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Crítica | A Noiva de Chucky

por Filipe Monteiro
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Após os grandes tropeços e atropelos ocorridos em Brinquedo Assassino 3, o roteirista e idealizador Don Mancini percebeu que era um momento necessário e propício para que a franquia descansasse. Ficamos, assim, um bom tempo sem ver o boneco assassino protagonizando mais um longa nas telonas. Somente sete anos depois, Chucky retornaria aos cinemas, dessa vez, todavia, com uma nova proposta, dentro de uma nova roupagem e, principalmente, ele não volta sozinho.

As primeiras cenas do filme são locadas em um típico espaço policial para guardar evidências de crimes. Já neste momento, é possível perceber os rumos que seriam tomados nos filmes que se seguiriam. Na sala de Evidências, é possível identificar objetos bastante conhecidos, como a luva de Freddy e a máscara de Jason, ambos famosos ícones do terror. A Noiva de Chucky passa a pontuar referências cômicas ao terror ao longo de todo o filme, mas somente em O Filho de Chucky, isso viraria uma constante.

Entre as tantas evidências, encontra-se um Chucky completamente destruído. O boneco é resgatado por uma misteriosa mulher, que, poucos minutos depois, descobriríamos se tratar de Tiffany uma antiga namorada de Charles Lee Ray. Tiffany restaura o boneco, dando-lhe uma nova e ainda mais bizarra aparência. Bastou um “Ade Due Damballa! Give-me the power I beg of you!” para que Chucky fosse novamente trazido à vida e que os principais eventos do filme começassem.

Durante o filme, percebemos que sua lógica narrativa rompe de maneira definitiva com os anteriores. Após o fracasso de Brinquedo 3 em relação aos longas anteriores, a ideia que fica é que nada mais pode dar errado. Mancini nos deixa clara sua ausência total de receio e sua predisposição em apostar correndo riscos. Os fãs que assistiram À Noiva de Chucky esperando um resgate a Brinquedo Assassino decerto ficaram muito decepcionados. O filme resgata a franquia como um todo, faz renascer uma possibilidade de assistir ao Chucky em ação mais uma vez, só que dentro de um contexto diverso e com características ainda mais diferentes.

Se até Brinquedo Assassino 2 ainda havia algum compromisso mais sério com o terror, isso se perde em A Noiva de Chucky. O terror trash sai de cena e passa a dar lugar a uma comédia com elementos de horror. Há matança, há carnificina, mas nada disso necessariamente conserva um conceito de terror embutido. A bizarrice em A Noiva de Chucky está muito mais inscrita no terreno da comédia do que em outra coisa. Justamente por caminhar neste sentido, o filme nos apresenta a uma cena romântica entre bonecos de borracha e à intolerável cena nos minutos finais.

Apesar dos inúmeros pesares, A Noiva de Chuky não é uma perda de tempo. Seu roteiro, ainda que fundado em um lugar comum imenso, resgata o espírito satírico e corajosamente tosco presente no primeiro filme. Há ainda um ganho bastante importante: Jennifer Tilly. A atriz encaixou-se perfeitamente no papel e a dupla Chucky e Tiff não poderia ser mais harmoniosa, ou menos harmoniosa, mas harmoniosa ainda assim (você entendeu o que eu quis dizer). Junto a um Brad Dourif sempre bom, Tilly faz com que sua voz peculiar seja a marca de Tiffany, que, sem dúvida, é o ponto alto do filme.

A Noiva de Chucky (Bride of Chucky – EUA, 1998)
Direção: Ronny Yu.
Roteiro: Don Mancini.
Elenco: Jennifer Tilly, Katherine Heigl, Nick Stabile, Alexis Arquette, Gordon Michael Woolvett, John Ritter e a voz de Brad Dourif.
Duração: 89 min.

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