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Crítica | XCOM 2

por Guilherme Coral
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estrelas 5,0

XCOM: Enemy Unknown, lançado em 2012, trouxe um prato cheio para os apreciadores de um bom game de estratégia, além de uma envolvente história pautada em alienígenas e teoria da conspiração. O jogo recebeu críticas muito positivas e certamente foi gravado na memória daqueles que jogaram (e curtem o gênero, é claro). XCOM 2, portanto, já nasceu com a difícil missão de não somente nos oferecer algo no mesmo nível de qualidade, mas que melhorasse essencialmente o gameplay de seu predecessor, o que não é tarefa fácil. Somado a uma ótima história o game até supera as expectativas.

Antes de mais nada, é importante ressaltar que ter experimentado o primeiro jogo, ainda que seja recomendável, não é estritamente necessário – os eventos aqui transcorridos são muito bem explicados e em termos de roteiro a obra se sustenta por si só. A jogabilidade também, felizmente, é apresentada através de um simples e divertido tutorial, que já nos joga no meio da ação, nos mostrando os fatores básicos, neles incluso a mortalidade dos personagens que criamos, controlamos e nos afeiçoamos, no melhor estilo Fire Emblem de ser.

Iniciemos, porém, pelo enredo. Após os eventos de Enemy Unknown, a Terra foi dominada por alienígenas que se disfarçam das grandes massas, subjugando o homem em um futuro distópico que não foge do que já vimos em centenas de outras obras. A XCOM, porém, organização encarregada de eliminar essa ameaça extraterrestre não desistiu e cabe a nós construir de volta o poder que ela contava outrora. Insurgência e táticas de guerrilha muito bem definem a atmosfera de XCOM 2, ao passo que agora devemos combater o governo e não ser apoiado por ele, como era o caso na primeira entrada da franquia. Dito isso, rostos familiares e muitos novos irão pipocar ao longo da história, trazendo curiosidade para os novos jogadores e uma distinta nostalgia para os veteranos.

O gameplay em si mantém a mesma base, porém funciona de forma mais fluída em virtude de novos comandos possíveis. Cada fase do game, que segue os moldes dos clássicos rpg táticos, com cenários funcionando como um grande tabuleiro, precisa ser analisada e desvendada com cautela. Um movimento em falso nesse jogo de turnos pode significar a morte de um personagem que você cuidadosamente aperfeiçoou ao longo do game. Naturalmente o save/load está presente dentro dos estágios, mas jogadores mais hardcore contarão com uma experiência muito melhor, visto que a irreversibilidade cria uma maior tensão e urgência, provocando até mesmo alguns apertos no peito quando erramos um tiro ou nossa tática não dá certo.

Evidentemente, quando obtemos um sucesso pleno não é apenas nosso ego que é inflado, como também as recompensas da missão, especialmente a experiência adquirida por cada personagem, seja cumprindo objetivos adicionais, ou apenas não sofrendo dano algum (o que não é tarefa fácil). Essa experiência acaba fazendo com que os soldados utilizados passem de nível, garantindo a eles novas habilidades e até especializações, que vão do uso de armas de curto alcance até snipers. Dito isso, é essencial que montemos uma equipe bem equilibrada, que consiga sair de qualquer situação e essa montagem, evidentemente, deve ser pautada no objetivo em questão – resgatar vips requer um time diferente de simplesmente eliminar uma ameaça alienígena.

Somado a esse progresso quase passivo dentro do game, temos a possibilidade, também, de ampliar nossa base de operações, o que desbloqueia novos equipamentos e até classes para os personagens, recurso esse último que foi absorvido da expansão Enemy Within do jogo anterior. Essas construções do QG, também trazidas do antecessor, inclusive, inspiraram o mobile Fallout Shelter, que funciona praticamente da mesma maneira, especialmente no que diz respeito aos geradores de energia e jogabilidade. Temos uma visão geral que pode ser aproximada conforme a necessidade. Muito da história também ocorre aqui, fora do combate, conforme aprendemos mais sobre as intenções dos novos soberanos do planeta.

E já falando disso, o game cria um forte sentimento de corrida contra o tempo ao colocar um timer para que a construção de uma arma secreta alien seja finalizada. Esse tempo pode ser retardado ou até acelerado, dependendo do sucesso que obtemos em cada missão e essas devem ser escolhidas sabiamente – somos oferecidas várias, mas a escolha de qual fazer primeiro ou segundo afeta diretamente o resultado final do jogo. Não se trata, porém, de um Pikmin, com uma contagem regressiva ininterrupta, a história pode se estender por quanto tempo quisermos, contanto que realizemos as ações certas e, na maior parte dos casos, somos colocados diante de difíceis escolhas, um ponto interessantíssimo que muito afeta a imersão que sentimos no jogo.

Os gráficos, por sua vez, não deixam a desejar. Não se trata de um The Witcher 3, evidentemente, o estilo é totalmente diferente e uma visão ampla do cenário não requer um grau de realismo exagerado. O que chama a atenção é o design dos inimigos, uma mostra de criatividade bem aplicada que perfeitamente se encaixa com as habilidades de cada um deles, oferecendo um insight sobre o que enfrentaremos somente ao observar.

XCOM 2 conseguiu, portanto, trilhar o caminho do original, respeitando seu antecessor e nos trazendo uma experiência verdadeiramente viciante, que nos mantém presos do início até o fim. Rimos, comemoramos, choramos a cada missão e ficamos mais engajados a cada nível que nossa equipe passa. Temos aqui uma aula de como se fazer um jogo de estratégia em turnos, um grande acerto que logo se tornou um dos melhores games do ano.

XCOM 2
Desenvolvedor:
2K Games
Lançamento: 05 de fevereiro de 2016
Gênero: Estratégia em turnos
Disponível para: PC

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