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Crítica | Grand Theft Auto V

por Guilherme Coral
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estrelas 5

Liberdade, essa é uma das características que melhor define a experiência de GTA V. Seja fazer as missões uma a uma, em sequência, causar o maior caos possível e imaginável ou simplesmente explorar a gigantesca Los Santos e Blaine County, o game permite você fazer isso desde o início e muito mais.

Começamos o jogo em um flashback. Um assalto a banco, dez anos antes dos eventos passados no jogo. Desde já somos apresentados a dois dos personagens jogáveis – Michael e Trevor . O assalto aparentemente se torna um desastre, um dos membros da equipe morre, Michael é ferido e Trevor consegue escapar. Tão logo finalizamos essa primeira missão somos levados a uma cinemática que nos mostra Michael forjando a própria morte, tendo alguém enterrado em seu lugar.

Dez anos se passam e somos transportados a Los Santos, a equivalente de Los Angeles no universo de GTA. Michael passa por uma crise de meia idade com uma mulher que o trai descaradamente, uma filha que passa a se envolver no mercado pornô e um filho que não faz absolutamente nada da vida. Os três desprezam o pai.

Em outro lado de Los Santos, conhecemos a outra parte da tríade de personagens jogáveis, Franklin. Um afro-americano ligado a uma gangue local que tem verde como sua marca registrada – uma clara referência a Grove Street de GTA: San Andreas.

Por fim temos Trevor, provavelmente o ser mais psicótico e violento já apresentado em um Grand Theft Auto que não fica nada feliz ao descobrir que seu suposto amigo, Michael, não morreu e deixou de contar isso a ele.

Discutindo negócios

Discutindo negócios

Mesmo tendo três pessoas como foco de seu enredo, GTA V não deixa a desejar na profundidade de cada personagem. Todos eles apresentam uma forte personalidade, sendo totalmente diferentes entre si. São como pessoas de verdade com cada uma de suas pequenas manias e particularidades exploradas a fundo. Logo no meio do game é possível constatar: eu conheço Trevor, Franklin e Michael.

O fato de utilizarmos três personagens no mesmo game pode parecer confuso ou até duvidoso para quem ainda não jogou, mas tão logo entramos em contato com a mecânica de GTA V vemos o quanto essa escolha dos desenvolvedores foi genial. A possibilidade de alternarmos entre Franklin, Trevor e Michael cria um dinamismo único às missões. Somos os três membros de uma equipe que precisa trabalhar sinergicamente para terminar um serviço. Enquanto um personagem se encontra na linha de fogo, outro fica como franco-atirador e o terceiro como o motorista de fuga e essa é apenas uma das muitas situações que o game nos coloca.

Fora das missões podemos alternar com quem jogamos a qualquer momento, contanto que não estejamos sendo perseguidos pela polícia. Enquanto utilizamos um deles os outros, contudo, não permanecem onde os deixamos, eles continuam com suas vidas, fazendo atividades randômicas condizentes com a personalidade de cada um.

Quem teve a oportunidade de jogar GTA: San Andreas irá perceber a volta das barras de estatísticas que são diferenciadas de um personagem para o outro, sendo baseadas em suas biografias e habilidades. Conforme o jogo progride podemos melhorar cada uma dessas habilidades individualmente através da prática. As barras estão divididas entre: Especial (Special), Resistência (Stamina), Tiro (Shooting), Força (Strength), Furtividade (Stealth), Voo (Flying), Direção (Driving) e Fôlego (Lung Capacity).

Além dessas, Trevor, Franklin e Michael possuem, cada um, uma habilidade especial que garante ainda mais o dinamismo e a inovação do game. Michael pode desacelerar o tempo fora de um veículo, permitindo uma mira mais precisa. Trevor entra em um modo no qual dá mais dano enquanto não se machuca (algo como Tony Montana na cena final de Scarface). Franklin pode desacelerar o tempo enquanto dentro de um veículo, permitindo a realização de manobras impossíveis em alta velocidade. Cada uma das habilidades, sejam especiais ou não, se demonstra útil de acordo com o estilo de jogo que cada um pretende levar.

Quem já jogou GTA IV com certeza se lembra da dificuldade apresentada em dirigir pelas ruas de Liberty City. Ao contrário dos anteriores a direção ficou mais realista e, em muitos aspectos, desagradável – tirando em grande parte a diversão em simplesmente dirigir pela cidade. Aqueles que não gostaram do IV por essa razão podem se contentar, pois o controle nas quatro rodas está melhor do que nunca. A direção de GTA V é uma mescla da exagerada facilidade em dirigir de San Andreas, Vice City e III e a exagerada dificuldade de GTA IV. Andar de carro no game é uma experiência fluida e prazerosa e raramente você irá querer pegar um táxi, mesmo que o destino final esteja a dezenas de quilômetros.

Não podemos, é claro, deixar de falar da extensão do mapa do jogo. Ao contrário de Grand Theft Auto: San Andreas, que apresentava três cidades e uma área campestre, a região de GTA V foi limitada a uma cidade, Los Santos e a Blaine County. Não se deixe, contudo, levar pela impressão de que o game possui poucos lugares para se ver. Apesar da redução do número de cidades, San Andreas ganhou proporções gigantescas, sendo o maior mapa da série até agora. A cidade é idêntica a uma verdadeira, com inúmeras ruas, trânsito ativo, ruas populosas e centenas de lugares para se ver. Como já disse anteriormente, Los Santos nada mais é do que Los Angeles, então espere ver versões fictícias de prédios e pontos turísticos renomados.

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Por onde começar?

Blaine County, por sua vez, consegue exprimir perfeitamente a tranquilidade do campo em oposição à metrópole que é Los Santos. Diversos animais habitam as áreas florestais e desérticas do game – cães, cervos, vacas e coiotes são alguns dos quais podemos encontrar. Somado ao primoroso trabalho de som ambiente do jogo e à distância de renderização assustadora, permitindo que vejamos a quilômetros de distância, esses elementos permitem uma imersão sem igual no universo de GTA. Em diversos momentos do jogo você irá querer simplesmente observar.

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Não é tão pacífico quanto parece

Dentro desse cenário de contraste entre vida urbana e rural, temos as missões, que provocam o desenrolar da história do game. Desta vez, a Rockstar adotou uma abordagem diferente dos títulos anteriores da série. Normalmente  começávamos em um ritmo lento, com simples objetivos que consistiam em simplesmente dirigir de um ponto a outro. Agora já somos lançados desde o princípio em assaltos a bancos, joalherias, corridas, perseguições, paraquedismo e diversas outras loucuras. Existe, é claro, o clássico “dirija de A até B”, mas o ritmo desenfreado de GTA V raramente permite tal simplicidade – espere dar algo errado em algum ponto daquela missão que está correndo perfeitamente.

Grande parte do game gira em volta de missões especiais, os assaltos. Estes apresentam diversas fases que vão desde a preparação – conseguir veículos para a fuga, analisar os pontos fracos do local a se roubar – até a execução em si. Cada um desses roubos permite uma diferente abordagem, ir de maneira burra ou meticulosa. A escolha entre um dos métodos não só altera a missão em si, como o lucro da empreitada.

Além dessas, nos foi introduzido dois elementos presentes em Red Dead Redemption: as missões de estranhos (Strangers and Freaks) que não alteram em nada a história principal do game, mas garantem boas risadas e os eventos randômicos que variam desde alguém pedindo carona até um carro forte esperando para ser roubado. Esses elementos garantem a dinâmica do jogo e ainda mais aumentam a vontade de explorar San Andreas.

Com o dinheiro arrecadado nas missões e eventos é possível comprar diversas propriedades que enviam semanalmente (dentro do jogo) seu lucro. Além disso, alguns desses estabelecimentos podem pedir ajuda em determinadas tarefas, como pegar suprimentos ou eliminar a competição. Outra alternativa de investimento é na bolsa de valores do jogo, que funciona como na vida real – investindo corretamente você pode triplicar seu dinheiro.

Em termos de mecânica temos outro elemento herdado de Red Dead Redemption, a roda de armas. Agora para escolhermos que arma vamos utilizar basta apertarmos um botão e uma roda abrirá, desacelerando o tempo e permitindo a sua escolha. O mesmo elemento está presente na troca da estação de rádio quando dentro de um veículo.

Impossível não ficar impressionado com  os gráficos, os ótimos controles, a dinâmica e a história de Grand Theft Auto V. Simplesmente enumerar cada uma das qualidades do jogo, contudo, não passam nem de longe a sensação desses elementos combinados. Esse é um game para ser aproveitado ao máximo, com dedicação. A diversão é mais do que garantida e as surpresas não param de surgir, mesmo após horas e horas de jogo. GTA V anuncia a chegada da nova geração com uma incisiva crítica da sociedade americana e desde já eleva o padrão que os próximos games devem seguir, sendo, sem dúvidas, um dos melhores games já feitos.

Desenvolvedora: Rockstar North
Lançamento: 17 de Setembro de 2013
Gênero: Ação em terceira pessoa
Disponível para: PS3, Xbox 360

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