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Crítica | Thor: Ragnarok – Prelúdio do Filme

por Guilherme Coral
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Não é segredo algum que os prelúdios em quadrinhos dos filmes do Universo Cinematográfico Marvel são completos caça-níqueis, com a editora meramente aproveitando o hype do filme para lucrar ainda mais. Até a revista correspondente ao longa-metragem do Doutor Estranho, contudo, essas publicações, ao menos, ofereciam algo de novo – desnecessário, sim, mas, pelo menos, sua própria existência era minimamente justificada. Do prelúdio de Guardiões da Galáxia vol. 2 para cá, no entanto, tais edições trouxeram apenas adaptações porcas de filmes anteriores do UCM. O mesmo ocorre aqui, com esse prelúdio de Thor: Ragnarok.

Dessa vez, o alvo da adaptação são os filmes O Incrível HulkThor: O Mundo Sombrio, cada um dividido em duas edições, que contam suas histórias do início ao fim, sem qualquer mudança ou acréscimo. Curiosamente, a escolha de adaptar tais longas já nasceu errada, visto que os eventos de Vingadores: Era de Ultron são muito mais relevantes para Ragnarok do que o primeiro filme (do UCM) do Gigante Esmeralda, em razão da explicação do porquê ele se encontrar em um planeta alienígena no terceiro filme do deus do trovão. Similarmente, o único aspecto relevante de Thor: O Mundo Sombrio é o fato de Loki se passar por Odin nos minutos finais da obra.

Dito isso, é seguro dizer que, tirando a primeira página da primeira edição e a última da quarta, todo o restante desse prelúdio é completamente dispensável, servindo apenas para quem não assistiu os respectivos longa-metragens e prefere pagar mais caro pela adaptação em quadrinhos do que por uma cópia digital (ou até física) do material original. Digo isso não somente pelo fato de não existir qualquer nova informação nas revistas, mas pela maneira como o roteiro de Will Corona Pilgrim (responsável pelo prelúdio de Homem-Aranha: De Volta ao Lar) corre para resumir todos os acontecimentos adaptados, chegando ao ponto que, em um quadro vemos o vilão ser dizimado e no outro, automaticamente, o herói está beijando seu par romântico.

Naturalmente que a diagramação segue a mesma linha, com quadros pequenos, colocando o máximo de informação possível em cada página. Splash pages, claro, nem dão as caras nessas revistas, mesmo nos momentos mais dramáticos, fazendo tudo soar como um grande fast-forward, equivalente ao assistirmos o DVD/ blu-ray na velocidade 4x. Dessa forma, não é criada qualquer tensão ou qualquer outra forma de engajamento do leitor com a obra, tornando-a até mais esquecível que os longa-metragens que adaptam – o que, certamente, não é tarefa fácil, ainda que O Incrível Hulk seja melhor do que muitos falam por aí.

Na arte, J.L. Giles trabalha no modo automático e chega a nos deixar felizes pelo fato de não existirem splash pages nesses quadrinhos. A caracterização dos personagens chega a ser vergonhosa, claramente feito as pressas, capturando apenas os traços principais de cada um e ignorando maiores detalhes, especialmente nas sequências de ação. Além disso, qualquer elemento presente em cena desaparece completamente em certos quadros, não como recurso artístico visível, mas como uma prova de que dispensaram ao máximo o que poderia ser deixado de fora, a fim de completar esse trabalho o quanto antes. O resultado é uma obra que nos obriga a pular de página em página, na ansiedade de terminar o mais rápido possível, para nos vermos livres dessa obra pouco inspirada.

Assim como os prelúdios em quadrinhos de Homem-Aranha: De Volta ao LarGuardiões da Galáxia Vol. 2, esse material relacionado a Thor: Ragnarok verdadeiramente serve apenas como fonte extra de lucro por parte da Marvel Comics, que nos entrega absolutamente nada de novo. Ao passo que até mesmo a escolha de quais filmes adaptar prova ser falha, não temos como defender um aspecto sequer dessa obra, que serve apenas, como já dito antes, para quem quer pagar mais caro por um material que, provavelmente, já conhecem.

Thor: Ragnarok – Prelúdio do Filme — EUA, 2017
Roteiro: 
Will Corona Pilgrim
Arte: 
J.L. Giles
Cores: 
Jay David Ramos, Andres Mossa
Letras: 
Travis Lanham
Editora original: 
Marvel Comics
Data original de publicação: 
julho a agosto de 2017
Editora no Brasil: 
não publicado no Brasil até a data de publicação da crítica
Data de publicação no Brasil: 
não publicado no Brasil até a data de publicação da crítica
Páginas: 
88

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