Home TVEpisódio Crítica | The Walking Dead – 7X11: Hostiles and Calamities

Crítica | The Walking Dead – 7X11: Hostiles and Calamities

por Gabriel Carvalho
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  • Observação: Há spoilers do episódio e da série. Leiam, aqui, as críticas de todas as demais temporadas, dos games e das HQs. E, aqui, da série spin-off, Fear the Walking Dead.

Depois do bom episódio da semana passada, The Walking Dead retornou mais uma vez focado em apenas um núcleo, como é de costume no seriado. Episódios focados em apenas um núcleo costumam ser mais arriscados, ainda mais agora que temos os protagonistas dispersos pelas diferentes comunidades. Esses formatos, para alguns, também aparentam ser um alongamento desnecessário de arcos embora interessantes, não tão importantes. A redundância acaba por ser sentida em diversos casos, como o de Morgan e recentemente, de Negan. Tramas menores acabam por ser mais destacadas e realçadas que tramas maiores, como a marcha para a guerra, o que pode incomodar o espectador.

Dessa vez, portanto, temos apenas dois focos narrativos. O primeiro tem Eugene que levado como refém por Negan, acaba por receber um tratamento peculiar. E já o segundo coloca a fuga, e consequentemente, o desaparecimento de Daryl refletido em Dwight, que está inclinado a acreditar que sua ex-esposa Sherry, que também está desaparecida, foi responsável por ajudar o nosso motoqueiro selvagem a escapar.

Claramente é perceptível que temos um episódio fechado que apesar de levar o seriado para novos caminhos, como uma troca de lados na guerra, funciona, de certa forma, independente. Não há a necessidade de um cliffhanger estúpido, por exemplo.  Não há uma incessante busca para trazer o público para o próximo episódio. Essa é uma marca conhecida da série, que, ainda sim, não tem trazido bons frutos nessa temporada, com exceção de The Well e The Day Will Come When You Won’t Be. Temos uma clara estrutura de: personagem começa de um jeito, personagem é desenvolvido por meio dos acontecimentos do capítulo e finalmente, personagem termina de um novo jeito, para que então em outro episódio a construção recomece. Um ciclo, propriamente dito.

Como dito anteriormente, as tramas menores são o foco da vez, embora as mesmas tragam possíveis relações proveitosas para com a construção da guerra em si. A começar pelo personagem Eugene que tem sua maior exploração de fato desde sua introdução na quarte temporada. Os diálogos agressivos e tom mais grosseiro de Rosita com o personagem parecem ter afetado seriamente a afinidade e confiança do professor de ciências com o grupo de Alexandria. Uma ótima sacada do roteiro, embora seja um furo que sua relação de amizade com Tara tenha sido simplesmente esquecida (outro motivo para que “Swear” fosse um episódio totalmente diferente e que soubesse utilizar sua personagem de maneira inteligente).

Todavia, é notável o trabalho de indução do roteiro a levar Eugene de um ponto A para um ponto B com esmera atenção. Esperto, Negan começa a provocar a criação de laços com o cientista, levando-o a tentações e ameaças que o torna passível de preferência pelos Salvadores. Aliás, mesmo que sua atitude final seja digna do termo covarde, o autoconhecimento que Eugene tem de si mesmo e de suas barreiras alia-se ao fato de que sua mente esteja criando justificativas para sua covardia. E Negan, que não é bobo nem nada, dá margem para que essas justificativas mentais de Eugene sejam críveis para si mesmo, e talvez, para o próprio espectador.

Mas se por um lado Negan é estrategista com o seu novo refém, por outro, suas atitudes são inconsistentes com Dwight. Sério que o líder dos Salvadores acreditaria que D teria atacado e deixado sua ex-esposa morrer nas mãos de zumbis? Que o Dr. Carson, estranho que é, teria algum relacionamento amoroso com Sherry? Sério que ele ainda mataria o médico, mesmo que não tenha muitos profissionais da área ainda vivos? Toda a construção dos acontecimentos envolvendo o personagem de Negan com Dwight é feita de maneira pobre, utilizando de artifícios narrativos muito fracos. E por que matar um personagem que nem teve chances de fazer presença direito? Felizmente, Austin consegue entregar uma atuação competente. A direção de Kari Skogland, mais sensível e intimista também consegue criar uma sequência dentro da casa onde Sherry supostamente estaria muito emocionante, com a atuação de Austin apenas a acrescentar.

 Se a construção do arco de Dwight não é feita da maneira mais adequada, a de Eugene é maravilhosa. Desde a introdução e o choque entre a expectativa e realidade, até o último diálogo com o homem do bastão de beisebol, que, aliás, é sensacional, a criação de mais um soldado para Negan em nenhum momento soa falsa. Ademais, as tiradas cômicas com o personagem são muito boas e o potencial de atuação de Josh McDermitt começa a ser explorado. Ver Eugene jogando videogame não poderia ser mais agradável. O fato de as esposas de Negan mostrarem interesse na queda do marido também cria novas possibilidades para o enredo, criando ruídos no estabelecimento do poder do tirano.

Funcionando como um ótimo contraponto com The Cell, o episódio dessa semana se baseia muito mais em apenas ver Eugene se deliciando ao som de “Easy Street” ou comendo picles. Mesmo com um Negan sem muito que fazer, uma narrativa mais preguiçosa, alguns minutos a mais (alguém está entendendo esses episódios estendidos) e vários diálogos bem ruinzinhos, Scott Gimple acerta em cheio em promover uma história cíclica, que começa e termina em menos de uma hora. Infelizmente, com um elenco cada vez maior, deve ser entediante para a maior parte dos espectadores ficarem vendo essas contemplações e desenvolvimentos mais pessoais de personagens menores, mesmo que sejam tramas cruciais para a solidificação de uma boa história. Enquanto tínhamos apenas três ou quatro grupos pequenos separados durante a quarta temporada, The Walking Dead funcionava melhor. Hoje, com o triplo de atores no elenco, e aumentando esse número mais e mais, eu realmente não sei o que Gimple planeja adiante para com a série.

The Walking Dead – 7X11: Hostile and Calamities (EUA, 26 de fevereiro de 2017)
Showrunner: 
Scott M. Gimple
Direção:
Kari Skogland
Roteiro:
David Leslie Johnson
Elenco: 
Andrew Lincoln, Norman Reedus, Lauren Cohan, Chandler Riggs, Danai Gurira, Melissa McBride, Lennie James, Sonequa Martin-Green, Josh McDermitt, Christian Serratos, Alanna Masterson, Seth Gilliam, Alexandra Breckenridge, Ross Marquand, Austin Nichols, Tovah Feldshuh, Michael Traynor, Jordan Woods-Robinson, Katelyn Nacon, Corey Hawkins, Kenric Green, Ethan Embry, Jason Douglas, Tom Payne, Xander Berkeley, Jeffrey Dean Morgan, Khary Payton, Steven Ogg, Debora May, Sydney Park, Mimi Kirkland, Briana Venskus, Nicole Barré
Duração: 
44 min.

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