Home QuadrinhosMinissérie Crítica | Volta ao Lar: Homem Animal, Estelar e Adam Strange (2007)

Crítica | Volta ao Lar: Homem Animal, Estelar e Adam Strange (2007)

por Luiz Santiago
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Por mais irritantes que sejam todas essas sagas bizarras da DC Comics, sua absurdamente confusa linha de publicação e histórias “feitas para arrumar e descomplicar” que na verdade bagunçam e confundem ainda mais, em um momento ou outro, elas nos trazem tramas tão bem fechadas e tão divertidas de se ler que não resistimos à tentação de elogiar (pelo menos esta parte) da iniciativa. Esse é o caso da série em oito partes intitulada Countdown to Adventure, (por aqui, Volta ao Lar) que marca os momentos iniciais de retorno do Homem Animal e Estelar à Terra e o retorno de Adam Strange ao planeta Rann. O trio de heróis esteve isolado no Espaço (temporariamente ao lado de Lobo, a partir de um certo ponto), depois dos eventos de Crise Infinita, e tiveram sua saga Espacial narrada na icônica série 52, cujos acontecimentos são amplamente referenciados aqui — mas é bom deixar claro para o leitor novato que não é necessário saber mais nada além disso para aproveitar a Contagem Regressiva Para Aventura.

Publicada juntamente com uma história secundária da Batedora (Forerunner/Viza’Aziv — que, a propósito, não é complemento da trama do Trio Improvável), Volta ao Lar se estabelece muito rapidamente com mudanças notáveis para os protagonistas, tendo Buddy e Adam como focos centrais e Estelar como uma passageira dos eventos, ganhando maior destaque no final da saga. Mas ao contrário do que isso possa parecer, não se trata de um mal aproveitamento da personagem pelo roteirista Adam Beechen. A colocação de Buddy e Adam como colunas centrais aqui vem pelo fato de ambos serem pais de família — o Homem Animal com dois filhos (Maxine e Cliff) e o Campeão de Rann com uma filha (Aleea) –, o que faz com que a invasão desta Contagem Regressiva afete não só a população de ambos os planetas mas também as famílias dos heróis, que já passaram por muitas provações e estiveram um ano inteiro vagando e lutando no Espaço. As coisas deixam de ser unicamente macro e passam para um micro campo.

No plot em Ranagar, temos a saudação de Adam, em seu retorno para casa, depois de um ano fora. Gosto muitíssimo da arte de Eddy Barrows e finalização de Julio Ferreira nessa primeira parte da série, especialmente pelos contrastes artísticos muito bem pensados, especialmente na planificação para os desenhos, dependendo do planeta que está sendo mostrado (as cores de TanyaRichard Horie também ajudam muito nessa percepção). Na Terra, vemos Buddy voltar ao trabalho e Estelar ser vista com um pouco de desconfiança por Ellen, que está desconfortável com uma alienígena laranja e sexy dormindo em sua casa, enlouquecendo seu filho no começo da puberdade e provavelmente deixando clara a paixão de seu marido… No enredo, tanto a faceta heroica e a familiar são retratadas em paralelo e questões mundanas como estas ganham importância não como um espetáculo ocasional de ciúmes e briguinhas entre marido e mulher (tanto que quando acontece, apenas com essa intenção, não funciona), mas como forma de colocar o papel do herói em perspectiva.

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Aquela referência…

O ódio é o tema principal aqui, tendo em Rann a sua pior presença, a ponto de a população assumir uma postura xenofóbica, racista, extremamente violenta e pregar abertamente o sloganMORTE A TODOS OS INIMIGOS DE RANN!“. Primeiro temos um culto e depois encontramos as verdadeiras manifestações de Lady Styx na ativa e é aí que a minissérie ganha corpo e as principais batalhas ganham vida. Se num primeiro momento a alternância entre as cenas em Rann e na Terra pareciam estranhas, um segundo olhar nos faz perceber melhor a intenção por trás disso, até porque a história da infecção, o sofrimento de Buddy e Adam, o isolamento e a crise pessoal de Estelar ou as cenas tenebrosas como as do ataque de Cliff simplesmente nos mantém colados às páginas, acompanhando a fluidez dos acontecimentos, a colocação de tudo em jogo e o contra-ataque dos heróis e das duas esposas, ambas com papel muito importante na trama.

As duas principais consequências imediatas aqui são as mudanças administrativas em Rann após o horror que passou nas mãos de Steven “Champ” Hazard, acenando para políticas de não-segregação e de cuidadosa linha de sucessão e métodos de luta para a proteção do planeta (sinceramente, acho que isso já deveria ser uma realidade para eles) e uma importantíssima descoberta do Homem Animal em relação aos seus poderes e sua relação com o Campo Morfogenético — algo posteriormente utilizado por Jeff Lemire, em um contexto de crise muito particular para Buddy, no excelente arco Babilônia em Hollywood e Evolua ou Morra!. Isso é que é voltar para casa com tudo!

Countdown to Adventure #1 a 8 (EUA, 2007 – 2008)
No Brasil:
Panini (2008 – 2009)
Roteiro: Adam Beechen
Arte: Eddy Barrows, Allan Goldman
Arte-final: Julio Ferreira
Cores: Tanya Horie, Richard Horie
Letras: Phil Balsman, Travis Lanham, Steve Wands, Sal Cipriano
Capas: Ivan Reis, Oclair Albert, Rod Reis
Editoria: Adam Schlagman, Eddie Berganza, Tom Palmer Jr.
190 páginas

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