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Crítica | A Fabulosa Noite do Superpato e O Museu de Cera

O Superpato em ação!

por Luiz Santiago
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Neste compilado estão presentes as críticas das histórias de número dois e três (seguindo a ordem cronológica) do Superpato. A primeira delas, A Fabulosa Noite do Superpato, foi lançada na Itália em fevereiro de 1970, e a segunda, O Museu de Cera, em janeiro de 1971. O roteiro para as duas tramas é de Guido Martina. A arte e a arte-final são, respectivamente, de Romano Scarpa e Giorgio Cavazzano. Ambas já foram lançadas no Brasil. E aí, você já leu alguma dessas histórias? Qual delas? Gostou do que leu ou não? Confira as críticas e deixe o seu comentário ao final da postagem!
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A Fabulosa Noite do Superpato

E a saga de vingança e maldades do terrível Superpato continua! Oito meses depois da publicação de O Diabólico Vingador o roteirista Guido Martina revisitou o personagem, e A Fabulosa Noite do Superpato é a segunda aparição desse anti-herói enraivecido que surge toda vez que o Donald passa por momentos de grande estresse, raiva e frustrações que ele acredita poder consertar vestindo o manto do velho Fantomius. Aliás, ele faz referência a esse clássico herói do Universo dos patos — que ainda não tinha aparecido nos quadrinhos da Disney — quando revela a sua identidade para o Professor Pardal, responsável por criar todos os aparelhos interessantes do Superpato, por turbinar do carro do Donald e organizar o esconderijo do herói, em um lugar que Huguinho, Zezinho e Luisinho não poderiam encontrar. Em um diálogo, Donald conta para Pardal sua identidade e deixa claro que está levando adiante um legado:

Donald: Mas eu farei ele comer o pó da derrota! Palavra do Superpato!

Pardal: Então… você é o Superpato?

Donald: Sim! Herdeiro de Fantomius, o Ladrão de Casaca!

Eu tive um pouco de dificuldade para comprar a história, que começa um tantinho banal e desinteressante. As coisas passam a ficar muito boas a partir do momento em que Donald encontra, nas ruínas da Vila Rosa, o primo Gastão vestido de Fantomius e acompanhado por Margarida, vestida de Dolly Paprika. Mais uma vez notamos que Guido Martina tinha a preocupação não apenas de desenvolver o Superpato, mas também de dar a ele algo mais profundo, um olhar para um passado misterioso, um pouco sombrio e completamente envolto em mistérios, do qual os personagens deste tempo presente conhecem apenas alguns detalhes (os meninos citaram que conheciam a história de Fantomius, na aventura anterior) ou vão descobrindo outros, como acontece com Gastão, que encontra uma fotografia do velho ícone e de sua companheira (vejam aí a referência a Diabolik e Eva Kant) nas ruínas da casa.

O fingimento de indiferença de Donald em relação à festa a fantasia beneficente e sua motivação para vestir o uniforme do Superpato, aqui, são genuinamente instigantes e todo o enredo é marcado por cenas de perseguição, de tensão, espera e descobertas chocantes. Gosto muito da “comédia de erros” que o autor utiliza na segunda parte, fazendo com que Tio Patinhas e toda a família coloque a culpa no Gastão que não sabe o que está acontecendo porque ingeriu dois cacans (caramelos canceladores, uma simples, mas genial invenção do Professor Pardal). E assim como no começo, não gosto muito do final da história. Ela desce a um nível mais bobinho de interação entre os personagens, fechando uma trama muito boa de maneira corrida e com declarações amorosas de Margarida para o valente Donald. O significado disso, claro, é fantástico, porque mostra a “persona civil” do Donald colhendo os frutos do que o Superpato plantou. Mas pela maneira abrupta como o final é escrito e por a cena resumir-se apenas a esse tipo de situação (vejam a diferença em relação à trama passada, por exemplo, que termina com aquela frase cínica do Donald), acaba ficando aquém do ótimo desenvolvimento.

A Fabulosa Noite do Superpato (Paperinik alla riscossa) — Itália, 22 de fevereiro de 1970
Código da História: I TL  743-AP
Publicação original: Topolino (Libretto) #743
Editora original: Mondadori
No Brasil: Almanaque Disney 28, Disney Big 26, Lendas Disney 1 (Editora Abril)
Roteiro: Guido Martina
Arte: Romano Scarpa
Arte-final: Giorgio Cavazzano
Capa original: Franco Lostaffa (?)
60 páginas

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O Museu de Cera

Todo herói mascarado passa por perrengues ligados à sua identidade, não é mesmo? Já em 1971, Guido Martina tinha exemplos de sobra na indústria para se basear, a fim de escrever a presente história. Sem contar que uma das grandes influências para a criação da mitologia do Superpato, o Diabolik, brinca com essa questão das identidades o tempo todo, pois ele é um exímio criador de máscaras realistas — e a relação com as máscaras no Universo dos patos nós vimos ser utilizada nas edições passadas — podendo assumir o rosto de diversas pessoas de Clerville. Aqui em O Museu de Cera, essa mesma dinâmica é abordada, mas a partir de um outro tipo de representação: o de bonecos de cera… ou, mais precisamente, bonecos de plástico cobertos por uma fina camada de cera.

Diferente de A Fabulosa Noite do Superpato, essa aventura começa com um evento engraçado e interessante, abrindo a rodada de braveza de Donald e colocando Patinhas em cena com uma ideia que justificará o título da trama: a confusão de identidade e a busca que Donald/Superpato fará para limpar o nome e deixar claro para Patópolis quem é o falso e quem é o verdadeiro mascarado. Este ponto do enredo também mostra a maneira como o personagem era visto pela cidade. Quando A Patada publica uma matéria dizendo que o Superpato é o Donald, a reação dos cidadãos é de horror. Os sobrinhos literalmente dizem que vão morar com a Vovó Donalda porque não querem dividir um teto com um fora-da-lei. Está mais do que claro que as pessoas não gostavam do Superpato e que tinham medo dele.

E essa história vai brincando com a questão da identidade, que passa a ser uma preocupação para o Donald, mas não pelos motivos nobres, digamos assim. Todavia, por ironia do destino, o próprio Donald, devido às suas ações nessa trama, acaba revertendo essa opinião das pessoas para o Superpato — e não sei se temporariamente, porque não tenho conhecimento de como a população irá tratá-lo ou como a orientação moral do personagem irá ser trabalhada em curtíssimo prazo a partir dessa aventura. Ainda não li cronologicamente as histórias posteriores a esta. A longo, porém, sabemos que isso muda por completo. Algo típico do Donald: toma uma atitude achando uma coisa, e acaba conseguindo algo bem diferente como resultado.

Superpato, o Diabólico Vingador (Paperinik il diabolico vendicatore) — Itália, 3 de janeiro de 1971
Código da História: I TL  788-AP
Publicação original: Topolino (Libretto) #788
Editora original: Mondadori
No Brasil: Tio Patinhas 156, Almanaque do Superpato 3, Disney de Luxo 3, Lendas Disney 1 (Editora Abril)
Roteiro: Guido Martina
Arte: Romano Scarpa
Arte-final: Giorgio Cavazzano
Capa original: Giuseppe Perego
63 páginas

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