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Lista | Top 10 – As Melhores Músicas do Queen

por Luiz Santiago
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Fazer uma lista de Top 10 com melhores músicas de uma grande banda já é difícil. Agora imaginem fazer esse tipo de lista com a sua banda favorita. E pior: quando a sua banda favorita é o Queen.

O Quarteto da Rainha, obviamente, dispensa apresentações. Ao longo de toda a sua carreira, a banda lançou 15 álbuns de estúdio (entre 1973 e 1995), para os quais nós temos todas as críticas aqui no site, feitas durante o nosso Especial Queen. Minha absoluta e alardeada paixão por essa banda foi que fez o Ritter Fan me encomendar esse Top 10, possivelmente o mais difícil que eu já fiz. Eu tentei de umas 1001 maneiras diferentes classificar essas canções qualitativamente, mas simplesmente não consegui, pois tive que lutar contra mini-síncopes cada uma das vezes. Então, deixo claro que a sequência do Top 10 abaixo segue a ordem cronológica de lançamento dessas faixas.

E esse é o tipo de lista diante da qual a gente nunca vai estar contente, pois sempre temos a sensação de que algo poderia sair para entrar outra e outra e outra canção. Mas é como diz o ditado: “tudo, não terás“. Essa é a versão que temos para hoje. E como de praxe, fica o convite: faça você também a sua lista nos comentários abaixo! E venha para a rapsódia boêmia comigo!

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10. Killer Queen (1974)

Parte do álbum Sheer Heart AttackKiller Queen é um dos mais inteligentes pop rock já gravados e uma das melhores canções do Queen, mostrando a marca do perfeccionismo vocal de Mercury, tanto pessoal, quanto nos coros ou vocais de apoio dele e do restante da banda — além de trazer a curiosa história de uma prostituta de luxo cujo nome, “Killer Queen”, pode ter várias interpretações. A canção tem um adereço de music hall que é a cara de Mercury e de certa forma definiu — por ter se tornado o hit do disco — algumas atenções dele para esse tipo de canção.


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9. Somebody to Love (1976)

Parte do álbum A Day at the RacesSomebody to Love é provavelmente a canção mais conhecida do disco e aparece sempre no TOP10 das melhoras da banda. O esforço empregado na produção da faixa tem inspiração direta no gospel de Aretha Franklin e traz uma composição vocal de sobreposição de vozes que chegam a 100 variações, a maioria delas gravadas por Mercury, May e Taylor. John Deacon aparece apenas na parte mais grave, na segunda parte da canção, e segue com pontuais participações em trechos até o final. Roy Thomas Baker deve ter sentido uma pontinha de inveja ao ver que a banda estava fazendo canções tão complexas sem tê-lo como produtor. Após encerrado o contrato de 4 álbuns que tinham assinado, ele e o Queen se separaram amigavelmente e A Day at the Races foi o primeiro disco produzido inteiramente pelo quarteto, tendo como engenheiro de som o habilidoso Mike Stone, que “roubaram” da Trident, com quem tinham rompido em Sheer Heart Attack.

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8. We Will Rock You  &  We Are the Champions (1977)

A bem da verdade News of the World, do qual essas duas grandiosas e famosas faixas fazem parte, fo o primeiro “álbum democrático” do Queen. Sério. Observe por exemplo os clássicos absolutos que estão nas canções 1 e 2, We Will Rock You e We Are the Champions, respectivamente. Ambas as canções foram pensadas a partir da energia das torcidas de futebol e seus hinos, ambas gratificantemente originais, sendo a segunda melhor produzida e musicalmente mais rica que a primeira. Percebam a facilidade de conquista que essas músicas conseguem junto ao público e a energia que passam.

No primeiro caso, um ostinato musical de pés e palmas a cappella que ganha acompanhamento simples, com uma letra que pouquíssimas pessoas pararam para pensar o quão triste é. No segundo, a faixa mais motivacional de toda a história do rock (com direito a coro fazendo papel harmônico e arranjos sofisticados além de excelente participação do baixo de John Deacon), muito embora as lendas urbanas digam que é uma tirada de Freddie Mercury para com as “bandas rivais”, colocando o Queen como os grandes campeões da história.

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7. Don’t Stop Me Now (1978)

Parte do álbum Jazz. A “trilogia da saga no estrangeiro” termina com Don’t Stop Me Now, outra de Mercury, que além de ter uma letra metricamente perfeita, possui bons detalhes de produção (destaque para o coro de arranjos instrumentais de diversas fontes) e se constitui um dos mais queridos piano-rock desde então. Esta seria uma das faixas de maior “convite à ação” do catálogo do Queen, depois usada em um sem-número de questões de liberdade das pessoas, em diversas áreas.

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6. Another One Bites the Dust (1980)

Parte do álbum The Game. Deacon vem quebrando tudo nessa Another One Bites the Dust, a “música da discórdia” do álbum. Para desespero de Roger Taylor, que simplesmente a odiava, a faixa foi um hit imenso e chamou a atenção até de Michael Jackson, que encontrou o Queen no camarim, durante a turnê americana de The Game em Los Angeles e insistiu para que eles a lançassem como single. A composição da linha do baixo para Another One Bites the Dust foi inspirada em Good Times (1979) de um grupo de disco/black music chamado Chic. Não há sintetizador aqui. As palmas, ruídos e instrumentos foram gravados pelos próprios músicos e tocados em diferentes velocidades, ordem e distorções para gerar a produção incrementada que temos ao final, um dos experimentos mais icônicos do Queen nessa nova fase e o segundo aceno para o futuro Hot Space (o primeiro foi Fun It, curiosamente, uma música de Roger Taylor).

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5. Under Pressure (1982)

Parte do álbum Hot Space, do qual o lado B, para mim, é o que faz o disco ser apenas regular e não ruim (isso, em avaliação posterior ao primeiro contato com a obra). Para começar, temos a excelente Put Out the Fire, a faixa antibelicista de Brian May que nos lembra muito algumas obras do Queen em discos como Sheer Heart Attack ou News of the World. Ao lado de Under Pressure, essa é uma das faixas que eu não mudaria se pudesse mexer na produção de Hot Space. Já Under Pressure, em parceria com David Bowie (que também estava em Cool Cat, mas não gostou do resultado e pediu para tirar os seus poucos vocais de fundo da faixa). Só o encontro entre esses gigantes valeria a menção da música como uma das mais icônicas do Queen, com um gancho de baixo viciante e, mais uma vez, o retorno da banda ao seu território dos anos anteriores, com belas harmonias de guitarra e vocais.

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4. Radio Ga Ga  &  I Want to Break Free (1984)

Parte do álbum The Works, cujo grande trunfo é a mescla bem sucedida de estilos. A retomada do hard rock, após o fracasso de Hot Space foi uma benção para a banda e para os fãs, embora a tendência pop, funk, eletrônica e futurística ainda permanecesse em alta. E abrindo o álbum, o synthpop de Roger Taylor, Radio Ga Ga, uma crítica do baterista à dominação do formato televisivo  (especialmente os videoclipes da MTV, que ironicamente o próprio Queen ajudou a moldar, com Bohemian Rhapsody) e o olhar um pouco nostálgico para o passado, citando a famosa transmissão radiofônica de Guerra dos Mundos, em 1938, pelo diretor Orson Welles e o lendário discurso “This was their finest hour” (1940) de Winston Churchill, em plena II Guerra Mundial. O curioso aqui é o uso perfeito dos sintetizadores (por Fred Mandel) em favor da música, sem interferir na harmonia e dentro de uma dinâmica cíclica marcada por frases duplas em um único motivo lírico, que ganhou um clipe homenageando o filme Metrópolis (1927), de Fritz Lang.

John Deacon, sempre antenado às tendências do pop em sua forma mais simples e em mistura com outros gêneros, compôs I Want to Break Free, o segundo single e um dos hits de The Works. A faixa não possui refrão, apenas uma ponta que perpassa três versos, sendo o último deles em um bloco estendido na letra sem alteração na forma instrumental, que se inicia com a Red Special de May (que dá a tônica) acompanhada por três fases harmônicas de um sintetizador. A extensão das notas lembram a métrica comum do blues, mas o ritmo e as variações de um ponto para outro não permitem que esse modelo se complete, o que divide a canção em partes bastante fáceis de se gravar e acompanhar contrastadas a outras de execução mais complicada, que vai de frases com vocais menores a maiores em questão de segundos.

O clipe de I Want to Break Free, com os membros da banda vestidos de mulher, foi ideia de Roger Taylor, que queria fazer uma paródia da novela britânica Coronation Street. O vídeo causou ira nos fãs mais conservadores e foi boicotado pela MTV e por parte dos DJs dos Estados Unidos, o que explica a canção ter tido tanto sucesso na Europa e não na terra do Tio Sam — bom, isso e o fato de o Queen ter, sem querer, se afastado dos Estados Unidos, não renovando contrato com uma das distribuidoras do país e, no caso de Mercury, deixando seu apartamento em NY para nunca mais voltar.

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3. Who Wants to Live Forever  &  Princes of the Universe (1986)

Parte do álbum A Kind of Magic. A abertura do lado dois do disco é feita pela magnífica Who Wants to Live Forever, composição de Brian May cantada por ele (alguns versos, apenas) e Freddie Mercury em uma de suas mais tocantes interpretações. Trata-se de uma balada épica (na mensagem e na musicalização) e que também ganhou uma versão ao instrumental, liderada pelo piano, que ouvimos, assim como a versão cantada, em Highlander – O Guerreiro Imortal (1986). Na abertura, temos um órgão eletrônico e uma orquestra acompanhando a voz doce de Brian May, dando a tônica poética da canção, que começa a ganhar contornos épicos (com certa ambiguidade entre tonalidades maiores e menores) a partir da entrada de Mercury na estrofe seguinte, já precedida por um pequeno coro alternativo cujo arranjo carrega a mesma intenção, só que mais doce, que a do coro de Thank God It’s Christmas (1985). Após o solo de May e a parte orquestral temos uma maravilhosa sequência de estrofe mais voz em crescendo e coro nos dois grandiosos refrões da faixa, seguidos de uma pequena ponte minimalista liderada pela guitarra, uma progressão de acordes (terceiras) decrescentes executados pela orquestra, um arpejo no órgão eletrônico simulando o da introdução e de novo a voz de May concluindo a obra: who is forever anyway? É definitivamente uma faixa introspectiva, de um significado humano tremendamente forte e concebido musicalmente com perfeição. De longe, a minha canção favorita do disco.

O disco se encerra com Princes of the Universe, música de abertura de Highlander. Surpresa agradabilíssima do disco, Princes é retorno de Mercury ao hard rock, algo que não víamos de suas composições solo desde Let Me Entertain You, ou seja, uma espera de oito anos até que ele voltasse a escrever dentro desse gênero, espera que valeu a pena. A faixa finaliza o disco com chave de ouro, formada por inúmeros blocos de origem musical diferente (solo, coro, ponto e estrofe com finalização, acompanhamento, progressão e tons diferentes), algo muito inteligente e muito difícil de se executar, principalmente porque a harmonia da canção não possui um parâmetro definitivo, mudando-os ao bel prazer ao longo das estrofes e do blocos como uma espécie de surpresa escondida. Isso sem contar com o início bombástico, a capella; os arranjos melódicos para as vozes (o Queen parece que se tornou cada vez melhor e mais ousado ao juntar os vocais em coros e frases de apoio), e a continuação incansável de dinâmicas: introdução, conexão instrumental (destaque para guitarra no início e bateria e baixo no final), versos em farta riqueza instrumental, coro (com mudança no ritmo), longa extensão instrumental com um pré-solo e um solo, além da preparação para as retomadas antes do final rápido e objetivo. Uma obra-prima.

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2. I Want It All (1989)

Parte do álbum The MiracleI Want It All possui duas versões, a do clipe musical e a do disco, que é um pouco mais longa. A faixa é uma das poucas que já estavam escritas antes da banda entrar no estúdio (composição de Brian May), mas como todas as outras, foi creditada ao Queen. A letra foi inspirada em uma frase que a atriz e cantora Anita Dobson, futura esposa de Brian May, costumava dizer: “I want it all, and I want it now!“. À época, o guitarrista passava por inúmeros problemas com seu primeiro casamento, que acabou chegando ao fim durante as gravações de The Miracle. O fim do matrimônio aconteceu devido ao escândalo altamente coberto pela mídia que comentava sobre o relacionamento do músico com Anita Dobson. A letra acabou sendo um grito por liberdade e foi utilizada como uma espécie de hino nas manifestações anti-apartheid na África do Sul e nas manifestações pelos direitos da comunidade LGBT.

A variedade de blocos com estrofe, coro, ponte instrumental e os excelentes solos de guitarra de Brian May (segundo o próprio guitarrista, ir ao estúdio nesse período era “a única cura para a depressão que ele tinha”) tornam I Want It All uma fácil canção de arena, uma das grandes melhores coisas gravadas pelo Queen, com toda a essência da banda nos anos 80 e muitas (muitas mesmo!) nuances da fase pré-Jazz de sua carreira.

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1. The Show Must Go On (1991)

Parte do álbum Innuendo, que se encerra com o último hino do Queen, The Show Must Go On, que começou com um exercício de Taylor e Deacon, marcando toda a base da faixa, e depois foi aprimorado por Taylor, Mercury e pelo produtor David Richards. A canção começa com um padrão harmônico tocado em um sintetizador que em menor volume se repete ao longo dos versos e também no refrão, entregando à faixa uma aparência de urgência e austeridade. Com a entrada do baixo e da bateria dando o caminho para os versos, a voz de Mercury aparece forte, não desesperada ou sentimental demais, mas em um tom que nos faz compreender muito bem a mensagem da canção (e os versos seguem essa repetição tonal com adições ou modificações instrumentais sempre no terceiro verso das estrofes), explodindo juntamente com um coro — alcance tão alto que May inicialmente duvidou que Mercury, a essa altura do campeonato, conseguisse fazer — seguindo de uma ponte baseada no Cânone em Ré Maior, de Johann Pachelbel e finalizada com inteligentes arpejos da guitarra e bateria suaves, sintetizadas e “travadas” no último momento, como se fosse um disco arranhado que queria, mas não podia continuar tocando.

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Hors Concours
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Bohemian Rhapsody (1975)

Parte do álbum A Night at the Opera. Pergunte a qualquer pessoa que goste de música o que ela pensa sobre Bohemian Rhapsody. É quase impossível encontrar uma resposta ou uma definição negativa em relação à canção. E como poderia? Todos os superlativos e nomeações de “obra-prima”, “melhor de todos os tempos”, “canção definitiva”, etc., já foram atribuídos a Bohemian Rhapsody com justificativas em vários níveis musicais e artísticos. A canção, de fato, é uma peça artística insuperável e inesquecível.

Composta “aos pedaços” por Mercury, Bohemian Rhapsody marcou o ápice do stress da banda durante as gravações de A Night at the Opera. Demorou um tempo para Freddie Mercury explicar a todos a ideia geral da faixa (em termos formais/musicais, não de significado da letra, porque aí já é outra história), que, sem refrão, estava (sub)dividida em:

  1. Introdução a cappella
  2. Balada + solo de guitarra ao final
  3. Ópera
  4. Hard Rock
  5. Conclusão “moon rock

Com vozes de Freddie Mercury, Roger Taylor, Brian May e uma postura visionária do produtor Roy Thomas Baker, a faixa exigiu um trabalho gigantesco de vocalização. Os músicos chegaram a trabalhar em 10 horas de gravação por dia, resultando em blocos de overdubs com até 180 vozes! Agora imaginem o que era colocar isso em um disco numa época de tecnologia analógica e fitas magnéticas que perdiam a qualidade toda vez que fosse necessário adicionar uma camada, o que obrigou a cada um realizar gravações separadas em tonalidades diferentes de suas próprias vozes e juntar todo esse material na edição final.

O resultado final foi uma música que não tem apenas uma parte operística, mas toda ela pode ser classificada como uma pequena ópera, com abertura, árias e atos internos. Como a ideia de ciclo é exposta mais pela similaridade entre a intro ao piano e a conclusão feita no mesmo instrumento, Mercury e os outros integrantes da banda se sentiram à vontade para desenvolverem detalhes musicais distintos em cada um dos blocos. Nunca a criatividade, a ousadia e a excelência musical foram tão levadas a sério por um grupo de músicos que apostavam em algo totalmente novo para a época e que sabiam que poderia ser um problema para si mesmos.

Para completar, a banda gravou um vídeo promocional em outubro de 1975, que teve como ponto de partida a capa do álbum Queen II. A gravação estava passos à frente de seu tempo, dando o pontapé inicial para a prática da indústria musical de gravar vídeos que servissem de divulgação para os singles de seus artistas. Era o começo do reinado da MTV.

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