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Crítica | Mad Men – 4ª Temporada

por Ritter Fan
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estrelas 4,5

Depois de 15 meses de hiato gerado por discussões monetárias que poderiam afetar sua continuidade, Mad Men volta às telinhas para sua quinta temporada. Findas as discussões, a produção da nova temporada foi tardiamente autorizada, o que criou esse intervalo incomum. O lado bom disso tudo é que a AMC já  autorizou, também, mais duas temporadas. Assim, nada mais propício do que fazer meus comentários sobre a quarta temporada, que só vi há pouco tempo, para diminuir a ansiedade da espera. É inevitável falar de acontecimentos das primeira, segunda e terceira temporadas, pelo que espere alguns spoilers, mas nunca da própria quarta temporada.

A quarta temporada começa exatamente no ponto em que a anterior parou (ok, algum tempo depois mas quase no mesmo ponto). A nova agência de publicidade Sterling Cooper Draper Price já saiu do hotel para onde foi no episódio final da terceira temporada e ganhou aparência de escritório, ainda que modesto. Bert Cooper (Robert Morse), Roger Sterling (John Slattery), Don Draper (Jon Hamm), Pete Campbell (Vincent Kartheiser), e Lane Pryce (Jared Harris) tentam desesperadamente trazer novos clientes para sua agência, de forma a evitar uma dependência excessiva de faturamento de alguns poucos clientes, especialmente da conta Lucky Strike. No entanto, Cooper e Sterling pouco fazem, o primeiro apenas aparecendo em alguns momentos para fazer comentários e o segundo apenas tentando manter a conta Lucky Strike, que veio por causa de su a amizade com um dos donos.

Assim, cabe a Draper e Campbell o trabalho pesado de convencer empresas a virem trabalhar com a SCDP e a Pryce o gerenciamento financeiro da agência. Em paralelo, vemos Joan Harris (Christina Hendricks) como secretária executiva de toda a agência tendo que contrabalançar sua profissão com as investidas constantes de Sterling e seu casamento com o Dr. Greg Harris (Sam Page), agora alistado no exército. E, claro, vemos Peggy Olson (Elisabeth Moss), tentando ainda mostrar a que veio, já que sofre nas mãos de Draper ao mesmo tempo em que é alvo de preconceitos na agência.

Fora do círculo da agência, vemos Betty Francis, ex-Betty Draper (January Jones), agora casada com Henry Francis (Christopher Stanley), tentando educar seus três filhos e quase que vivendo todos os dias com alguma espécie de “consciência pesada” por ter largado Don. Mas é Don quem talvez mais sofra com tudo isso pois ele sabe que foi o verdadeiro responsável pelo que aconteceu, não só por suas incessantes casos extraconjugais como, também, pelo seu passado misterioso que ele escondeu até quando pode de Betty.

Essa relação – ou falta de relação – é que move a quarta temporada que poderia ter facilmente o subtítulo “A Queda de Don Draper”. Vemos o genial e bem vestido bonitão atingir o fundo do poço, entregando-se à bebida e às mulheres. Isso, claro, afeta sua performance na agência e todos começam a sentir o impacto de um mundo sem Don Draper. Draper, aparentemente, sente um vazio enorme depois do divórcio de Betty e não consegue se reconciliar com isso, apesar de sempre ter traído a esposa. Ele precisa de um família por trás dele, talvez como um lembrete do que ele não teve quando jovem. Seu desespero é palpável e Jon Hamm dá um show de atuação.

Ao mesmo tempo que vemos Draper cair vertiginosamente, vemos a ascensão de Pete Campbell. De um filhinho-de-papai mimado na primeira temporada  até um chefe de família e sócio de agência responsável, talvez ele tenha sido o personagem com maior desenvolvimento na série. A quarta temporada mostra um Campbell engajado no sucesso da empresa, dividido com ofertas de agência rival e, também, alguém em quem se pode confiar (lembrem-se que ele sabe do segredo de Draper).

Peggy Olson também continua sua trajetória de crescimento e ela finalmente abraça, de corpo e alma, a tarefa de chefe de equipe e usa sua habilidade também em prol da agência. No entanto, diante de Draper e Campbell – para mim os focos dessa temporada – Olson tem pouco espaço, destacando-se, apenas, em episódios-chave.

Também fiquei particularmente feliz com o que a produção fez com Lane Pryce. Jared Harris tem uma atuação brilhante com um britânico perdido na ilha americana. Apesar da idade, ele ainda tem que lidar com o pai dominador e com os loucos de seus sócios na agência, o que o força a fazer malabarismos contábeis.

Essa temporada, porém, não tem um arco particularmente empolgante e eu diria que é a mais fraca das quatro. Mas isso ainda é um enorme elogio, se considerarmos a excelência do material que veio antes. No final da temporada, um pouco na linha do que vimos no final da primeira, com a gravidez maluca de Peggy Olson, também temos um acontecimento meio que inesperado, dessa vez envolvendo – e catalisado – por Don Draper.

A qualidade da produção da série, porém, continua impecável. A reconstrução da década de 60 é algo realmente incrível, de se tirar o chapéu e o elenco, como um todo, é brilhante.

Que venha a quinta temporada!

Mad Men – 4ª Temporada (Estados Unidos, 2010)
Criador: 
Matthew Weiner
Direção: vários
Roteiro: vários
Elenco: Jon Hamm, Elisabeth Moss, Vincent Kartheiser, January Jones, Christina Hendricks, Aaron Staton, Rich Sommer, John Slattery, Kiernan Shipka, Robert Morse, Michael Gladis, Jared Harris, Alison Brie, Christopher Stanley, Jessica Paré, Peyton List
Duração: 611 min. (13 episódios)

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