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Crítica | A Escolha Perfeita 2

por Lucas Nascimento
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estrelas 2

Em 2012, o musical A Escolha Perfeita foi um surpreendente hit de bilheteria que se saiu bem ao abordar uma crescente moda do período: cantoria a capella. O que não foi surpresa nenhuma foi o sinal verde da Universal para uma continuação, que traz de volta todo o elenco original e, infelizmente, nada realmente original.

O roteiro de Kay Cannon não vai muito além do que poderíamos esperar de um filme do tipo e preguiçosamente repete a estrutura do anterior. Aqui, as Barden Bellas estão estabelecidas como um dos mais badalados e bem sucedidos grupos de a capella do ramo. Quando uma apresentação importante dá terrivelmente errado, elas são banidas da comunidade a capella, o que misteriosamente não as impede de participar de uma competição mundial em Copenhague, com adversários muito mais competentes. Assim, as Bellas enfrentarão seu próprio walkabout para reencontrar sua voz.

Como toda premissa de continuação que se justifica, A Escolha Perfeita 2 oferece um desafio mais grandioso para as protagonistas, que no primeiro filme tinham apenas uma competição local para triunfar. A entrada de grupos mais coloridos e estereotipados é divertida, especialmente na forma dos antagonistas principais: o grupo alemão Das Sound, que também oferece apresentações musicais inventivas e que fogem do estilo do primeiro filme (fica em destaque o número com Uprising, do Muse, que impressiona tanto pela abordagem eletrônica quanto pela pirotecnia do ato). A soturna batalha de a capella comandada por um misterioso personagem também é um dos pontos altos, principalmente pela variedade de estilos e o trabalho do departamento de mixagem de som, que os torna compreensíveis e orgânicos dentro de uma cena repleta de mashups e remixes que facilmente poderia tornar-se cacofônica. Por fim, a apresentação final das Bellas é eficaz ao recuperar o espírito do a capella, apresentando uma empolgante percussão feita por estalos e batidas de mãos.

E com exceção destes números musicais, o filme é uma decepção . Falha em praticamente todas as tentativas de humor, principalmente quando insiste em tornar Rebel Wilson engraçada, quando a atriz simplesmente se atém ao estereótipo da “mulher acima do peso e barraqueira” — traço que Melissa McCarthy é capaz de fazer com muito mais charme. Ao menos este não apela tanto para escatologias quanto o primeiro (que trazia até mesmo um “anjo de vômito”) –, mas fica claro que a diretora Elizabeth Banks tem dificuldade em extrair timing cômico do roteiro irregular, salvando-se apenas nas interrupções ocasionais dos comentaristas da competição; a própria Banks e John Michael Higgins.

Anna Kendrick se sai bem como de costume como a nova líder das Bellas e sua subtrama como estagiária de uma produtora chama mais atenção do que a trama central, mas infelizmente o roteiro peca ao mal aproveitá-la. Nessa mesma categoria, a principal adição que é Hailee Steinfeld fica presa a uma personagem sem graça e sem o impacto que deveria ter; que seria aquele que Kendrick teve no primeiro filme: a novata que é inserida neste mundo, precisa encontrar sua vocação, superar obstáculos e… Bem, o festival de clichês de sempre.

No fim, A Escolha Perfeita 2 é uma repetição sem graça do primeiro filme, que debruça-se preguiçosamente sobre clichês, fórmulas estouradas e apenas alguns bons números musicais. Um terceiro filme já foi confirmado pela Universal, e boa sorte para quem ficar.

A Escolha Perfeita 2 (Pitch Perfect 2, EUA, 2015)
Direção:
Elizabeth Banks
Roteiro: Kay Cannon
Elenco: Anna Kendrick, Rebel Wilson, Brittany Snow, Hailee Steinfeld, Skylar Astin, Katey Sagal, Anna Camp, Elizabeth Banks
Duração: 115 min

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