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Crítica | A Grande Família – 1X01: Meu Marido Me Trata Como Se Eu Fosse Uma Geladeira

por Luiz Santiago
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 14
Número de episódios: 485
Período de exibição: 2001 – 2014
Há continuação ou reboot?: Não. Mas a série é um remake.

A Grande Família é provavelmente a série brasileira de maior impacto cultural e com maior amor dos espectadores em relação a um show verdadeiramente nacional. Tirando a Escolinha do Professor Raimundo, programa de estrutura diferente, mas com imensa presença no imaginário dos brasileiro, A Grande Família conseguiu uma grande repercussão e manteve uma alta popularidade ao longo dos seus 14 anos de existência e 485 episódios, exibidos entre 2001 e 2014.

Remake da série de mesmo nome exibida entre 1972 e 1975, pela Rede Globo, A Grande Família retrata o cotidiano dos Silva, uma família de classe média do Rio de Janeiro (a da série clássica morava em São Paulo) que recebe nos roteiros um tratamento que procura emular os muitos problemas que encontramos nos lares de todo o Brasil. A proposta da série, aliás, era justamente a de não apenas fazer uma comédia com situações entre familiares, mas direcionar o humor para um cenário típica e estereotipadamente brasileiro, com cada personagem dando vida a um arquétipo de indivíduos vistos nas casas de todo o país e enfrentando as mais diversas circunstâncias do dia a dia.

O núcleo principal do show — e que nos é apresentado bem claramente nesse episódio piloto — era formado por Nenê (Marieta Severo), a dona da casa; seu esposo Lineu (Marco Nanini); seus filhos Bebel (Guta Stresser) e Tuco (Lúcio Mauro Filho); seu pai Floriano ou Seu Flor (Rogério Cardoso); e seu genro Agostinho Carrara (Pedro Cardoso), o mais famoso e talvez mais querido personagem da série, que até hoje aparece como ícone de memes sobre moda — vale dizer que a equipe de figurinos simplesmente arrebentou nas escolhas para Agostinho –, opiniões sobre qualquer coisa e execução malandra do famoso “jeitinho brasileiro“, uma das características mais notáveis do personagem.

Nesse primeiro episódio do programa, Nenê vive uma crise de idade e faz de tudo para atrair a atenção de Lineu. Há uma relação simbólica entre ela e a geladeira quebrada que precisa ser trocada, e tudo é desencadeado por uma “revista de mulher pelada” que aparece nas mãos de Agostinho e Lineu, fazendo com que Nenê sinta a vontade de ser desejada, de ter o olhar e o carinho do marido depois de tanto tempo de casada. Vendo o episódio tantos anos depois, é interessante notar o risco de se trabalhar algo essencialmente romântico como um motivo de crise no casamento logo no capítulo de abertura do show, mas a coisa funciona muitíssimo bem. Costurada à tentativa de Agostinho em processar a empresa de uma construção que deixou cair uma pedra na cabeça de Seu Flor, a narrativa dá o devido espaço para que cada personagem consiga mostrar um pouco de si, inclusive Beiçola (Marcos Oliveira), que se tornaria recorrente no programa.

Falando um pouco da vida de casado de Lineu e Nenê, Meu Marido Me Trata Como Se Eu Fosse Uma Geladeira é um sólido episódio de apresentação, com todos os ingredientes que fariam de A Grande Família uma febre. Até a música de abertura, cantada por Dudu Nobre nas 12 primeiras temporadas (e regravada por Ivete Sangalo e Zeca Pagodinho na penúltima e última temporadas, respectivamente) acabou ganhando status de “hino” da família brasileira, com toda a sua união de minutos, suas bagunças, brigas, dificuldades financeiras e mais um montão de outras que conhecemos tão bem. Um capítulo inesquecível da televisão brasileira e uma das séries que definitivamente marcou Era.

A Grande Família – 1X01: Meu Marido Me Trata Como Se Eu Fosse Uma Geladeira (Brasil, 29 de março de 2001)
Direção: Mauro Mendonça Filho
Roteiro: Bernardo Guilherme, Marcelo Gonçalves
Elenco: Marco Nanini, Marieta Severo, Rogério Cardoso, Lúcio Mauro Filho, Guta Stresser, Pedro Cardoso, Marcos Oliveira
Duração: 30 min.

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