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Crítica | The Gifted – 2X01: eMergence

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Confesso que não faço ideia qual será o futuro de The Gifted agora que a Disney efetivamente comprou grande parte da Fox. Absorver a série ao UCM como ela é pode ser um desafio grande, o que pode levar a Casa do Camundongo ao caminho mais simples do cancelamento ao final desta temporada. Sei que essa não é a melhor maneira de se abrir um crítica do episódio inaugural da 2ª temporada da série mutante da Fox, mas não dá para deixar de ter esse pensamento como aquela nuvem negra e tempestuosa que vemos no horizonte.

E, claro, esse futuro incerto pode afetar fortemente a produção em si, já que The Gifted nunca teve orçamento generoso, o que obrigou Matt Nix a trabalhar de forma mais comedida e econômica, tentando fazer o mínimo uso possível de manifestação de poderes e de sequências de ação complexas. E isso é particularmente presente em eMergence, que faz um pulo temporal de seis meses depois que Reeva Payge (Grace Byers), retconada como a líder de uma dissidência do Inner Circle (spin-off do Clube do Inferno), assassina toda a diretoria com seus poderes estranhos (juro que não entendi bem o que ela faz…) e a inestimável ajuda das Irmãs Stepford. Foi um começo que tinha tudo para ser bombástico, mas que foi apenas morno, fácil demais.

Aliás, morno é a palavra chave para todo o episódio. Mesmo considerando o iminente parto de Polaris, com bem boladas contrações magnéticas altamente destrutivas, o que vemos é um roteiro não mais do que burocrático que reapresenta os personagens da 1ª temporada em seu (não tão) novo status quo: os mutantes “bonzinhos” foram dados como mortos e, agora, eles trabalham mais secretamente ainda (a partir de uma sala dentro de um hospital???) fazendo exatamente o que faziam antes, ou seja, resgatando mutantes perseguidos pelo Sentinel Services, ao passo que os mutantes “malvados” (o que pelo momento inclui Polaris e Andy Strucker com aparência e atitude bad boy de um T-Bird platinado) continuam… humm… malvados.

Reed tornou-se o líder de fato do pequeno grupo e vem sofrendo – e escondendo – manifestações do que parece ser seus poderes suprimidos por seu pai quando ele era pequeno, o que pode ser uma linha narrativa muito interessante a ser explorada já que os Von Strucker parecem, todos eles, ter poderes “fora da curva”. Como o orçamento mirrado lidará com isso, confesso que não sei, mas ter Reed com habilidades especiais tornará sua inclusão efetiva na estrutura da história bem mais orgânica e independente de seus filhos. O mesmo não pode ser dito de Caitlin, aqui retratada como uma mãe obcecada em achar seu filho, recusando-se a aceitar que Andy não foi sequestrado, mas sim decidiu ir embora. Se é cansativo ver a personagem em tom monocórdio sobre o assunto, sua atitude afeta Lauren profundamente, considerando que ela parece traumatizada pelos eventos da “fusão Fenris” que levou à obliteração do ex-quartel general do grupo. O problema é que Natalie Alyn Lind, diferente do que imaginava que aconteceria na medida em que ela se enfronhasse mais em Lauren, não tem profundidade dramática para espanar o verniz estereotípico de “loira burra” de seu personagem. É infelizmente parecido com minhas reticências sobre Cameron Cuffe, em Krypton.

Flutuando ao redor dos Von Strucker, pouca coisa acontece com os três outros mutantes do “lado da luz”. Pássaro Trovejante e Blink estão juntos e Eclipse faz de tudo para reunir-se com sua Lorna, mesmo que para isso tenha que aliar-se a um mutante hacker com interessantes, mas pouco explorados poderes e cuja ameaça, no episódio, chega a ser risível.

No lado das trevas, é curioso como, depois do massacre do preâmbulo, o roteiro do próprio Matt Nix pinta Reeva e as Irmãs Stepford como personagens benignas, que realmente só querem o bem da humanidade (ou seria mutanidade?), sem sequer deixar entrever um subtexto maquiavélico qualquer. Sim, Lorna tem suas desconfianças sobre as prioridades das moças ao ponto de fazer Andy prometer que salvaria sua bebê se o pior acontecesse, mas o fato é que até essa ameaça parece vazia, com as quatro realmente e genuinamente querendo ajudar. Claro que isso pode funcionar para trazer uma bem-vinda ambiguidade para as personagens, mas faltou um pouco de visão de futuro para o Inner Circle ao torná-las tão “domadas” ao longo de basicamente todo o episódio.

Mas todas as sequências relacionadas com Lorna super-grávida destruindo Washington D.C. com suas contrações foram boas, ainda que a construção da gaiola de plástico tenha me parecido muito atrasada em todo esse processo, além de não fazer sentido a exposição do Inner Circle a potenciais riscos com a evacuação da fábrica de munições no meio da cidade, já que seria muito mais lógico levar Polaris para o campo, longe de metais. Mesmo assim, foi divertido ver a extensão dos poderes dela que basicamente ignoraram a existência da redoma (o que também é estranho, mas deixemos passar…) e apagaram a cidade inteira, até permitindo que Eclipse e os demais – com John “rastreando” eletricidade, vai entender – chegassem próximo do hospital improvisado.

Nesse começo da 2ª temporada, The Gifted não consegue mostrar muito bem a que veio, provavelmente graças ao foco exagerado no parto de Lorna. Com isso agora no passado, é importante que as bases para a construção da temporada sejam estabelecidas para além da estrutura básica representada pela ameaça dos Sentinel Services ou o velho e batido conflito entre facções mutantes. Para a série realmente alcançar seu potencial, é necessário um pouco mais do que mais do mesmo e, claro, que a Disney deixe o trabalho de Nix prosperar.

The Gifted – 2X01: eMergence (EUA, 25 de setembro de 2018)
Criação e Showrunner: Matt Nix
Direção: Robert Duncan McNeill
Roteiro: Matt Nix
Elenco: Stephen Moyer, Amy Acker, Sean Teale, Natalie Alyn Lind, Percy Hynes White, Coby Bell, Jamie Chung, Blair Redford, Emma Dumont, Skyler Samuels, Grace Byers, Hayley Lovitt, Jeff Daniel Phillips, Erinn Ruth
Duração: 44 min.

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