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Crítica | Viva a Liberdade

por Gabriela Miranda
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Um rosto que mostra a derrota e a falta de ânimo. O outro que mostra a segurança e o otimismo. Qual desses dois é o rosto de um político? Em um retrato que remete à paralisia política enfrentada pela Itália no cenário atual, o diretor Roberto Andò cria uma dualidade fácil de ser reconhecida a partir da dupla figura profissional demonstrada por dois irmãos gêmeos, que desempenham o mesmo cargo no principal partido de oposição.

Isso se dá a partir da substituição entre os dois no momento em que Enrico Oliveri, o secretário geral de um dos principais partidos da oposição, decide escapar do embaraço e se esconder por um tempo. É assim que Giovanni Ernani entra em cena para fazer um contraposto com a dureza com que o irmão encara o trabalho.

A maneira como cada um lida com o desafio de trazer a esperança para dentro do discurso político se difere desde logo. Giovanni mais parece alter ego da população enquanto que Enrico parece incorporar todas as fraquezas e dificuldades enfrentadas por um político que se perde no caminho até o poder. Toni Servillo interpreta ambos personagens de maneira esplêndida.

A substituição que ocorre entre as personagens remete ao filme Dave – Presidente por um Dia, com Kevin Kline, em que ele é sósia do presidente dos Estados Unidos e com bastante dinamismo e energia consegue melhorar a popularidade dele durante uma crise.

Retomando o filme em questão, o contraste entre a Itália fora das telas e a que poderia ser contada no cinema é alcançado pela maestria com que o ator consegue explorar as emoções. É preciso uma voz clara. Em discurso proferido para uma plateia descrente, Giovanni consegue arrancar aplausos ao questionar a situação de fraca visibilidade que o próprio partido exerce dentro do cenário político. Até então se torna admirável a maneira como ele reverte a opinião pública a respeito da própria atuação como secretário.

No entanto, nessa descrição de mudança positiva se esconde o argumento do filme de que tudo tem dois lados e que existe um cenário ideal para a política e aquele da realidade, representados respectivamente pelos dois irmãos. Enquanto um renova a esperança do povo, o outro renova a esperança em si mesmo.

E isso acontece a partir de uma narrativa repleta de momentos bem humorados se contrapondo com uns mais intensos, o que descreve bem o equilíbrio no roteiro. Além disso, o longa-metragem permite que o personagem de Giovanni aproveite bem o espaço físico e a interatividade corporal, atraindo para si certa excentricidade. Já que Enrico é uma personagem contida, presa atrás da imagem que quer associar a si com a mesma autenticidade da coloração de seus cabelos.

Viva a Liberdade (Viva la Libertà, Itália, 2013)
Diretor: Roberto Andò
Roteirista: Roberto Andò
Elenco: Toni Servillo, Valerio Mastandrea, Valeria Bruni Tedeschi, Michela Cescon, Gianrico Tedeschi, Eric Nguyen
Duração:  94 min.

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