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Crítica | The Gifted – 2X04: outMatched

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Nós somos caras comuns que amam nossa espécie, nossas vidas e nossas famílias.
– Wilson (dos Purificadores)

Depois desse episódio, se me perguntarem que personagem de The Gifted eu não gostaria de enfrentar, minha resposta, sem titubear, seria Caitlin. Levar um soco de John, um berro de Reeva ou sofrer o controle mental das irmãs Stepford me parecem opções agradáveis perto do que essa mãe é capaz de fazer por seu filho. Fiquei com medo…

Mas, sem brincadeira agora, a queda constante da personagem para o lado negro da Força tem dado gosto de ver e, aqui, ela ultrapassa o ponto sem retorno e mostra que não tem nenhum problema em sequestrar, torturar e quase matar alguém (no caso o irmão de Wire, Graph, vivido por Adam David Thompson) se sua família estiver em jogo. Claro que é um sentimento que qualquer pai ou mãe deve ter por sua prole e, nesse sentido, é algo com que podemos nos identificar muito facilmente. Mas uma coisa é ter o sentimento e outra bem diferente é agir de acordo, chegando a esse grau perigoso, que a coloca em pé de igualdade com os métodos do Inner Circle (ou quase lá).

Só que Caitlin não está sozinha no uso de seus métodos. E isso é o melhor, pois não a transforma em um peixe fora d’água, condenada por todos. Muito ao contrário, Reed, Lauren e também John e Marcos estão nessa, se não for ajudando diretamente, pelo menos não interferindo de maneira assertiva. Até mesmo Blink, a mais relutante de todas não faz mais do que mandar olhares reprovadores o tempo todo e nada mais. Não fazer nada é fazer, afinal de contas. E, com isso, o episódio aposta firme na relativização completa de seus personagens ditos “bonzinhos”, trazendo para a série uma aura sombria muito bem-vinda e, diria, corajosa, já que pode afastar espectadores que esperarem definições mais claras do lado por que torcem.

Mas o núcleo dos Strucker só fica melhor, com Reed conversando com John sobre seus poderes, mas não na linha do que poderíamos imaginar. Afinal, se pegarmos qualquer quadrinho mainstream (ou, na verdade, qualquer filme de super-herói), quando alguém descobre um poder, o mais comum é que ele ou ela abrace a nova habilidade, tentando usá-la para o bem de alguma forma. Aqui, Reed quer suprimir seus poderes, indo contra sua própria natureza. Há um subtexto sobre assumir-se pelo que a pessoa é que não passa despercebido e coloca Reed em uma espiral potencialmente complicada que pode levá-lo a ficar viciado em medicamentos, como o vemos ao final, desesperando, tentando tomar suas pílulas enquanto seu poder descontrolado derrete tudo.

E não podemos esquecer de Lauren. Finalmente convencendo seus pais a deixá-la tentar trazer Andy de volta ao seio familiar, a jovem sofre um baque ao notar que seu irmão não tem qualquer problema em nocauteá-la com seus poderes, já que os escudos plástico-bolha, convenhamos, até agora não disseram muito bem a que vieram. Com ela desmaiada ao final, vemos o impacto da situação perante seus pais e também perante o restante do grupo, visivelmente abalado por todo o ocorrido.

No meio disso tudo, há a operação no sanatório, com Lorna e Andy, ajudados pelas irmãs Stepford, tentando resgatar algum mutante que provavelmente Reeva precisa para seus planos. Pareceu-me uma mulher, talvez ainda uma menina, mas teremos que esperar para saber quem a líder do Inner Circle precisa tanto a ponto de montar uma operação gigante para libertar a nova personagem. Confesso que não consigo nem imaginar, considerando a quantidade de mutantes do universo Marvel, mas fiquem à vontade para especular.

Meu único problema com as sequências de ação é uma impressão que continua muito presente lá no fundo de minha mente: será que Lorna e Andy estão realmente fazendo tudo isso por vontade própria, sem qualquer controle ou sugestão mental das telepatas loiras? Torço muito para que não haja qualquer tipo de manipulação e que eles realmente tenham se bandeado para o lado de lá por concordarem com o plano mirabolante de Reeva que ainda permanece muito bem escondido. Se houver controle, muito da força da série desaparecerá, já que a cisão do grupo original é da essência da construção narrativa até aqui.

Finalmente, não posso deixar de falar de Jace Turner, talvez o mais trágico personagem da série. Não bastasse ter perdido sua filha em um atentado e seu emprego, sua obsessão anti-mutante o afasta também de sua esposa, com aquele momento constrangedor na delegacia, no episódio anterior, sendo seu ponto mais baixo até agora. Mas “até agora” é a expressão de ordem, já que, graças ao contato do policial Wilson (Tom O’Keefe), que o atendera originalmente na delegacia, ele provavelmente passará a fazer parte do grupo supremacista Pacificadores, deixando de vez sua “pele” de oficial da lei e abraçando seu lado preconceituoso e raivoso. E, com isso, Turner provavelmente voltará a ganhar destaque na série como inimigo jurado dos mutantes, só que, dessa vez, unindo-se a um grupo que, pelo menos em tese, pode efetivamente significar uma ameaça tanto para o Inner Circle quanto para o Mutant Underground. Assim como Caitlin, Jace parece ter chegado ao ponto sem retorno. E isso é muito interessante!

outMatched marca o ponto mais alto da temporada até agora e coloca a série em um patamar muito promissor. Creio que a situação dos mutantes ainda piorará exponencialmente antes de sequer esboçar uma leve melhora. Mas essa é, infelizmente, a sina daqueles que são diferentes.

*The Gifted não irá ao ar na próxima semana, voltando no dia 30 de outubro. 

The Gifted – 2X04: outMatched (EUA, 16 de outubro de 2018)
Criação e Showrunner: Matt Nix
Direção: Deran Sarafian
Roteiro: Marta Gené Camps
Elenco: Stephen Moyer, Amy Acker, Sean Teale, Natalie Alyn Lind, Percy Hynes White, Coby Bell, Jamie Chung, Blair Redford, Emma Dumont, Skyler Samuels, Grace Byers, Hayley Lovitt, Jeff Daniel Phillips, Erinn Ruth, Michael Luwoye, Adam David Thompson, Tom O’Keefe
Duração: 43 min.

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