Home TVEpisódio Crítica | A Casa do Dragão – 1X08: O Rei das Marés

Crítica | A Casa do Dragão – 1X08: O Rei das Marés

Um brinde ao final da paz.

por Kevin Rick
3,4K views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, todo o nosso material de Game of Thrones.

O Rei das Marés arruma outra “desculpa” narrativa para as figuras principais da série se reunirem em um novo evento de grande importância política e familiar, novamente após um salto temporal de alguns anos. Dessa vez, a reunião acontece por conta dos graves ferimentos de Corlys Velaryon, lançando a Casa Velaryon em uma crise de sucessão alinhada com a guerra pela coroa dos Targaryens. Considerando que os filhos de Corlys estão mortos (ou pelo menos supostamente mortos), seu irmão Vaemond quer reivindicar o título, por não aceitar que o herdeiro legítimo, Lucerys Velaryon, seja um bastardo. Rhaenyra e Rhaenys ficam novamente à mercê da coroa para decidirem seus destinos, sendo que o trono está sendo controlado pelos Hightower, já que o rei Viserys não é mais do que um esqueleto moribundo nos estágios finais de sua doença.

Continuo elogiando como o seriado lida com as elipses, sem perder tempo contextualizando acontecimentos e mantendo a narrativa num status autoexplicativo. É meio conveniente como nada de grande importância parece acontecer nesses anos foras de tela (todo mundo vive de “casinha” até o próximo grande evento familiar?), e algumas coisas se tornam estranhamente súbitas, como a situação de Corlys aparecendo do nada, apenas para servir de estopim narrativo. Mas, apesar das ressalvas com a correria dramatúrgica e a falta de construção para os cenários e tramas da história, os roteiros foram eficientes ao longo dos oito episódios que servem como um prólogo.

Muito do que vemos neste episódio são os arranjos finais para um possível nono capítulo explosivo, como característico em GoT. A direção lida novamente com uma história contida e encenações teatrais em um único evento, com o roteiro se concentrando bastante em alguns reencontros tensos e voláteis que desenvolvem como a disputa entre Daemon, Rhaenyra e Alicent passou para as novas gerações, algo bastante intrigante da perspectiva de dinastia do seriado, criando rixas entre as casas – me pergunto o que será dos Velaryons, Hightowers e Strongs, considerando que os Targaryens irão se manter no poder por muitos anos até a traição de Jamie Lannister.

Não gosto, porém, da visão um tanto maniqueísta dada à divisão da Guerra Civil, com os filhos de Alicent sendo esses seres desprezíveis, enquanto a família da Rhaenyra se torna uma versão dos Stark, incluindo um novo Daemon simpático. Me pergunto o que aconteceu com aquele antagonista que tramava contra a coroa. Os saltos temporais atrapalharam o arco do personagem, deixando de ser aquele vilão que matou sua esposa – aliás, aquele acontecimento não serviu para nada, ein? Complicado. São os problemas que aparecem nessas narrativas que ficam pulando por períodos, como expliquei ao longo das críticas.

No entanto, se o enredo geral fica um pouco atabalhoado por conta do prólogo, a produção continua encontrando qualidade em seus cenários únicos de reuniões familiares. Temos mais um episódio sobre rivalidades familiares e os escândalos da corte extremamente bem escrito, mas com o adendo de trabalhar o desfecho de Viserys. O monarca é o único “obstáculo” para o início da Guerra Civil, com sua existência mantendo uma paz velada. O Rei das Marés não apenas finaliza esse capítulo da história, como nos brinda com um grande adeus para o rei.

A sua entrada para o trono é de dar mais arrepios que muitos momentos épicos de Westeros, enquanto seu discurso na mesa de jantar é cheio de emoção e amor. Os eventos ao longo da história são de uma tragédia anunciada, mas os últimos momentos e decisões de Viserys continuam mantendo um ambiente pacífico, incluindo um momento de ternura com a bela direção de Geeta Vasant Patel para os pequenos instantes de confraternização sincera da família, seja a reconciliação de Alicent e Rhaenyra, seja Viserys olhando para seus netos dançando. Mesmo em seus momentos mais ambíguos e nas linhas genéricas do monarca burro, Viserys foi construído como um personagem bastante identificável.

Há algumas simbologias para seu adeus. Sua saída da sala de jantar é paralela à entrada de um prato de porco, que inicia as novas tensões com Aemond provocando os filhos de Rhaenyra. É naquela conversa com a ausência do rei que a Guerra Civil efetivamente se inicia. Os últimos suspiros de Viserys são melancólicos, terminando o período de paz de seu reinado. O Rei das Marés, enfim, marca o final dos saltos temporais e carimba o início da Dança dos Dragões.

A Casa do Dragão – 1X08: O Rei das Marés (House of The Dragon – 1X08: Lord of the Tides) | EUA, 09 de outubro de 2022
Criação: 
Ryan J. Condal, George R. R. Martin
Direção: Geeta Vasant Patel
Roteiro: Eileen Shim
Elenco: Paddy Considine, Matt Smith, Emma D’Arcy, Rhys Ifans, Steve Toussaint, Eve Best, Sonoya Mizuno, Fabien Frankel, Olivia Cooke, Graham McTavish, Ryan Corr
Duração: 63 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais