Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Planet of Giants (Arco #9)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Planet of Giants (Arco #9)

Todo mundo pequenininho.

por Luiz Santiago
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Equipe: 1º Doutor, Susan, Ian e Barbara
Espaço-tempo: Londres, Reino Unido, 1964

Planet of Giants (1964) é o arco de abertura da 2ª temporada clássica de Doctor Who. Apesar de ter um tema ecológico bastante relevante e muito propício à discussão em nossos dias, o roteiro de Louis Marks peca pelo imediatismo dos acontecimentos e pela má distribuição das questões dramáticas em torno dos viajantes e dos “gigantes” do título. Por mais que se elogie a direção de arte e o maravilhoso trabalho com a escala dos objetos (numa era distante do CGI), a pobre trama não nos deixa muito espaço para ter o arco em alta conta.

Embora o Doutor acerte o tempo e o espaço desta vez, um superaquecimento no console da TARDIS faz com que ela entre em pane (de novo, coitada) e para não implodir, usa um de seus muitos truques de defesa no momento em que está se materializando. Após o primeiro susto, com as portas da nave se abrindo quando não eram para abrir, tudo parece estar normal. Só depois de alguns minutos é que o grupo percebe que eles diminuíram de tamanho para apenas algumas polegadas. Com essa estatura, uma formiga, uma mosca ou um gato parecem inimigos mortais, e é impossível o espectador não temer também a situação, ou imaginar como seria diminuir tanto de tamanho em seu próprio planeta, onde tantas coisas podem representar um grave perigo.

Se pensarmos metaforicamente, podemos atribuir esse diminuto tamanho do grupo à humanidade, insignificante diante das ambições de empresários que não se importam com as consequências de seus produtos químicos na natureza. O “caso Forester” aqui trabalhado pode muito bem ser adaptado a um sem-número de situações onde o interesse financeiro ou a busca pela fama levam algumas pessoas a um caminho de problemas morais e éticos, caminhos que geralmente colocarão os outros em risco, até mesmo condenando-os à morte.

A criação do inseticida DN6 e seus impactos no solo e na água são literalmente falados por Ian e Barbara em Dangerous Journey, o segundo episódio, e essa abordagem deixa em evidência a motivação ecologicamente engajada do roteiro. É uma pena que um texto com essa característica não tenha sido estendido por pelo menos mais um episódio. Se assim fosse, seria possível dar uma maior atenção aos eventos do arco e zerar as terríveis resoluções imediatistas, em especial do último episódio.

Creio que eu não tenha sido o único espectador a perceber uma mudança interessantíssima no comportamento do Doutor aqui, que pede desculpas a Barbara quando acredita ter sido rude com ela. Definitivamente a primeira encarnação do Time Lord amolecera após tantas aventuras ao lado dos professores. É pena (ou não?) que ele não tenha tido muita sorte em estacionar a TARDIS sem incidentes. Ian e Barbara já haviam manifestado várias vezes o desejo de voltar para casa e essa seria uma oportunidade, já que estavam na cidade certa e no ano certo. Infelizmente, com esse tamanho, jamais poderiam se considerar “em casa”.

Planet of Giants é um daqueles arcos com ótima realização técnica e teor narrativo muito bons, mas com uma história central e execução precipitadas. Não é uma história ruim, mas poderia ser bem melhor.

Planet of Giants (Arco #9) – 2ª Temporada – Season Premiere

Roteiro: Louis Marks
Direção: Douglas Camfield, Mervyn Pinfield
Elenco principal: William Hartnell, Carole Ann Ford, Jacqueline Hill, William Russell, Reginald Barratt, Frank Crawshaw, Alan Tilvern

Audiência média: 8,57 milhões

3 Episódios (exibidos entre 31 de outubro e 14 de novembro de 1964):
1. – Planet of Giants
2. – Dangerous Journey
3. – Crisis

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