Home TVEpisódio Crítica | Continuum – 1X04: Matter of Time

Crítica | Continuum – 1X04: Matter of Time

por Luiz Santiago
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They’re playing God and so are you.

Alec

O grande acerto de Simon Barry em relação a Continuum é a colocação de pistas espalhadas pelos episódios, fragmentando a história e trabalhando alternativas que aos poucos se combinam e formam o quebra-cabeça geral. A maneira como isso aparece na série é muitíssimo bem arquitetada, sem precipitações ou situações inexplicáveis, desconexas e fracas, como acontece em alguns shows, quando tentam trazer um elemento surpresa para ajudar na condução da trama.

Em um episódio dirigido pelo experiente Mike Rohl (Eureka, Supernatural, Smallville, The Dead Zone), vemos chegar ao ano de 2012 o temido Edouard Kagame, líder do Liber8 que estava perdido no tempo e só agora aparece para agilizar os planos do grupo e, como ele mesmo anuncia ao final do episódio, começar uma guerra. O momento para a chegada de Kagame à série não poderia ser mais propício. Uma série de elementos que no início da temporada me pareciam nebulosos demais, agora começam a fazer sentido, e até mesmo o modelo de criação de plots da série começam a se firmar para o público.

Alguém poderia dizer que as tramas da série não fazem sentido porque parecem casos individuais. De fato, para um espectador desatento, os episódios parecem tratar de assuntos separados, apenas para sustentar aquela exibição em particular. Todavia, cada episódio trabalha em pelo menos três frentes diferentes: a questão temporal, com eventos e ações do presente que alteram o futuro – visto aos poucos em flashforward; a questão da adaptação de Kiera e do Liber8, todos eles em busca de seus objetivos; e a questão das pessoas do nosso tempo, que acabam entrando nos planos desses indivíduos que vieram do futuro. Logo, se tivemos nesse episódio a morte de um professor plagiador que trabalhava com antimatéria – até então, algo que não exatamente tinha alguma ligação com a história – isso passa a fazer sentido quando a bela Melissa LaRoche, criadora da futura empresa LaRoche Energy, aparece na história.

Pela primeira vez Kiera mostra que não é intocável em suas questões morais. O próprio Alec reconhece isso quando diz para ela que “está tudo bagunçado”, que ela está brincando de ser Deus, que ela deixou uma criminosa passar incólume só porque ela desenvolverá uma pesquisa que salvará o mundo de uma crise energética no futuro… O grande conflito moral se estabelece, e eu não poderia ter ficado mais feliz com o encontro dessas duas personagens ter sido algo desprovido de calor humano e chegasse a um impasse potencialmente perigoso. Sem choraminguelas emocionais desnecessárias, sobra espaço para a condução de ações realmente importantes para a trama.

Algo que me chamou bastante a atenção foi a decoração da casa de Kiera por volta de 2070 (levando em consideração que o filho dela tinha poucos meses de vida). Apesar de ser um mundo provido de alta tecnologia, o interior de sua casa é bastante simples, algo parecido com um galpão bem decorado, com um toque muito aconchegante dado pela direção de arte e fotografado de maneira muito convidativa, inteligentemente oposta ao cinza-azulado que domina as cidades. Além disso, duas coisas do futuro também são citadas no episódio, a maquiagem com um toque de eletrostática e a lavagem a seco, um padrão comum já que a água é algo muito caro no futuro.

A escolha de Kiera em desligar seu visor eletrônico (que mostra pela primeira vez o detetor de mentiras), é um sinal de que ela vai passar mais tempo em 2012, ou mais tempo fora do seu tempo, do que o planejado. Como ela ainda tem a posse de um pedaço do reator do portal no tempo e a chegada de Kagame parece ter mudado um pouco as estratégias imediatas do Liber8, fica difícil opinar para qual lado a narrativa vai seguir no próximo episódio. Seja ela qual for, deve ser algo realmente muito importante, posto que no próximo episódio chegamos exatamente ao meio da temporada. Que venha A Test of Time!

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