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Crítica | Anjos da Lei

por Rafael W. Oliveira
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Anjos da Lei é aquela típica comédia “porra louca” em que palavrões são de praxe, insinuações sexuais deturpadas são obrigatórias, e drogas… são extremamente necessárias. A fita, que foi roteirizada por Michael Bacall (Scott Pilgrim Contra o Mundo) e Jonah Hill (o ex-gordo de Superbad), é uma adaptação da série de TV homônima de 1980 que revelou o talento do ator Johnny Depp ainda moleque. O filme tem um início promissor, acaba relaxando demais no segundo ato, mas finaliza de forma satisfatória.

Na trama temos dois caras que eram opostos no colegial: o nerd Schimidt e o popular Jenko. Depois de anos, já fora da escola, os dois se trombam numa academia de policia, onde se tornam finalmente amigos devido a mútua troca de favores envolvida: Schimidt ensina Jenko a estudar, e Jenko ensina Schimidt a ser mais durão. Mas os caras são péssimos de qualquer forma.

Por serem jovens, ambos são escalados para uma operação secreta cuja a base fica na “21 Jump Street”. Resumidamente, eles precisaram se disfarçar de estudantes, voltar ao ensino médio, se enturmar com traficantes e chegar até a fonte de uma nova e perigosa droga que anda destruindo a vida de alguns pobres idiotas. E é dentro deste contexto que as coisas se desenrolam.

Como falei, o primeiro ato do filme é bem efetuado. Ironicamente, o ritmo acelerado do roteiro não se perde em nenhum momento. A estruturação do background dos personagens é inteligentemente elaborado, assim como a aproximação dos dois – tudo de maneira rápida e muito engraçada. Quando são convocados a se tornarem policias infiltrados, tudo continua no caminho certo. Até mesmo Ice Cube arranca boas risadas da audiência com seu extremamente estereotipado, boca suja e de pavio curto Capitão Dickson.

 A ideia do roteiro que explora uma mudança de comportamento dos jovens de hoje também é interessante, sendo que os nerds se tornaram os caras legais e os valentões, jogadores de futebol (e por aí vai) ficaram meio que de lado. Todo este núcleo construído na escola, e a parceria de Schmidt e Jenko, rendem ótimos momentos de comédia. Boas risadas de fato.

Mas então vem a virada do segundo para o terceiro ato, e aí as coisas desandam. Bem… que o desfecho seria óbvio, isso era um fato. Só que o problema foi: para chegar ao ponto em que a parceria encara suas dificuldades, para depois se reencontrar de forma emocional, moral e elucidativa, foram utilizados recursos rasos, pouco imaginativos e forçados demais. Uma mesquinharia que beira um altismo emocional egocêntrico (sim! isso é totalmente incoerente! sim!), uma debilidade mesmo, entende? Ser mesquinho, infantil ou incompetente é uma coisa, agora ser incoerente e agir de maneira irracional é outra. E é isso que o roteiro oferece como argumento para os dilemas da fita, algo que fica difícil de engolir, e por isso, tudo acaba perdendo a graça nessa meia hora e pouco. Mas no desfecho o clima se recompõe. Temos uma boa surpresa quase nos minutos finais, e eficientes cenas de tiroteio (em slow motion), com bastante sangue e muita graça novamente.

Os quesitos técnicos do longa são positivos. A direção de Phil Lord e Chris Miller (que conduziram juntos a animação Tá Chovendo Hamburguer) é competente, e em certos momentos esbanja criatividade ao apostar numa edição alucinante, com viagens lisérgicas gráficas e muito mais. A trilha sonora esdrúxula também é destaque, sendo de muito bom gosto e chamando facilmente a atenção durante todo o filme. A atuação da dupla principal, Jonah Hill e Channing Tatum (que devia ficar só na comédia), é entrosada, hilária, funcionando muito bem quando precisa, perdendo o rumo quando o roteiro tropeça na superficialidade … ou seja, no geral um bom trabalho dos caras.

No final, vale a pena ver Anjos da Lei. Aqui na crítica pontuei que o filme tem uma queda acentuada de rendimento, principalmente no final do segundo e início do terceiro ato. Isso é verdade. Mas ninguém vai assistir essa fita procurando problemas de roteiro ou tentando desmascarar soluções rasteiras né? Isso fica pro mala do crítico. E com esse pensamento escapista, é uma boa pedida.

Anjos da Lei (21 Jump Street, EUA, 2012)
Roteiro: Michael Bacall
Direção: Chris Miller e Phil Lord
Elenco: Channing Tatum, Jonah Hill, Brie Larson, Ice Cube, Johnny Depp, Dakota Johnson
Duração: 109 min.

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