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Crítica | Assassin’s Creed IV: Black Flag

por Guilherme Coral
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estrelas 3,5

Apesar de levar o número IV em seu título, Black Flag é o 11º jogo da famosa franquia Assassin’s Creed. A série, apesar de ter começado com um jogo mediano de boa história porém repetitivo alcançou seu patamar atual através de Assassin’s Creed II, que apresentou inúmeras melhoras em quase todos os aspectos do jogo. Infelizmente, como eu disse em minha crítica de Battlefield 4, a franquia se tornou anual e desde o seu segundo jogo (não considerando spin-offs na numeração) não realizou grandes inovações.

Black Flag é quase uma exceção a esse péssimo costume. Primeiro, contudo, irei nos situar em sua história e ambientação – em breve chego nos fatores inovadores. Como o nome sugere somos, dessa vez, colocados na pele de um pirata inglês, Edward Kenway. A trama se passa em 1715, durante a era de ouro da pirataria, na região do Caribe. Kenway, contudo, não é parte da ordem dos assassinos e seu envolvimento em toda a conspiração templária se inicia a partir do momento em que ele rouba os trajes de um assassino que ele mesmo mata.

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Yo-ho, yo-ho!

A progressão da história do pirata se dá de maneira fluida e bastante envolvente. Como sempre esse é o foco da franquia e nos faz querer avançar nas missões para descobrir o que acontece a seguir. Há, porém, alguns erros no roteiro do jogo – como o fato de Edward saber todas as técnicas dos assassinos, inclusive manejar as famosas lâminas escondidas, sem ao menos ter tido qualquer contato ou treinamento com a ordem secreta. Além disso, sem fazer parte da ordem, podemos realizar missões de assassinato, cujos alvos são especificamente Templários – isso aumenta a liberdade que temos no game, mas carece totalmente de sentido.

Como sempre, controlamos o personagem através de alguém no tempo presente utilizando a Animus, uma máquina que permite a simulação de uma memória inserida no DNA de uma pessoa – em outras palavras, é possível viver a vida de um ancestral. A história que se desenvolve fora da Animus, continuação direta de Assassin’s Creed III não realiza grandes avanços, chegando a ser até dispensável. O que outrora nos deixava ansiosos para descobrirmos o desenrolar (como no primeiro e segundo jogos da franquia), deixou de ter qualquer atrativo. Os momentos fora da Animus são um balde de água fria no meio de toda a narrativa de Black Flag. Felizmente, eles são poucos.
A jogabilidade na terra, como esperado, não mostra grandes diferenças. Podemos escalar casas, igrejas, árvores (como introduzido em Assassin’s Creed III) e diversos outros elementos no jogo. Os movimentos se tornaram mais fluidos, mas nada tão marcante. Essa fluidez, contudo, acaba, por vezes, agindo contra nosso favor – muitas vezes fazemos mais do que queremos. Apesar dos quatro anos de diferença entre II e Black Flag, a sensação de estarmos jogando o mesmo jogo se mantém em diversos momentos. Isso não é necessariamente algo que torne o game péssimo – são boas mecânicas, mas precisamos de um motivo para continuarmos jogando além da história.

Aqui, finalmente, entra o elemento inovador. Em Black Flag, Edward Kenway conta com seu próprio navio (apropriado de cidadãos não tão sortudos, é claro) e o melhor: podemos controlar o navio, navegando pelas águas do Caribe, explorando e saqueando os incautos. Controlar a embarcação Jackdaw é, sem dúvidas, a melhor parte do game, trazendo uma sensação similar àquela de The Legend of Zelda: The Wind Waker. E para melhor mais ainda, a Ubisoft nos dá mais liberdade de exploração, tornando o mapa mais acessível e ainda mais extenso. Podemos ir à cidades como Havana, Nassau, Kingston e ainda mais 50 localizações pelo mar do Caribe.

Batalha naval

Batalha naval

Sabendo que esse é o atrativo do jogo, já somos colocados desde o início controlando um navio. A jogabilidade é ao mesmo tempo técnica e fluida, ao ponto que necessitamos de mais prática para ir contra navios maiores e melhores armados. Como não poderia faltar somos dispostos de todo o arsenal esperado de um navio de guerra: canhões, barris de pólvora e morteiros. Quando incapacitamos uma embarcação inimiga ainda podemos embarcar nela, derrotando a tripulação e saqueando os tesouros nela encontrados.

Os tesouros encontrados na terra e no mar que vão desde o ouro até a madeira podem ser utilizados no sistema de melhora de Edward e da Jackdaw. É possível melhorarmos o casco da embarcação, acrescentar mais canhões, aumentar o dano das bolas de canhão e diversos outros fatores que são liberados conforme progredimos na história do game. As melhorias do personagem são feitas através da compra de armas e equipamentos e do sistema de crafting. Os elementos necessários para isso, por sua vez, são encontrados através da caça de animais selvagens.

O crafting de Black Flag é bastante similar ao encontrado em Farcry 3, também da Ubisoft. É simples e funcional, se encaixando na trama do jogo. O fato de Edward ser um exímio caçador não é explicado, mas pode ser relevado – é um jogo, afinal e caçar é bastante divertido.

As missões oferecem um crescente desafio, principalmente se você deseja realiza-las da maneira mais sorrateira possível, sem ser detectado ao menos uma vez. Essa dificuldade se atenua, porém, quando decidimos partir para uma abordagem menos sutil – o combate (que também não melhorou muito desde Assassin’s Creed II) pode ser resolvido pelo simples counter, revidando os ataques do inimigo. Ele somente se torna difícil quando temos inúmeros adversários à nossa volta e mesmo assim beira o tédio. O que salva esse aspecto do jogo são as animações de assassinato, que são bem elaboradas.

Hora de saquear!

Hora de saquear!

O assassinato em si não recebeu muitas inovações desde o segundo jogo. Podemos matar o alvo de diversos pontos quando escondidos – seja da beira de uma torre, de um lugar mais alto ou de uma esquina. Ainda podemos nos esconder em diversos lugares, como uma pilha de feno, poços, submersos, na mata alta e no meio de um grupo de pessoas (que continua não fazendo sentido, tendo em vista a roupa notável do pirata assassino).

Os gráficos do game também não diferenciam muito do anterior. As melhorias visuais estão nas embarcações que ganharam uma sólida textura e no cenário. A água e as terras do Caribe receberam um ótimo tratamento e constituem uma visão fantástica. Já a animação de Edward poderia ter sido melhor feita, já que é um ponto central tendo em conta a ambientação do jogo.

Assassin’s Creed IV: Black Flag não deixa de ser um bom jogo. Ele repete a fórmula de seus predecessores, acrescentando o ótimo elemento da navegação. A maior sensação de estarmos em um mundo aberto é absolutamente bem vinda e contribui para a diversão encontrada em simplesmente explorar o mar do Caribe. Se você quer se sentir como um verdadeiro pirata, esse é o jogo certo para isso.

Assassin’s Creed IV: Black Flag
Desenvolvedora:
 Ubisoft Montreal
Lançamento: 29 de Outubro de 2013 (Ps3, Xbox 360, WiiU), 19 de Novembro de 2013 (Ps4, Pc)
Gênero: Ação
Disponível para: PS3, PS4, Xbox 360, WiiU, Pc

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