Home FilmesCríticasCatálogos Crítica | A Ilha Misteriosa (1961)

Crítica | A Ilha Misteriosa (1961)

Uma aventura cheia de emoção e bichos gigantes.

por Leonardo Campos
867 views

O escritor Jules Verne, autor de Viagem ao Centro da Terra e Vinte Mil Léguas Submarinas, dentre outros romances alinhados com a perspectiva literária fantástica, é uma das figuras responsáveis por fornecer subsídios fantásticos para o cinema, ao longo do século XX, adotado ainda na atualidade com muito fascínio. Em suas histórias, a humanidade esteve frequentemente em contato com forças da natureza, por meio de personagens desafiados diante de descobertas científicas mirabolantes, bem como contato com animais influenciados por experimentos que dialogavam com situações inimagináveis, parte de um processo de escrita criativa que foi além de sua época e antecipou muita coisa que viria a ser descortinada posteriormente. A Ilha Misteriosa, de 1875, obra que precede um de seus maiores sucessos, A Volta ao Mundo em 80 Dias, apresentou aos leitores um capitão que cai acidentalmente em um território habitado por criaturas misteriosas e gigantescas, ressonantes nos filmes que englobam as narrativas associadas ao profícuo subgênero horror ecológico.

Segmento de longas fases na história do cinema em constante evolução, as produções deste nicho nos colocam diante de tramas com elementos do horror e da aventura em simbiose, com seres humanos em batalhas ardilosas para manutenção da sobrevivência. Aqui, sob a direção de Cy Endfield, temos a saga do Capitão Cyrus (Michael Craig), um homem que se encontra a bordo de um balão junto aos seus três soldados, todos fugitivos de um campo de prisioneiros. Eles enfrentam uma tempestade bastante perigosa e acabam indo em direção ao único ponto que garante as suas respectivas sobrevivências, isto é, uma ilha remota, território que nomeia o filme escrito por Crane Wilbur, John Prebble e Daniel Ullman, inspirados não apenas no romance homônimo de Jules Verne, mas também em alguns elementos de outras narrativas que integram as viagens extraordinárias do escritor francês. Ao explorar a região aparentemente “perdida”, eles encontram dois náufragos e animais gigantescos, aberrações perigosas da natureza.

Surpreendidos pelo tom inóspito do local, os tripulantes batalham pela sobrevivência junto aos novos integrantes do grupo, ameaçados pelas criaturas que na verdade, são assim por causa das experimentações científicas do Capitão Nemo (Herbert Lom), figura tão misteriosa quanto a ilha, responsável por estudar uma estratégia para acabar com a fome no mundo. Ele manipulou os animais deste território e acabou criando monstros que ampliam os desafios dos personagens que lutam para conseguir escapar da situação aventureira, mas bastante assustadora. Com a destruição iminente da ilha, ameaçada por uma erupção vulcânica que se aproxima, é preciso pensar numa maneira de salvar-se, mas na linha adotada pelo recente Jurassic World, tentar não devastar as espécies de vegetação e animais do lugar. Guiados por estes desafios, os personagens precisam manter a união e agir inteligentemente para conseguirem escapar e ter o que contar enquanto história na posteridade. Aos espectadores, cabe aguardar os resultados.

Lançado em 1961, a aventura de 101 minutos é um filme de sua época, isto é, importante para compreendermos a evolução das técnicas de construção de narrativas cinematográficas em consonância com as tecnologias no campo dos efeitos visuais e especiais. Com adesão ao que era possível em seu tempo, A Ilha Misteriosa conta com os efeitos de Ray Harryhausen, uma referência do período, supervisor do stop-motion adotado para a criação dos animais quase alados que colocam os personagens e nós, espectadores, como parte de uma grande aventura, fotografada por Wilkie Cooper, responsável pelos enquadramentos abertos, ideais para a inserção dos efeitos posteriores, parte do design de produção de William C. Andrews, profissional que não se preocupa com o realismo, afinal, estamos diante de uma perspectiva fantástica, acompanhada pela condução sonora de Bernard Hermann, textura com um eficiente tom aventureiro, adequado para o filme. Ademais, os elementos eficientes que compõem a história se originam do ponto de partida, o romance, em especial, a cronologia própria da ilha, material eficiente para ampliação dos conflitos desenvolvidos ao longo de toda a boa e divertida história.

A Ilha Misteriosa (Mysterious Island, USA/Reino Unido – 1961)
Direção: 
Cy Endfield
Roteiro: John Prebble, Daniel B. Ullman, Crane Wilbur, Jules Verne (baseado em seu livro “L’Île mystérieuse”)
Elenco: Michael Craig, Joan Greenwood, Michael Callan, Gary Merrill, Herbert Lom, Beth Rogan, Percy Herbert, Dan Jackson
Duração: 101 min

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais