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Crítica | A Maldição de Chucky

por Filipe Monteiro
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As esperanças em assistir novamente à uma sequência de Chucky após o fracasso de O Filho de Chucky praticamente haviam se esgotado. O longa de 2004 não só enterrou a imagem do boneco assassino e a carreira de Don Mancini, como também transformou a franquia inteira em chacota. Eis que o roteirista fez o anúncio pelo qual ninguém esperava: Chucky protagonizaria mais um filme. E meio a uma plenamente justificável descrença, A Maldição de Chucky foi lançado nos Estados Unidos no dia 24 de setembro de 2013, 25 anos após o lançamento do primeiro longa Brinquedo Assassino

Desta vez, somos levados a um novo ambiente e apresentados a personagens nunca trazidos à trama até então. Nica é uma cadeirante que vive com sua mãe, Barb, até que recebe, supostamente por engano, um boneco pelo correio. Mais tarde, no mesmo dia, encontra sua mãe morta. A causa, segundo a perícia, foi um suicídio. Em função disso, Sarah, sua irmã mais velha, vai ao encontro de Nica, junto ao marido, a filha Alice e a babá. Por não conseguir se conformar com a morte da mãe, Nica resolve investigar o passado da família. A surpresa chega quando, ao tentar localizar o real destino da encomenda que chegou em sua casa pelo correio, Nica compreende que a ligação entre o boneco e sua família é mais próxima e letal do que podia imaginar.

A Maldição de Chucky chega com o claro objetivo de ressuscitar uma franquia já morta, sepultada e enterrada fazendo referência ao estilo que consagrou o brinquedo assassino. Portanto, a comédia é finalmente deixada de lado e cede lugar ao terror. Não pense, por isso, que ao assistir ao longa, você estará diante de uma preciosidade do gênero em termos conceituais e estéticos. Caminhando justamente pelo caminho contrário, A Maldição de Chucky reproduz tantos clichês quanto qualquer outro filme de terror que você pode imaginar. Tensão na trilha sonora, iluminação sempre baixa, mulheres semi-nuas, mortes mal construídas, chaves de espanto, etc. O longa sai vitorioso justamente no que diz respeito à parte que cabe a ele neste latifúndio, digo nesta franquia. É a oportunidade que Mancini teve de matar vários coelhos com uma cajadada só. Neste filme, Mancini não só consegue amarrar a infinidade de pontas soltas deixadas pelos antecessores, tapar (ainda que bem toscamente) os rombos no roteiro, resgatar a popularidade de Chucky há muito perdida, voltar à cena sem passar vergonha.

O filme não se trata de uma superprodução, tampouco reúne um elenco talentoso. À exceção de Fiona Dourif, filha de Brad Dourif que interpretou Nica por indicação de seu pai, o elenco é deplorável. Fiona é quem, de fato, consegue segurar o filme e divide de maneira bastante consistente a tela com o boneco. Brad Dourif segue bom como sempre, desta vez dando as caras na reconstituição de flashbacks elementares no entendimento da trama como um todo. De resto, A Maldição de Chucky não traz nada que já não foi visto outra vez. A importância do longa está conectada diretamente ao público da sequência Brinquedo AssassinoOs minutos finais (que contam com uma cara participação especial) revelam uma essência de Mancini que não víamos desde 1988 e conseguem por um fim à confusão que a história se tornou desde os dois últimos filmes. A Maldição de Chucky foi, sem dúvida, a melhor sacada de Don Mancini desde Brinquedo Assassino. Quem diria que levaria 25 anos para que a história, enfim, tomasse um rumo decente?

A Maldição de Chucky (Curse of Chucky – EUA, 2013)
Direção: 
Don Mancini.
Roteiro: Don Mancini.
Elenco: Fiona Dourif, Chantal Quesnelle, Jordan Gavaris, Danielle Bisutti, Summer Howell e a voz de Brad Dourif.
Duração: 97 min.

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