco: Stephen Moyer, Amy Acker, Sean Teale, Jamie Chung, Coby Bell, Emma Dumont, Blair Redford, Natalie Alyn Lind, Percy Hynes White, Garret Dillahunt, Jermaine Rivers, Sharon Gless, Garret Dillahunt, Elena Satine, Jeff Daniel Phillips, Hayley Lovitt, Zach Roerig, Michelle Veintimilla, Danny Ramirez, Raymond J. Barry, Paul Cooper, Caitlin Mehner, Skyler Samuels
Duração: 45 min.

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