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Lista | Top 15: Melhores Álbuns Internacionais de 2016

por Handerson Ornelas
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Fim de ano chega e todo amante de música já espera o surgimento das famosas listas de melhores álbuns do ano feitas por diferentes revistas e portais. Aqui no Plano Crítico não poderia ser diferente e preparamos duas para vocês, leitores, uma dos álbuns internacionais e uma dos nacionais, que será publicada semana que vem. O ano de 2016 conseguiu se provar, de pouco a pouco, um ano repleto de ótimos lançamentos, alguns mainstream, outros no cenário underground ou independente. Um ano de surpresas no mundo pop como Beyoncé e sua deliciosa limonada, ou de bons retornos como Metallica e seu primeiro álbum desde 2008. No entanto, apenas os melhores dos melhores foram selecionados duramente aqui. Vale lembrar a pessoalidade da lista e que não se trata necessariamente de um ranking, mas uma seleção de 15 obras internacionais de destaque mediante a tudo que escutamos esse ano. Os álbuns a seguir seguem ordenados segundo a data de lançamento (de janeiro a dezembro). Aproveite esse catálogo de excelentes discos! E confira também a lista de 2015, aqui.
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22, Million – Bon Iver

Existem vídeos na internet feitos apenas para explicar a climatização das canções de Bon Iver, tamanha a beleza e paz transmitidas. 22, Million, terceiro disco da banda de indie folk, é a confirmação da excelência de sua discografia. Seguindo um caminho arriscado e experimental, mas ainda mantendo o mesmo ar intimista de suas obras, o trabalho é recheado de efeitos eletrônicos introspectivos, desconcertantes e lindos ao mesmo tempo. O vocalista Justin Vernon distorce a voz das maneiras mais impensáveis possíveis, fazendo um dos melhores usos de auto-tune que esse que vos escreve já viu. No fim, a obra vai te levar para um ambiente tão confortável que você nunca vai querer sair de lá, prorrogando essa belíssima experiência sonora pela maior quantidade de tempo que conseguir.

  • Faixa destaque: 22, Million
  • Estilo: Folk, Experimental

Atrocity Exhibition – Danny Brown

Raps ácidos e inteligentes, proclamados a gritos de maneira veloz e assustadora, participações do calibre de Kendrick Lamar, Earl Sweatshirt e B-Real, bases e batidas pesadas, experimentais e esquizofrênicas, muitas vezes influenciadas pelo clima obscuro do post punk. Danny Brown faz de seu quarto álbum de estúdio um trabalho atordoante, instável do início ao fim, prestes a explodir a mente do ouvinte a cada faixa. Atrocity Exhibition é um daqueles álbuns que vão moldar uma série de lançamentos de hip-hop daqui pra frente. Alguém ainda tem dúvidas de que Brown é um dos rappers mais surpreendentes da atualidade?

  • Faixa destaque: Ain’t It Funny
  • Estilo: Hip-Hop, Experimental

Blackstar – David Bowie

Talvez o álbum mais merecedor do título “melhor do ano”, Blackstar é aquela obra que você tem certeza que entrará pra história como motivo de debate sobre seu material fortemente denso. Bowie dois dias antes de falecer deixou um grande enigma sonoro a ser desvendado. Recheado de arranjos bastante experimentais e sombrios, o disco pega toques jazzísticos influenciados até pelo já clássico To Pimp A Butterfly, de Kendrick Lamar, assim como discursa sobre o tema da morte a todo instante. “Olhe para cima, estou no paraíso“, “Alguma coisa aconteceu no dia que ele morreu“, “Estou morrendo também“, “Eu não posso desistir de tudo“, estavam todos os sinais ali, o gênio resolveu fazer de seu último álbum, seu epitáfio. Mesmo após quase um ano do falecimento do cantor ainda é difícil para um fã escutar Blackstar sem sentir arrepios.

  • Faixa destaque: I Can’t Give Everything Away
  • Estilo: Experimental, Jazz

Blonde – Frank Ocean

Uma verdadeira saga marca os episódios entre Channel OrangeBlonde, uma espera que parecia que nunca chegaria, com Frank totalmente fora das mídias sociais, adiando datas de lançamentos e alimentando um hype que crescia assustadoramente. Mas não só um álbum chegou, mas dois: Blonde e o visual album Endless. Embora ambos carreguem uma qualidade estratosférica, Blonde possui tudo que os fãs pediam, ou seja, uma viagem intensa pela vida e mente do artista. Minimalista e experimental, o álbum carrega uma coragem enorme e com certeza não agradou os fãs que esperavam apenas canções pop de fácil consumo. Recheado de letras de alto cunho poético, o trabalho que Frank deixou aos fãs esse ano é cheio de momentos de arrancar lágrimas, cumprindo com seu hype de uma maneira que ninguém podia imaginar…

  • Faixas destaque: Self Control
  • Estilo: R&B, Dream Pop

Changes – Charles Bradley

Charles Bradley possui uma daquelas histórias inacreditáveis que só o mundo da música proporciona. Aliás, é uma daquelas provas do caráter revolucionário que a música pode ter na vida de uma pessoa. Charles viveu a vida inteira como cozinheiro, desviando da pobreza como podia, conseguindo somente aos 60 anos realizar seu sonho de receber reconhecimento como músico graças a um dono de gravadora que reconheceu o talento enorme de Charles e chamou para gravar um álbum. Changes é muito mais pessoal que seus discos anteriores e é justamente essa característica que faz desta uma das obras mais emotivas e arrebatadoras do ano.

  • Faixa destaque: Good To Be Back Home
  • Estilo: Soul, Funk

Emily’s D+ Evolution – Esperanza Spalding

Em tempos onde há um claro revival do jazz, surgindo influente em diversos trabalhos, a multi-instrumentista e exímia baixista, Esperanza Spalding, lança um álbum verdadeiramente fascinante, sabendo inserir doses pesadas de jazz dentro de faixas que facilmente se passariam por canções pop/rock. Veja bem, se trata de uma grande proeza de Esperanza conseguir fazer arranjos complexos se tornarem extremamente palatáveis até para um ouvinte menos exigente. Cantando e tocando com um raríssimo talento, a musicista comprova a razão de ter levado Grammy de revelação em 2011 e de hoje ser uma das maiores artistas de sua era. Emily’s D+ Evolution é pura riqueza melódica e lírica.

Faixa preferida: Ebony And Ivy
Estilo:
Jazz, Pop

Gore – Deftones

A linda migração de pássaros estampada na capa de Gore, oitavo álbum do Deftones, representa muito bem a obra, bastante contemplativa e melódica, com forte influência de post rock, revezando em colocar e retirar o ouvinte da zona de conforto inúmeras vezes. É o grupo arriscando mais uma vez em uma obra de extrema relevância, continuando a impulsionar o cenário do metal sempre pra frente com uma coragem invejável que deveria ser modelo para muita banda insistindo no mais do mesmo. Gore é uma experiência que aparenta ir além do sonoro, uma leveza em meio a guitarras pesadas.

  • Faixa destaque: Hearts/ Wire
  • Estilo: Metal Alternativo, Post Metal

HEAVN – Jamila Woods

Parceira de projetos de Chance The Rapper, Jamila Woods lançou um surpreendente primeiro álbum solo. HEAVN parece um título preciso pra descrever o trabalho da cantora, que possui um dos timbres mais lindos da atualidade, cantando com uma leveza angelical hipnotizante por cima de bases limpas e arranjos de R&B confortáveis. Desde a primeira e despretensiosa audição o disco vai atraindo o ouvinte para o play inúmeras vezes até terminar viciado por completo. É R&B e pop feito com honestidade, sutileza e emoção, só por isso já vale entre os melhores do gênero nos últimos anos.

  • Faixa destaque: Blk Girl Soldier
  • Estilo: R&B, Pop

Light Upon The Lake – Whitney

Em um cenário onde o indie pop vem sendo um estilo cada vez mais massante, com um crescente aumento de bandas do gênero (o que significa muita coisa de qualidade duvidosa também), surge Whitney das cinzas do Smith Westerns estreando com Light Upon The Lake, carregando uma sutileza pop que Brian Wilson ensina como fazer desde Pet Sounds. O single Golden Days é uma síntese do belo trabalho da banda: o falsete suave e aconchegante de Julien Ehrlich, o arranjo leve e delicado pautado na doçura das cordas, fortemente influenciado pelos anos 70 ao mesmo tempo que mantêm os dois pés centrados no presente. Uma das grandes revelações de 2016, obrigatório para quem curte o gênero.

  • Faixa destaque: Golden Days
  • Estilo: Indie Pop

Love & Hate – Michael Kiwanuka

Tão bem arranjado que dá raiva, Love & Hate, segundo álbum de Michael Kiwanuka, é música feita com a alma. Meticulosa, riquíssima e impressionante, a bela obra da Soul Music construída por Kiwanuka pega emprestado os arquétipos clássicos do gênero ao mesmo tempo que demonstra ser um trabalho extremamente moderno. Os 10 minutos da arrebatadora abertura orquestrada de Cold Little Heart, o clima enérgico nas palmas de Black Man In A White World, as cordas sentimentais e doces backing vocals da faixa homônima, a FANTÁSTICA linha de baixo de One More Night, todos os intrumentais do disco passam a sensação de estar ouvindo algo épico. É, parece que o cantor britânico possui um marco difícil de superar em seu próximo disco…

  • Faixa destaque: Cold Little Heart
  • Estilo: Soul, R&B

Skeleton Tree – Nick Cave & The Bad Seeds

Denso, soturno, impactante. Minha experiência na primeira audição de Skeleton Tree, décimo sexto álbum de Nick Cave & The Bad Seeds, foi um tanto peculiar. A melodia conversava com o ambiente como poucas vezes presenciei. Um dia nublado, carregado de nuvens negras, começava a se fundir com o anoitecer. Pássaros giravam no céu como se procurando encontrar de volta seus abrigos. Sonoramente, o que ecoava por meus ouvidos era a voz trágica e cavernosa de Nick junto a melodias obscuras, delicadas, repletas de um sentimentalismo sincero. Foi quando percebi que Skeleton Tree se tratava de uma obra que conversava com o cerne humano como poucas já fizeram, cheia de minúncias que deixam certa a completa imersão do ouvinte. Não se tratava apenas de uma obra sobre a morte, mas sobre o ser humano e seus dilemas.

  • Faixa destaque: I Need You
  • Estilo: Rock, Post Punk

Stranger Things, Vol. 1 – Kyle Dixon & Michael Stein

Stranger Things, Vol. 1 pode parecer somente um disco de trilha sonora, mas se trata de um espetacular e importante lançamento para a ambient music. Logo na abertura de Stranger Things Kyle Dixon e Michael Stein – do grupo S U R V I V E – mostram sua extrema competência, algo que prova ser apenas a ponta do iceberg ao avançar de cada faixa do álbum. A mágica executada pela dupla através dos sintetizadores sabe climatizar medo (Upside World), inocência (o grupo de crianças) e mistério (a carga sci-fi da série) de maneira esplêndida. Dividido em dois volumes (sendo este primeiro um tanto superior ao segundo), a trilha sonora da série sequestra o ouvinte de tal forma que só pode ser comparada à total imersão de Will Byers no “mundo do avesso”.

  • Faixa destaque: Hawkins Lab
  • Estilo: Ambient music, Trilha Sonora

untitled unmastered – Kendrick Lamar

O lado B de To Pimp A Butterfly surgiu entre nós de surpresa e do jeito mais estranho possível, com capa e título tão anti-climáticos que instigavam a curiosidade. Untitled unmastered é um compilado de canções que não deixam nada a desejar comparado a canções do seu já clássico álbum anterior. É a parte 2 de todo o incrível debate e crítica social promovido pelo rapper, assim como uma excelente exaltação da cultura afroamericana. E claro, sem esquecer das sempre extraordinárias batidas e arranjos que flertam muitas vezes com o jazz (o instrumental de untitled 05 09.21.2014 explode minha cabeça até hoje). Em poucas palavras, Kendrick provou que surpreende até com álbum sem título e sem masterização.

  • Faixa destaque: untitled 05 09.21.2014
  • Estilo: Hip-Hop, Jazz

Woman – Justice

Woman, terceiro trabalho de estúdio do Justice, é alvo de debates diversos já esperados, para o bem e para o mal. Assim como Random Access Memories do Daft Punk deixou uma parte dos fãs revoltados com a direção diferente do duo, voltada para as pistas dos anos 70, a dupla formada por Gaspar Augé e Xavier de Rosnay teve que passar pelo mesmo problema. O azar é desses fãs, que perdem a oportunidade de saborear um dos melhores lançamentos do ano, frenético, doce e vez ou outra bem progressivo. Nenhum single me enlouqueceu tanto quanto Randy e a espetacular jornada de seus inspiradíssimos sintetizadores.

  • Faixa destaque: Randy
  • Estilo: House, Disco

Worry – Jeff Rosenstock

Sabe essa sensacional capa de Worry? Ela reflete bem o estado do ouvinte após a audição do álbum. O americano Jeff Rosenstock é um dos poucos artistas que ainda consegue me fazer achar relevante gêneros como o punk rock. Sequência do excelente We Cool? lançado em 2015, Worry é a evolução suprema de tudo que já era fantástico no álbum anterior, com letras descompromissadas, refrões feitos para cantarolar a gritos, arranjos muito inventivos e principalmente divertidos. É pedrada atrás de pedrada, emendando uma canção na outra como se tratasse de uma única grande faixa. Se trata de rock na sua forma mais despretensiosa e competente possível.

  • Faixa destaque: HELLLLHOOOOLE
  • Estilo: Punk, Indie Rock

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