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Crítica | A Estrada, de Cormac McCarthy

por Ritter Fan
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estrelas 4
Eu adorei No Country for Old Men (Onde os Fracos Não Têm Vez), dos irmãos Coen. Foi graças a esse filme que vi, pela primeira vez, o nome de Cormac McCarthy.
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McCarthy é o autor do livro que serviu de base para o filme dos irmãos Coen e que acabou abocanhando o Oscar de melhor filme. O cara já escreveu uns 10 livros de ficção, dentre eles All the Pretty Horses, que também virou filme, dirigido por Billy Bob Thornton e estrelando Matt Damon e Penelope Cruz. Não vi esse filme, de 2000, mas ele está em minha lista.
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De toda forma, com No Country for Old Men, McCarthy entrou em meu radar. Quando li maravilhas de seu livro mais recente, The Road, de 2006, coloquei-o em minha lista. Quando soube que ele estava sendo adaptado para o cinema pelos irmãos Weinstein e estrelando Viggo Mortensen e Charlize Theron, coloquei-o mais alto na lista e acabei comprando-o em minha última viagem.
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Devorei o livro em duas viagens breves de avião. É sensacional assim.
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A estória é simples: um pai e um filho andam pela estrada de um Estados Unidos devastado, pós-apocalíptico, tentando chegar ao litoral, onde eles acham que a situação vai melhorar. Nada mais que isso. O livro basicamente enfoca nos dois. Demais personagens aparecem aqui e ali mas sem serem o foco da jornada, apenas elementos impulsionadores. Para se ter uma idéia, o pai e filho nunca têm seu nome revelado e o que quer que tenha acontecido com o mundo não é explicado.
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Por essas e outras é que a relação entre pai e filho ganha os holofotes. Um pai que faz qualquer coisa pelo filho e um filho que ama o pai incondicionalmente. Um ajuda o outro a sobreviver; um é a razão de ser do outro. O que interessa a nós, leitores, é a jornada e não como ela acaba. Cada parágrafo do livro é para ser saboreado, lido e relido.
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McCarthy tem o domínio da língua inglesa como quase nenhum outro autor da atualidade. São parágrafos curtos mas cheio de ritmo e beleza, assim como a estória dos dois andarilhos. Em alguns momentos vê-se alguma repetição no que acontece na estória mas o que é a vida senão a rotina, a repetição? O que é a vida senão um momento após o outro sem exatamente sabermos o que vai acontecer?
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Realmente não sei como esse livro será adaptado em filme e fico meio temeroso. Uma adaptação literal é possível já que o livro não é longo, mas o filme poderia ficar meio parado, o que não é muito atraente para as bilheterias. Sabendo que os Weinstein estão desesperadamente precisando de um sucesso, não duvidaria se eles enchessem os intervalos em que nada acontecesse com um monte de tiroteios, canibais e perseguições. Isso acabaria com o livro. A contratação de Charlize Theron para o papel de mãe do menino já é um sinal que adições foram feitas (a mãe é objeto de dois ou três parágrafo no livro). Isso não é necessariamente ruim na mão de um hábil roteirista e diretor. Assim como os dois andarilhos, eu ainda tenho esperanças.

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