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Crítica | A Guerra Vingadores/Defensores

por Gabriel Carvalho
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“Sim, Hulk foi um Vingador uma vez. Não gostou.” – O Incrível Hulk dá seus pitacos sobre sua tão conhecida participação na superequipe dos maiores heróis da Terra.

Da mente imaginativa de Steve Englehart, duas revistas estavam sendo publicadas pela Marvel Comics com a sua assinatura, em meados de 1973: Os Vingadores e Os Defensores. A intuição do roteirista logo levou-o, com o auxílio dos ilustradores Sal Buscema e Bob Brown, a unir-las, intercalando a história que seria contada entre as duas revistas de sua autoria. A Guerra Vingadores/Defensores ganhava forma e logo permearia por oito edições o primeiro grande crossover da editora. Apesar de ainda estar no seu início de carreira (vide, aqui, a crítica da origem), a estranha equipe dos Defensores contava com alguns dos heróis mais famosos da companhia, e os Vingadores, é claro, eram os Vingadores. Mesmo que a história não fosse extremamente bem elaborada, a diversão certamente era uma garantia para os leitores da época que se deliciariam com a sempre atrativa luta de mocinho contra mocinho. E assim foi.

A premissa coloca os Defensores e os Vingadores em lados opostos, manipulados pela dupla maligna composta por Loki e Dormmamu. O macguffin da vez é o Olho do Mal, que recebe duas atribuições para cada time; dois objetivos diferentes atrelados ao objeto. Enquanto o Mago Supremo acredita que achar as partes do objeto e uni-las irá poder trazer o Cavaleiro Negro de volta de seu estado petrificado (culpa da vilã Encantor, em história passadas), os Vingadores acreditam, após intercessão de uma mensagem de Loki, que os Defensores usará a arma para fins malignos. De antemão, as duas primeiras revistas, uma de cada super grupo, embasa mais histórias decorrente de eventos prévios, colocando o crossover para pontuar apenas nas últimas páginas das respectivas. Destas, destaque para a bela sequência do Pantera Negra no escuro enfrentando os inimigos da história. Por mais, nada de realmente importante para o arco maior.

No campo dos vilões, Loki aparenta estar em uma forma muito melhor que Dormammu. Pelo fato do vilão estar cego, a traição do mesmo é completamente compreensível, sendo um “egoísmo” muito mais palpável que a oposição de dois males de diferentes conotações, como se costuma ver em casos de vilão contra vilão. Apesar de visualmente Dormammu não ser nada imponente, estando anos-luz da figura maquiavélica e medonha que um dia seria traçada, toda a ambientação e contextualização ao redor do vilão é espetacular, sendo de encher os olhos. É uma história graficamente lúdica, com cores absurdamente vivas.

O melhor duelo deste arco.

O ápice dos embates entre os heróis está na batalha épica entre o Incrível Hulk e o Poderoso Thor. Muito da rivalidade entre ambos os personagens, abordada com bom humor no primeiro filme dos Vingadores, deve-se a esse arco e a essa sequência emblemática. O confronto é poderoso, e os traços transmitem os limites que ambos os personagens estão tendo que ultrapassar. A introdução do Gavião Arqueiro à equipe dos Defensores, em edições passadas, posicionam o herói em uma situação delicada, tendo de enfrentar seus antigos parceiros de profissão. Nada que seja explorado narrativamente, ou seja, nada que seja utilizado para desenvolver Clint Barton como personagem. A garantia dada por tal fato é apenas a existência de um pouco de background, diferente da maioria dos demais versus, na luta do arqueiro contra o Homem de Ferro.

A resolução das problemáticas, especialmente o descobrimento por parte dos heróis de que haviam sido tapeados, é apressada, mas ao menos elas não propõem serem algo maior. Como todo clássico encontro entre super heróis (no caso super equipes), e a consequente antagonização de lados, tudo poderia ter sido resolvido com uma pequena conversa. Isso ocorre, após o duelo do Capitão América com seu antigo aliado de guerra Namor, mas com o grupo todo dividido (um artifício narrativo que permite o encontro específico de membros com membros, e aventuras mais concisas), apenas quando todos já se enfrentaram é que a voz da razão os atende.

Sendo assim, a batalha final permite dar fim aos planos maquiavélicos de Dormammu e Loki, garantindo ao segundo uma interessante – e a ser explorada em aventuras futuras – recompensa punitiva pelas suas ações. As duas últimas histórias, em The Avengers #118 e The Defenders #11, ainda complementam os arcos desenvolvidos, conseguindo adicionar mais ao todo (a desenvoltura da narrativa dos universos) do que a própria guerra em si. A exemplificar, o retorno do Cavaleiro Negro e mudanças nos status quo das equipes. A Guerra Vingadores/Defensores é uma história de consumo fácil, que apenas encontra medidas significativas para o universo Marvel como um todo em seus epílogos. A justificativa para o confronto é clichê, e os artifícios narrativos explorados por Steve Englehart são os mais banais possíveis – funcionais, mas sem originalidade alguma. A história não é isenta de diversão, muito pelo contrário. Mas é difícil salvar uma história esquecível, mesmo com a existência de pontuais momentos memoráveis.

A Guerra Vingadores/Defensores (Avengers/Defenders War) — EUA, 1973
Contendo:
The Avengers #115 a #118, The Defenders #8 a #11
Roteiro: Steve Englehart
Arte: Bob Brown, Steve Buscema, John Romita
Arte-final: Frank Mclaughlin, Frank Bolle, Mike Esposito, Frank Giacoia
Capas: Bob Brown, Steve Buscema, John Romita
Letras: Artie Simek, Tom Orzechowski, Jean Izzo, John Constanza, June Braverman
Cores: Petra Goldberg, George Roussos
Editora original: Marvel Comics
Páginas: 136

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