Home TVTemporadas Crítica | Battlestar Galactica – Temporada 4.5

Crítica | Battlestar Galactica – Temporada 4.5

por Ritter Fan
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Comprei o Blu-Ray contendo os 10 (11 se considerarmos que o último é duplo) últimos episódios de Battlestar Galactica, série que, como sabem, eu adoro, bastando ver meus comentários sobre a Temporada 4.0. Fiquei olhando para a embalagem fechada por uma semana, sem coragem de abri-la. Finalmente, quando abri, passei a assistir um epísódio por dia, não porque a série seja ruim, longe (muuuuito longe) disso mas sim porque estava triste que ela estava acabando. A série The Wire, comentada aqui, aqui, aqui e aqui, é a mais brilhante série dramática que já vi. Battlestar Galactica é pau-a-pau com The Wire e seu fim significa o fim do que havia de melhor na televisão nos últimos 5 ou 6 anos.

Não mencionarei spoilers pois prezo muito essa série para dar chance de alguém estragar o prazer de assisti-la lendo meus comentários. O fim da primeira metade da quarta e última temporada nos mostra um final derradeiro, sem esperanças. 11 dos 12 modelos de Cylons foram revelados. Parecia que nada mais poderia acontecer. No entanto, os últimos 10 episódios mostram que eu estava errado.

Vamos falar logo sobre o final. A série acaba exatamente como eu, quando pequeno, achava que a série da década de 70 deveria acabar. Por isso, fiquei extremamente feliz e satisfeito com o que vi. Isso não quer dizer, porém, que o final é perfeito.

Daybreak, episódio rodado junto e divido em três partes, nos conta o destino final dos sobreviventes da guerra entre os Cylons e as 12 Colônias de humanos. A essa altura, pouco mais de 36 mil humanos sobrevivem às duras penas em várias naves lideradas pela astronave de combate Galactica e por seu almirante Adama (Edward James Olmos). Daybreak mistura cenas do passado de vários personagens em seus planetas natais com cenas do presente, na luta pela sobrevivência. Não fica muito claro o porquê desses flashbacks pois eles pouco impulsionam a estória, parecendo, na verdade, “encheção de lingüiça”. A primeira parte da trilogia final lida com a última missão da Galactica, com seu grupo de voluntários suicidas; a segunda parte lida com a batalha final entre Cylons e humanos e a terceira com a resolução, o fechamento da estória para cada um dos personagens.

A primeira parte é boa, emocionante, mas poderia ter sido executada mais rapidamente. A segunda – a batalha – é sensacional mas rápida demais. Faltou dinheiro? A terceira parte é interessante, revela o tal final que eu sempre quis mas deixa um pouco a desejar em termos de execução e uso de um didatismo exagerado, algo ausente na série como um todo.

No meio dessa meia temporada há uma tentativa de motim em Galactica. Esses momentos, na verdade, são os pontos altos desses 10 episódios. Vemos Apollo e Starbuck lutando novamente lado-a-lado, vemos Adama tomando decisões radicais como no começo da série e vemos os Cylons tomarem decisões de alianças. Esses momentos aliados às revelações de um dos cinco Cylons finais e a revelação de quem é o 12º Cylon (escolha interessante, que surpreende mas não choca) fazem da temporada 4.5 uma ótima temporada.

O tema polêmico da religião está cada vez mais presente e o fim é fortemente religioso, com uma clara interferência de um deus ou de entidades divinas para explicar o que acontece. Isso enfraquece a série? No meu entender, não. O elemento religioso em Galactica foi uma das grandes jogadas dos criadores que contrapõem ciência e religião, tornando Baltar, o traidor, Baltar o cientista, em Messias. Fica evidente a discussão sobre o papel da tecnologia e o bem – ou mal – que ela nos traz. A tecnologia é um deus para nós hoje em dia? Ou foi um deus que criou a tecnologia?

Mesmo com um final perfeito executado de forma menos do que perfeita, Battlestar Galactica continua em meu coração como uma das duas melhores séries de televisão já feitas. Parabéns aos realizadores pela coragem de mostrarem que ficção científica pode ser mais do que armas laser e alienígenas monstruosos.

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