Home QuadrinhosMinissérie Crítica | X-23: Alvo X (X-23 #1 a 6 – 2007)

Crítica | X-23: Alvo X (X-23 #1 a 6 – 2007)

por Ritter Fan
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estrelas 4

Depois que Laura Kinney, a X-23, apareceu nos quadrinhos pela primeira vez em NYX: Aspirante, egressa da animação X-Men: Evolution, ela ganhou uma série solo de origem por Craig Kyle e Christopher Yost que, assumindo o título Novos X-Men, Vol. 2, trouxe a personagem definitivamente para o seio do supergrupo mutante, costurando-a de forma definitiva no Universo Marvel. Mas Kyle e Yost tinham mais o que contar sobre a personagem e voltaram para abordar mais sobre seu desenvolvimento pré-X-Men em Alvo X, segunda minissérie dela, que conta o que aconteceu entre o final trágico de Inocência Perdida e sua aparição, dois anos depois, na última página da mesma série, já com um casaco dos X-Men.

Com isso, Alvo X funciona como a perfeita ponte para a personagem, trazendo-a de uma existência solitária para um mundo bem mais complexo povoado por uma miríade de heróis, algo que torna mais evidente ainda na cabeça da jovem que tipo de “criação” ela é. E os dois autores bebem diretamente da minissérie original, entrelaçando acontecimentos e fazendo leves retcons, com a inserção do Capitão América na primeira missão pública de X-23 que vemos em Inocência Perdida, assim como “revelando” que Kimura, invulnerável ao adamantium e que já havia aparecido nos quadrinhos, é sua arqui-inimiga, tendo trabalhado para o vingativo Zander Rice como a torturadora de Laura durante todo seu tempo de cativeiro.

Para estruturar a segunda minissérie solo da anti-heroína, Kyle e Yost utilizaram uma variação do artifício da narrativa em retrospecto, via carta, de Sarah Kinney, geneticista e “mãe” de Laura de Inocência Perdida. Alvo X começa com X-23 capturada, amarrada a uma cadeira e interrogada por ninguém menos do que o Capitão América e Matt Murdock. É partir desse ponto, a que voltamos periodicamente, que os roteiristas vão preenchendo os espaços em branco dos dois anos em que Laura “sumiu” depois de fugir do cativeiro, incluindo detalhes sobre como fez contato pela primeira com os X-Men e como ganhou seu primeiro “nome de super-herói”, Talon (que nunca “pegou” de verdade).

O foco da história é na tentativa de Laura Kinney em ser aquilo que definitivamente não é: ela foge para a casa de Debbie Kinney, irmã de sua mãe, cuja filha, Megan, ela resgatará das garras de um pedófilo anos antes a pedido de Sarah. As duas jovens, então, criam forte conexão, com Laura revelando detalhes sobre o que exatamente ela é para Megan, mas, sem saber, ao mesmo tempo deixando seu disfarce desmoronar, já que o namorado de Debbie, Desmond, na verdade é um espião infiltrado da Facility, grupo que criou Laura. O que segue faz jus ao título da minissérie, com Laura sendo impiedosamente perseguida por Desmond e Kimura e, no processo, lutando para para salvar sua única família. Do lado passado no “presente”, o Capitão América e Matt Murdock gradativamente começam a entrar em conflito sobre como tratar Laura: como criminosa ou como alguém que não tinha escolha em fazer o que fez e que luta contra sua própria natureza.

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O começo da humanização de Laura é muito bem trabalhado por Kyle e Yost, emprestando camadas interessantes à personagem que adicionam à sua personalidade conturbada e violenta. Se há alguma reclamação, está na facilidade com que ela se conecta com Megan, mas isso pode ser mitigado pelo fato de as duas já terem tido, ainda que de forma efêmera, uma ligação no passado, passado esse que é negado a Megan, chamada de maluca já que ninguém acredita que ela fora sequestrada uma vez. Chega a ser melancólico, na verdade, ver Laura enfrentar a si própria e perceber que jamais deixará de ser perseguida e que precisa, na verdade, aprender a viver com sua natureza instintiva, como seu “irmão” genético, Logan, fizera.

E o ponto alto da história, claro, é o primeiro encontro – cronologicamente falando, claro – entre os dois, em um embate épico e quase trágico como, afinal, é a marca da vida desses dois personagens. Alvo X poderia facilmente ser uma obra do selo Max da Marvel tamanha é a violência e a profundidade das questões levantadas pela jornada de X-23.

A arte ficou ao encargo de Mike Choi e Sonia Oback, por toda a minissérie, de forma homogênea. Os dois também trabalharam nas cores e na arte-final. No lado positivo, há as sequências de combate, que são, todas, de tirar o fôlego. Laura é usada em toda sua plenitude, valendo especial destaque para a já citada luta com Wolverine e, antes, a pancadaria na casa dos Kinney. O uso de cores quentes e frias passam a perfeita impressão da variação do estado de espírito de Laura, que começa achando que encontrara algo de bom em sua miserável existência somente para descobrir que ela nunca terá paz. Sua caracterização, que não perde o ar de “adolescente”, é de cortar o coração, pois transforma uma garota em uma máquina de matar de eficiência que rivaliza – diria até ultrapassa – a de seu irmão mais velho.

Mas nem tudo são flores. Choi e Oback desenham os rostos de todo mundo como tendo não muito mais do que vinte e poucos anos. O centenário Steve Rogers parece um personagem saído de Crepúsculo. Matt Murdock parece um almofadinha de série de TV sobre advogados jovens e Logan parece um aborrecente fazendo bico. E as cores não ajudam, especialmente no uniforme do Capitão, que parece ser “envernizado” ao ponto de ser absurda e ridiculamente lustroso.

Alvo X, porém, mesmo com sua arte menos do que sensacional, ainda é uma minissérie do mais alto gabarito que aprofunda na psiquê de Laura Kinney e a insere definitivamente no Universo Marvel mais amplo. Uma grande personagem, com uma espetacular introdução!

X-23: Alvo X (X-23: Target X, EUA – 2007)
Roteiro: Craig Kyle, Christopher Yost
Arte e cores: Mike Choi, Sonia Oback
Letras: Troy Peteri
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: fevereiro a julho de 2007
Editora no Brasil: Panini Comics
Data de publicação no Brasil: outubro e novembro de 2007 (em duas edições)
Páginas: 160

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