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Sagas DC | Fim dos Tempos #40 a 48

por Daniel Tristao
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Spoilers!

Após 49 edições originais (#0 a 48) ao longo de quase um ano, mais de mil páginas publicadas (somente da série principal!), inúmeros tie-ins, tramas paralelas, mortos e feridos, chegamos, finalmente, ao final de Fim dos Tempos. A saga, que até aqui, trouxe muitas decepções aos fãs da DC… não decepciona no final. Bem, não decepciona quem não estava botando fé; esses podem dizer “eu já sabia”.

Mesmo para os mais otimistas, seria realmente muito difícil reverter nas edições finais o desfile de problemas que a história apresentou até aqui. Furos de roteiro, personagens fracos ou descaracterizados, soluções ruins, tudo indicava que as coisas não iam bem e apontavam para um final fraco.

Sobre o roteiro, o grande desafio de se optar por uma narrativa não linear e com tramas paralelas que, a princípio, parecem não ter conexão mas que, com o tempo, vão se interligando, é costurar tudo isso de uma forma inteligente. Se não houver um objetivo final claramente estabelecido e uma função relevante para cada elemento apresentado, corre-se o risco de acabar deixando muitas pontas soltas pelo caminho. E é isso o que temos aqui. Ao longo da história diversas perguntas foram levantadas para prender a atenção do leitor e algumas simplesmente não foram respondidas. Uma coisa é não subestimar o leitor, não dando respostas óbvias ou evitando recursos mais didáticos. Outra coisa é levantar uma questão e simplesmente se esquecer de respondê-la.

Em Fim dos Tempos os casos negligenciados são inúmeros. Que fim levou o agente do Irmão-olho enviado ao passado? O que ocorreu entre Batman e Superman, que gerou uma inimizade entre ambos (fato que foi mais de uma vez citado na história)? O que, afinal, o Superman fez de tão grave para salvar a Terra durante a guerra contra Apokolips?

São perguntas como esta que sustentaram a saga desde o início. Quem leu até a última edição esperava por respostas e, não tê-las, torna a história sem sentido, principalmente numa série tão longa como esta, que teve espaço de sobra para explorar muito bem diversos detalhes. Agora eu entendi por que tanta gente não gostou do final de Lost (apesar de que eu gostei, mas isso é outra conversa…).

Mais do que isso, um grande chamariz para a saga, quando foi lançada, era a inserção do Batman do Futuro, Terry McGinnis, no universo DC dos quadrinhos. O destino de Terry no fim da história é muito frustrante (muito mesmo!), e o pior é que ele não foi sequer desenvolvido, faltou profundidade para o personagem, conforme foi discutido na crítica dos primeiros volumes de Fim dos Tempos. Mais ainda, o personagem, que veio ao passado para evitar o futuro catastrófico… não influenciou em nada! Sua presença simplesmente não interferiu no andamento dos eventos! Qual o objetivo, então?

Além disso, o final da saga é igual ao começo, ou seja, o Irmão-olho dominou mesmo o mundo. Mais ainda, se você ler a edição #0 e, na sequência, as edições #47 e 48, é possível entender, em linhas gerais, o que ocorre na história. Pra mim, este é um sinal claro de que todo o miolo é pura enrolação, não há desenvolvimento ou evolução real da trama em aspectos relevantes. Sobre os desenhos, houve algumas pequenas mudanças na equipe artística nas edições finais, mas dentro do mesmo estilo do resto da maxi-série, sem novidades que se destaquem. Infelizmente, devo manter minha visão negativa sobre o trabalho de Andy MacDonald, conforme já exposto na crítica das edições #25 a 39. Pra quem tem alguma dúvida, sugiro que dê uma olhada na edição #43 da publicação original e comprove esse desgosto.

Em suma, o único objetivo que me passa pela cabeça para justificar a existência de Fim dos Tempos é haver mais uma realidade para fazer parte de Convergência. O link feito com Brainiac para justificar seu status em Convergência é muito simplório. Toda a saga poderia ser tranquilamente resolvida, com início, meio e fim, em 6 ou 8 edições.

Claro, com realidades alternativas e viagens no tempo, tudo se resolve. É bem provável que este universo seja revisitado daqui por diante, o que criará a oportunidade de responder tudo o que ficou em aberto. Porém, acredito que uma obra deve se sustentar por si só. A dependência de outros trabalhos, principalmente dos que possivelmente ainda estão por vir, prova que o atual não foi bem feito.

The New 52: Futures End 40 – 48 (EUA, abril a junho de 2015)
Publicação no Brasil: Fim dos Tempos 9 e 10
Roteiro: Brian Azzarelo, Jeff Lemire, Dan Jurgens  e Keith Giffen
Desenhos: Dan Green, Stephen Thompson, Jack Herbert, Vicente Cifuentes, Alberto Ponticelli, Scot Eaton, Scott Hanna, Allan Goldman, Freddie Willians II e Andy MacDonald
Cores: Hi-fi
Capas: Ryan Sook
108 páginas na edição 9 e 92 páginas na edição 10

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