Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Doutor Estranho & Doutor Destino: Triunfo e Tormento

Crítica | Doutor Estranho & Doutor Destino: Triunfo e Tormento

por Erik Blaz
1,3K views

Em 1989, duas figuras essenciais na área dos quadrinhos juntaram-se para criar um dos melhores contos já feitos e colocados no papel, se tornando é claro, uma GRAPHIC NOVEL da época, aqui no Brasil uma “Graphic Marvel”.

Os dois mestres de quem falamos hoje são: Roger Stern (trabalhando como escritor tanto para a DC comics quanto para a Marvel comics e outras editoras, escreveu o crossover  “Hulk vs. Superman” e ajudou na criação de personagens como o Erradicador e Duende Macabro, entre outros) e Michael Joseph Mignola (também trabalhou tanto para a DC comics quanto para a Marvel comics mas como desenhista, criando grandes obras de arte como “Odisséia Cósmica”, e criador do fabuloso personagem Hellboy além de ilustrador do filme Dracula de Bram Stoker – 1992!).

Desta união, foi gerada a história “Triunfo e Tormento”, estrelada pelos dois doutores mais famosos do universo Marvel: O mago supremo das artes místicas Dr. Estranho e o temido monarca da Latvéria, Dr. Destino.

É possível, para um leitor menos experiente, dizer que são figuras distintas, mas, nesta aventura, que junta duas personagens geniais do universo Marvel, podemos conhecer muito mais da origem de Victor von Doom (Dr. Destino) e Stephen Strange (Dr. Estranho), ambos marcados por seus momentos de arrogância, deixando neles cicatrizes físicas e psicológicas, fazendo com que eles percorressem, sem saber, um caminho próximo do outro, cujos finais se tornariam diferentes como conhecemos.

No começo, nos é apresentado o mais antigo feiticeiro do planeta conhecido como Mestre Gêngis, que percebe estar chegando a hora de conjurar seus feitiços para fazer um chamado a todos os magos do globo e decidir quem herdará o título de “Mago Supremo” num fantástico desafio. O desafio era simples: libertar o próprio feiticeiro Gêngis de uma prisão de cristais mágicos formada pela entidade suprema conhecida como Vishanti. O primeiro que conseguisse tal proeza teria como prêmio o título, porém, e os demais que não conseguissem? Se tornariam temporariamente “zumbis” até que o desafio se encerrasse.

Contudo, como o monarca da Latvéria, homem da ciência, se encaixa nisso?

Bem, neste conto descobrimos um pouco mais sobre as origens de nossos protagonistas como ditas anteriormente, no caso de Victor Von Doom, este vem de uma família cigana, que desde sua infância leva consigo vários ensinamentos místicos, dos quais o fizeram apto para ouvir o chamado de GêngisO que nos leva para a próxima pergunta: Qual seu interesse no título de “Mago Supremo?

A curiosidade corre até que Dr. Estranho ganha o título com ajuda de seus conhecimentos e apetrechos místicos (o famoso Olho de Agamotto e o Manto Flutuante) mostrando ser algo realmente simples, não significando é claro, ser algo fácil. A calma e a circunspecção eram o mais importante para se ganhar o desafio, no qual todos empunhavam força bruta com tentativas de obter uma fama maior.

É incrível como cada personagem, por mais pouco que apareça tem sua personalidade bem definida, tanto por suas falas quanto pelos desenhos de Mignola, que se mostram simples ao mesmo tempo que cativantes.

Todavia, voltando para a indagação dos interesses de von Doom, o desafio definido pelo poderoso mestre Gêngis tinha um pequeno “detalhe”: aquele que conseguisse escapar do poder dos cristais de Vishanti e não se transformar-se em um “zumbi”, teria como direito um favor concedido pelo novo Mago Supremo. E Dr. Destino sobreviveu, mas seu pedido não envolvia questões políticas, derrotar o Quarteto Fantástico ou conquistar o Universo e sim resgatar a alma de Cynthia Von Doom, sua amada mãe, nos domínios infernais de MEFISTO. Isso mesmo… Mefisto, a entidade mais demoníaca e malévola do Universo Marvel, possuía consigo a alma da mãe do homem mais temido da Terra. O mistério começa a rondar a história, a cada quadro, aquela vontade de descobrir o que vai acontecer…

Com alguma hesitação, Strange acaba aceitando esta perigosa missão. Algo que homem algum com tal título poderia deixar de fazer. Rumo à Latvéria para o início da difícil jornada, aprendemos mais sobre o misterioso Dr. Destino, que tem realmente uma triste história, começando antes mesmo de nascer, ainda no ventre de sua mãe, e que possui provavelmente o único povo que ama seu ditador. Como um homem tão amado pelo seu povo, pode ser o ser mais temido pelos maiores heróis da Terra?

O enredo de Stern nos prende de certa forma, que faz com que tenhamos um carisma ainda maior pelos protagonistas e personagens a sua volta, para quem não os conhecia antes, possivelmente os colocará na lista de personagens prediletos, afinal, além de seus gestos, emoções e personalidades serem extremamente bem colocadas a personificação deles nos traços de Mignola nos deixam com aquele gostinho de “quero mais!” mesmo nem tendo chegado ao final da história.

Pulando para o epílogo desta aventura, onde nossos “destemidos heróis” enfrentam as hordas do Hades pela obtenção da alma da mãe de Destino, a aventura se torna cada vez mais perigosa e árdua, Mefisto, o demônio, é um ser persuasivo, maligno… a “encarnação de todo o mal” como ele mesmo se denomina e é incrivelmente acirrante como os demais personagens. Seu ser é de fato pura maldade e isso nos traz uma visão do antagonista perfeito, pois não pode ser detido e nem chantageado.  Ao desfecho, quando tudo parece estar perdido, Victor Von Doom prova a todos que até mesmo ele, o homem mais temido, arrogante e vilanesco, pode ser o homem mais honrado e de bom coração que poderíamos conhecer.

A emoção, os fios dos braços arrepiados e uma conclusão de deixar os cabelos em pé tornam esta obra-prima um dos melhores contos já realizados pela Marvel comics.

Desde o início percebemos que os traços de Mignola tem uma expressividade excelente, que os quadros que precedem-se são como um filme, porém, vistos no papel e cada cena descrita, cada ação, cada personagem que Stern cria e define, são espetaculares, personagens de pequenas aparições que nos deixam curiosos e a personalidade dos protagonistas brincada de um jeito jamais visto antes. Aliás, é nesta Graphic Novel que Destino solta uma frase que se estenderá por toda a vida do personagem, também escrita na contracapa da revista: “Dor? Dor é como o amor, a compaixão! É atributo de homens inferiores. O que é dor para Destino?” (Frase da primeira publicação aqui no Brasil). A antiga Graphic Novel foi relançada no começo deste ano (2013), em formato encadernado, como item de colecionador, essencial para todos os iniciantes nas artes místicas de ler comics!

E o final? Bem meu querido leitor, use seu Olho de Agamotto para caçar este espetacular  encadernado, pois vale cada quadro de cada página!

Triunfo e Tormento – EUA, 1989
Roteiro: Roger Stern
Arte: Mike Mignola
Arte-final: Mark Badger
Cores: Mark Badger
Editora: Marvel Comics
Editora no Brasil: Panini (lançamento em 2013)
Páginas: 86

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais