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Crítica | “The Magical Whip” – Blur

por Handerson Ornelas
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Parece que o mundo da música vem recebendo muitos retornos recentemente. Temos desde Faith No More voltando aos estúdios depois de mais de 15 anos, rumores e comentários sobre a volta do Oasis, e por fim, o Blur, que volta a lançar um disco de inéditas após mais de 10 anos. Depois de um desentendimento do guitarrista Graham Coxon com os rumos que a banda seguia em Think Tank, novos projetos do líder Damon Albarn, um hiato e um retorno aos palcos com a formação original, finalmente o grupo britânico volta a lançar um novo trabalho de inéditas. Em The Magical Whip, a banda que renovou o rock britânico na década de 90, liderou o processo de criação do britpop e influenciou ao máximo o atual rock alternativo, se mostra mais madura, ainda que pouco transgressora.

A canção e single que abre o disco, Lonesome Street, parece uma propaganda pra atrair o público e mostrar que a essência da banda ainda é a mesma. Se percebe aquele tom pop dançante característico do auge da banda em discos como Parklife e Modern Life Is Rubbish. Entretanto, demonstra ser uma imagem um tanto enganosa para o álbum, visto que The Magical Whip segue muito mais um estilo maduro, introspectivo e melancólico, como uma versão adulta daqueles jovens da década de 90. Damon Albarn, que antes cantava de maneira mais solta, hoje possui uma postura mais moderada, algo nítido tanto na monótona New World Towers, quanto na animada Go Out, onde sua voz lidera um antro de distorções de guitarra.

É interessante também ver a evolução de Albarn. Após passar por diferentes projetos, como Gorillaz e carreira solo, é perceptível uma expansão da música do vocalista, como mostra os instigantes sintetizadores psisodélicos de Ice Cream Man e sua divertida letra feita pra cantarolar. A seguinte Thought I Was A Spaceman também demonstra isso, uma faixa que, se não passar despercebida por alguns devido a uma certa monotoniedade inicial, apresenta uma profundidade grande na união de sua letra, seus sintetizadores e seu derradeiro – e ótimo – solo de guitarra.

I Broadcast tenta relembrar os hits do Blur, mas parece desmotivada e cai no vale comum, se mostrando algo típico de uma banda indie atual, sem um diferencial e candidata forte a mais fraca do disco. São nas tentativas de retomar seu tempo mais jovem que o Blur mais falha. Seja devido ao atual cenário musical (que parece cheio desse tipo de canção) ou o pique dos membros, (que não tem mais seus 20 e poucos anos) o disco se mostra mais inspirado nas canções mais contidas do que nas mais verborrágicas (Lonesome Street, Go Out, I Broadcast).

E é comprovando o que foi dito no parágrafo anterior que a segunda metade do álbum parece acertar bastante. Em uma forte pegada Beatles (influência forte na construção do Britpop) temos na melancolia de My Terracotta Heart, na marcha dramática de There Are Too Many Of Us e no swing caribenho de Ghost Ship, excelentes canções para serem tocadas nas rádios.

Além da capa do disco – um anúncio de sorvetes na China – é nos títulos de Pyongyang e Ong Ong que percebemos parte da grande inspiração de Albarn nos tempos que passou em Hong Kong com a banda pra criação do disco. Ambas ótimas composições, recheadas de uma melancolia que tem seu destaque nos excelentes refrões (até mesmo cantando os clássicos “La La La” dos Beatles, presentes em Ong Ong). Finalmente, é com o som da bela e tranquila guitarra em Mirrorball – quase flertando com o shoegaze – e os versos repetidos “Hold Close To Me” que o álbum se encerra.

The Magic Whip não é um trabalho qualquer do Blur. Está longe de uma primoridade ou do ápice de inspiração da banda, mas soa como uma versão amadurecida do grupo que gritava “Uhuu” nos refrões de Song 2. E assim como com um adulto, a banda em seu novo disco tem tanto seu lado “chato” quanto seus momentos de total comprometimento. No fim, é definitivamente um bom retorno.

Aumenta!: Ice Cream Man
Diminui!: New World Towers

The Magical Whip
Artista: Blur
País: Reino Unido
Lançamento: 27 de abril de 2015
Estilo: Indie Rock, Britpop, Rock Alternativo

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