O icônico run de Mark Waid à frente do Demolidor (oficialmente classificados como Volume 3 e Volume 4 no catálogo da Marvel Comics) durou de setembro de 2011 a novembro de 2015, quando então um novo título começou a ser publicado (renumerando as revistas, pra variar), com roteiros de Charles Soule. Foram 36 edições mensais + um anual no primeiro bloco e 18 edições mensais + três especiais (numerados como 0.1, 1.50: O Rei Vermelho e 15.1) no segundo bloco.
Começando com a arte de Paolo Rivera (que desenhou essa capa sensacional que uso como destaque da presente lista, na edição #18 do Volume 3), mas tendo Chris Samnee como principal artista, esse run foi responsável por uma série de mudanças que colocaram o Demolidor em contato com “as novidades do milênio” sob o ponto de vista da Marvel, tendo em jogo o câncer de Foggy, a revelação da identidade do Demolidor (propositalmente) para o público, uma nova namorada, uma nova cidade, uma “autobiografia”, novos (e velhos, mas muito bem trabalhados) vilões… Abaixo, segue a minha classificação para os 11 arcos que formaram esta fase.
Comente você também qual é a sua classificação e o que achou desse período das publicações do Homem Sem Medo sob a tutela de Mark Waid!
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11º Lugar: Crianças-Púrpura
Esta pequena aventura do Homem Sem Medo contra Killgrave e as Crianças-Púrpura parece uma ponte entre Pecado Original e o arco seguinte, formado pelas edições #11 a 16. É um bom arco, mas algo consideravelmente abaixo daquilo que Waid veio apresentando nos últimos meses.
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10º Lugar: Os Amigões da Vizinhança
Com mais tropeços do que o esperado e com dispensáveis – mesmo que bem escritas – distrações narrativas, Mark Waid aprofunda mais o cenário montado nos arco de abertura da saga. Uma ameaça potente está armada e um futuro incerto para ambos os lados da moeda se apresenta. Que venha o delírio na Latvéria.
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9º Lugar: São Francisco
Com o Demolidor sendo uma celebridade e tendo sua identidade revelada, o assédio a Murdock e a forma como os vilões tratariam essa informação foi a minha grande preocupação para este início de volume. Se antes esse dado fez o Rei do Crime estraçalhar a vida do herói em A Queda de Murdock, o que fariam os vilões de agora ao saberem quem ele é? Mark Waid faz de tudo para não tornar a resposta a essa pergunta uma coisa histérica, gratuita. Ele se vale de cuidados narrativos que deixam o Demolidor/Matt Murdock “protegidos” por um senso de “privilégio de informação” que agora passa a ser interesse dos vilões do Homem sem Medo, como acontece aqui com o Mortalha e o Coruja.
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8º Lugar: Um Novo Começo
Entre a lei e o vigilantismo, Murdock/Demolidor é obrigado e lidar com os fantasmas do passado, sua possessão, a revelação de sua personalidade, seus erros. O encontro com o Capitão América revela bem essa dualidade, mas não é o único momento da revista em que o herói se vê diante de uma acusação de algo que tenha feito em uma situação anterior. A própria dificuldade dele exercer a profissão, sendo acusado de ser o Demolidor em julgamentos que não têm nada a ver com esse assunto é um exemplo de tais fantasmas que o assombram e nos fixam a ideia de que o azar e as decepções parecem ser o ponto de partida para os roteiristas fazerem boas histórias do Demolidor.
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7º Lugar: O Demônio e o Vingador Blindado
Mais uma vez temos o tormento do Demolidor frente a coisas que o marcaram negativamente no decorrer de sua vida. O texto aprofunda bastante esse aspecto mas não passa muito tempo preso a ele, antes, cria vários acontecimentos paralelos que se ligam ao evento principal enriquecendo-o e tornando-o cada vez mais perigoso, culminando em uma inesquecível cena de julgamento.
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6º Lugar: Pecado Original
Um bom herói, definitivamente é definido pela equipe criativa que ele tem a sorte de receber — todos nós já vimos heróis furrecos ganharem abordagens simplesmente épicas nas mãos de grandes autores — e o Demolidor tem mais uma vez a sorte de contar com uma equipe assim. Pena que, como já sabemos, não vai durar mais muito tempo, já que no último 1º de julho de 2015, a Marvel anunciou a reformulação de seu universo (here we go again…) e o Demolidor passará para a pena de Charles Soule e para as tintas de Ron Garney… E eu ainda prefiro não comentar sobre aquele “aprendiz”, seja o Gambit, seja o “filho do Stick“.
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5º Lugar: O Demolidor Que Você Conhece
Em tempos de tecnologia, quebra de sigilos, câmeras por todos os lados, hackeamentos e discussões sobre privacidade e segurança eletrônica, este arco cai como uma perfeita luva para o comportamento daqueles que tudo mostram e daqueles que tem exibidas coisas que não queriam exibir e/ou jamais o fariam para o público.
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4º Lugar: Teia de Mentiras
Se imaginávamos ter algum tipo de resposta para a ligação entre os vários pontos ativos, estávamos enganados. Mark Waid brinca com diversos tipos de verdade e ao mesmo tempo que torna a história mais sombria e perigosa para o Demolidor, não deixa de inserir momentos de humor nervoso ou quebras dramáticas bem vindas no decorrer das edições.
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3º Lugar: A Autobiografia de Matt Murdock
Para uma jornada de publicação que começou tendo que lidar com o HORROR que foi Terra das Sombras e que conseguiu fazer isso de maneira rápida, criando boas premissas, um novo desenvolvimento de personagem e mescla de excelente humor no roteiro, acompanhado de diversos ganhos e vitórias à já esperada “trilha de tragédias” que marca a vida do Homem Sem Medo, essa fase de Mark Waid chegou a um nível muito alto de qualidade e terminou no momento certo, com o essencial do Demolidor explorado sob essa premissa de “novo olhar para a vida“. Uma jornada que nos dá orgulho de ter acompanhado. Grande Mark Waid!
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2º lugar: Fechando as Portas
A amizade entre Matt e Foggy é mais uma vez um dos temas de destaque. A cumplicidade entre os dois pode ser vista ao longo das edições, mesmo que Foggy não apareça tanto tempo na narrativa. Em nenhum momento, porém, o roteiro deixa o personagem de fora. Chega a ser emocionante ver a preocupação de Matt em querer encontrar o melhor tratamento para o amigo (a abordagem esperançosa que ele faz ao Doutor Estranho sobre um certo feitiço é um dos exemplos), questão que volta com força nas edições finais, até porque o plano que traz o encerramento da revista e do volume só é realizado após uma conversa entre o Homem Sem Medo e seu melhor amigo, que dá aprovação para que o plano seja executado.
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1º Lugar: Medo e Delírio na Latvéria
UAU!!! Este arco é realmente uma obra inesquecível de Mark Waid. Depois de um caminho impreciso percorrido em Os Amigões da Vizinhança, o autor pegou firme nas consequência que o Disco Ômega poderia trazer para o Demolidor e para Matt Murdock, desenvolvendo, a partir daí, uma cadeia eletrizante de eventos, com participação dos Vingadores, do Doutor Destino e de pessoas (ou de uma pessoa especificamente) que com certeza deixou muitos leitores de queixo caído…