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Crítica | Zatoichi 5: Zatoichi, o Samurai

por Luiz Santiago
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Quando nós assistimos a uma saga cinematográfica tão longa quanto essa de Zatoichi, é de se esperar que algumas coisas se tornem repetitivas mais cedo ou mais tarde. Desde o terceiro filme eu venho falando sobre isso e apontando o medo desse retorno da “cartilha Zatoichi”, que acontece aqui. O maior lamento, no entanto, é perceber que o roteiro de Minoru Inuzuka dá uma guinada na cadência utilizada nos primeiros três filmes; afasta-se quase que por completo das não-justificativas que percebemos em O Fugitivo, mas não consegue criar algo que dê a aparência de um novo filme. O padrão, infelizmente, é exatamente o mesmo: Ichi chega a uma cidade, se envolve em um problema, é forçado a lutar e no fim, segue viagem sozinho.

Mesmo esteticamente Zatoichi, o Samurai é um pouco inferior aos anteriores. Talvez pela pouca exigência do diretor Kimiyoshi Yasuda (sua carreira começou em 1955, mas este foi o primeiro filme relevante que ele dirigiu) ou talvez o leve saturamento da trama tenha tornado os elementos visuais também “batidos” (explicarei as aspas logo a seguir), o que não quer dizer que não existam boas imagens e que a direção seja um acúmulo de erros. Não é isso. O filme tem belos momentos visuais — é possível ver o lirismo da cena de Zatoichi com os caquis ainda em amadurecimento –, mas esses momentos estão em menor quantidade aqui. Dos retornos, a maior falta fotográfica está nas cenas noturnas. Existe aqui apenas uma breve fuga pela floresta, mas os planos fechados e a linha do drama mais sério não dão tanto destaque à imagem como tivéramos nas fitas anteriores.

E aqui entra a discussão dos elementos “batidos” aos quais me referi no parágrafo anterior. Por mais que Zatoichi, o Samurai padeça de repetições, confusões (nesse ponto, não tanto quanto em O Fugitivo) e menor apuro estético, nem tudo é “mais do mesmo”. Vejam, por exemplo, o início do filme. É uma introdução rápida, com Ichi denunciando que um dos jogadores com quem estava naquele momento roubara nos dados lançados. Em seguida, há uma demonstração que faz com que os apostadores descubram quem é o simples “jogador cego”. No corte seguinte, temos Ichi mais uma vez na estrada. A montagem em continuidade foi uma excelente escolha, assim como foram boas as escolhas de colocar duas mulheres com bastante destaque na trama e, principalmente, localizar os impasses narrativos que fazem com que o massagista seja odiado e sua cabeça, novamente, seja colocada a prêmio.

Esses momentos aparentemente mais didáticos fazem bem ao filme, especialmente se olhamos para eles à distância, levando os outros 4 longas em consideração também. Individualmente, no entanto, o roteiro não faz nada demais e a equipe técnica, apesar de um bom trabalho, não ousa e consegue apenas alguns bons momentos. A história que no início parecia andar rápido, ir para um lugar diferente, acaba girando em torno do próprio rabo e, mesmo que não traga tantas idas e vindas de chefes e seus truncados problemas de gangue contra gangue, não deixa de incomodar pela sensação de repetição.

Em tempo: o título em português deste filme é uma coisa realmente estúpida. O exercício de Zatoichi aqui é o mesmo feito nos outros filmes, não há nenhuma habilidade de espadachim dele que não tenha sido previamente vista (e em condições até melhores!). Quem espera, portanto, algo na linha dos filmes de samurai, é melhor redirecionar as expectativas para a história de um espadachim e massagista cego. Zatoichi, o Samurai é um bom filme. Mas o primeiro da série a mostrar verdadeiro cansaço na fórmula.

Zatoichi, o Samurai / Zatoichi #5 (Zatôichi kenka-tabi) — Japão, 1963
Direção: Kimiyoshi Yasuda
Roteiro: Minoru Inuzuka (baseado na obra de Kan Shimozawa)
Elenco: Shintarô Katsu, Shiho Fujimura, Ryûzô Shimada, Reiko Fujiwara, Matasaburô Niwa, Yoshio Yoshida, Sônosuke Sawamura, Shôsaku Sugiyama, Yutaka Nakamura, Gen Kimura, Teruko Ômi
Duração: 86 min.

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