Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Crusade (Arco #14)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Crusade (Arco #14)

por Luiz Santiago
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estrelas 3

Equipe: 1º Doutor, Ian, Barbara e Vicki
Espaço-tempo: Palestina, 1190

Depois da tenebrosa experiência com o arco The Web Planet, qualquer coisa cairia bem na série. Por sorte, este arco ambientado nas Cruzadas supera em roteiro, direção e concepção artística o arco anterior, talvez por isso receba tantos elogios dos whovians e mesmo alguns críticos. Particularmente, acho-o um arco normal, de boa qualidade, claro, mas nada excepcional, embora a direção de arte seja uma algo notável.

O que podemos observar aqui é uma sensível diminuição de sequências dentro da TARDIS ou a saída dos viajantes de dentro dela. Desde o arco dos romanos a nave passou a ter, num momento ou outro, uma importância pontualmente menor. Ironia ou não, no arco que considero o pior da série até este momento, The Web Planet, temos até uma contextualização da blue box na história.

A chegada dos viajantes à Palestina no período das Cruzadas gera uma boa trama, mas um vilão de pouco potencial. Com personagens históricas como Ricardo Coração de Leão e Saladino, o roteiro de David Whitaker procura não dispersar muito o espectador, focando a ação no quarteto de viajantes e nas personagens históricas, embora haja espaço para a breve aparição de coadjuvantes no decorrer dos capítulos.

Talvez o único momento realmente estranho seja a sequência de Ian com Ibrahim. Aliás, toda a sequência padece de falta de sentido, e piora quando chegam as formigas e o pote de mel. A reviravolta na situação poderia receber o título de “O Milagre de Sir Ian”, a começar da misteriosa cena em que ele se liberta das amarras até a fácil alteração nas relações entre ele e seu ex-algoz, o ladrão Ibrahim.

A direção de arte do episódio merece um parágrafo à parte. Para não sermos injustos, vamos fazer algumas comparações com os “episódios históricos” produzidos até o momento. Em primeiro lugar, a primitiva caracterização do Paleolítico em An Unearthly Child, uma visão que para o momento da série (principalmente orçamento) e ano, até que não era ruim, mas convenhamos que nem de longe era uma construção louvável de cenários. Em seguida, Marco Polo, que já mostrou um ótimo desenvolvimento, mas tinha seus melhores momentos em internas, especialmente as realizadas no palácio de Kubla Khan. O primeiro melhor exemplo veio com Os Astecas, algo que não se repetiu em O Reino do Terror, numa ambientação da França no século XVIII.

O arco Os Romanos teve sua graça, principalmente na casa que abrigava os viajantes, a cabana da mulher que fazia venenos e algumas salas do palácio de Nero, mas nada se compara ao capricho deste arco das Cruzadas. O que realmente salta aos olhos é a composição plural dos espaços em que as cenas acontecem, todos com uma boa identidade cênica e bem filmados por Douglas Camfield. Um exemplo claro está logo no início do primeiro episódio, na sequência da feira em Jaffa. Os planos mais fechados dão essa impressão de lugar pequeno e abarrotado, algo bem próximo do que se imagina da realidade.

No mais, podemos destacar a ótima exposição dos lados em guerra e a não condenação dos árabes como vilões ou a defesa dos cristãos como heróis valorosos. O roteiro expõe a luta como algo ruim e ponto final.

O desfecho da história chega a ser um pouco engraçado. Não é a primeira vez que o Doutor ou os viajantes da TARDIS são confundidos com bruxos ou algo do tipo, mas aqui são comparados a demônios raptores pelos soldados de Ricardo Coração de Leão. E mais uma vez, assim que se desmaterializa, a nave apresenta um probleminha, desta vez com as luzes. Convenhamos que não se trata de um transporte muito novo, mas essas panes são praticamente mortais, colocando o Doutor e seus companions em situações complicadas. Ou será que a TARDIS tem um pequeno problema que o Doutor sabe mas não conserta só para ter o gostinho da aventura a cada partida? Isso sim é muito a cara dele, especialmente nesta primeira encarnação.

The Crusade (Arco #14) – 2ª Temporada

Roteiro: David Whitaker
Direção: Douglas Camfield
Elenco principal: William Hartnell, Jacqueline Hill, Maureen O’Brien, William Russell, Roger Avon, Julian Glover, Bernard Kay, Jean Marsh, Walter Randall

Audiência média: 9,38 milhões.

4 Episódios (exibidos entre 27 de março e 17 de abril de 1965)

1. – The Lion
2. – The Knight of Jaffa
3. – The Wheel of Fortune
4. – The Warlords

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