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Crítica | The Terminator: Death Valley

por Guilherme Coral
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estrelas 1,5

A capacidade das máquinas sentirem emoção fora algo abordado apenas superficialmente em O Exterminador do Futuro 2Gênesis, algo que, efetivamente, nunca ocupou o palco central do universo criado por James Cameron. Através do T-800 interpretado por Schwarzenegger no mais recente filme podemos observar algumas mudanças na sua disposição (como piadinhas e o infame sorriso). Death Valley procura trazer uma abordagem mais enfática sobre o assunto, porém acaba caindo na mesmice de uma trama que parece apenas copiar o que já fora feito anteriormente, ao invés de explorar melhor seus aspectos únicos.

8fd556ca85cab1dbaf59deae4982db92_lComecemos pela premissa amplamente utilizada – a Skynet, em 2029, envia uma dupla de exterminadores para tentar assassinar o jovem John Connor, já que suas tentativas de eliminar sua mãe foram infrutíferas no passado. Dito isso, os dois robôs viajam para 1998 em busca de Sarah e seu filho. A trama, porém, não gira completamente em torno dos dois alvos e mantém sua atenção nos dois assassinos, um ex-policial que busca impedi-los e o líder de uma gangue, que fora dizimada logo na chegada dos ciborgues. Curiosamente, o roteiro de Alan Grant traz um gigantesco problema de continuidade. Levando em conta que os eventos de O Julgamento Final ocorrem em 1995, era de se esperar que John contaria com uma disposição diferente e até mesmo saberia lidar com exterminadores, o que vemos, contudo, é uma criança completamente ingênua, que não possui qualquer valor dentro da narrativa, serve apenas como a criança em perigo, fazendo aparições esporádicas. Em diversos momentos chegamos a questionar se o segundo longa-metragem faz, efetivamente, parte desse mesmo universo trabalhado por Grant.

O emocional das máquinas, portanto, seria o ponto que mais conseguiria nos atrair dentro dos quadrinhos, mas mesmo isso não é abordado de maneira satisfatória. Um dos T-800 enviados para o passado começa a observar as particularidades da vida ao seu redor, mas a ênfase nesse aspecto do roteiro é jogado para o lado com as sequências de ação, demonstrando uma nítida falta de foco por parte do roteirista, que parece não saber qual lado de sua história deve, de fato, trabalhar. A sensação deixada ao fim é a de um enredo incompleto, que apenas arranha a superfície, sem efetivamente trazer nada de novo. O Exterminador do Futuro 2, nesse sentido, faz um trabalho muito melhor, levando em conta o sacrifício final do personagem de Arnold e as palavras de Sarah Connor após o ocorrido.

mzl.jwqbayszA arte, nas mãos de Steve Pugh, que substitui o traçado mais bruto de Guy Davis após a edição #0, apresenta indivíduos mais carrancudos, com traços mais fortes, escolha que acaba combinando com a desolação do Vale da Morte, onde a história se passa em 1998. O trabalho com as expressões dos personagens, porém, deixa a desejar, especialmente considerando o T-800 “sentimental”, fazendo com que a imagem tenha de se apoiar incessantemente no texto para transmitir sua ideia por completo. Esse ponto gera uma desconfortável quantidade de balões de pensamento e narração, que tiram em sua maior parte a fluidez da leitura, fazendo com que o leitor, diversas vezes, perca o interesse pelas páginas diante dele, especialmente considerando a falta de originalidade nelas.

Terminator: Death Valley, é, portanto, uma história inteiramente dispensável, que não só não traz nada de novo, como entra em conflito com o material apresentado antes, como se o roteirista Alan Grant não houvesse assistido O Exterminador do Futuro 2. Com uma trama inconstante com nítidos problemas de ritmo, certamente não será um atrativo mesmo para os fãs de longa data da franquia.

Terminator: Death Valley (EUA, 1998)
Roteiro:
Alan Grant
Arte: Guy Davis (edição #0), Steve Pugh (#1 a 4)
Cores: Dave Stewart
Editora (nos EUA): Dark Horse Comics
Editora (no Brasil): Ainda não publicado
Páginas: 120

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